Por Gabriella Lodi

A  TRISTE  HISTÓRIA  POR  TRÁS   DE  GAROTA  DE  IPANEMA

Astrud Gilberto é dona da voz que deu fama internacional à versão em inglês da aclamada música "Garota de Ipanema".

"Garota de Ipanema" é um hino da bossa nova, consagrada como a segunda música mais tocada no mundo. Mas Astrud Gilberto jamais foi recompensada pelo sucesso.

O crítico de música Martin Chilton, que conta a triste história por trás de "Garota de Ipanema", acredita que Astrud, vítima de “misoginia”, foi “ingênua” em um mercado dominado por "predadores".

Astrud Gilberto tinha apenas 22 anos quando gravou Girl From Ipanema em março de 1963. Ela apareceu no disco de estreia por acaso.

Ela estava no estúdio para acompanhar o então marido, João Gilberto, que estava gravando o álbum Getz/Gilberto com o saxofonista Stan Getz e o pianista Antônio Carlos Jobim.

Astrud, que dominava o idioma inglês, se ofereceu para fazer o dueto com João Gilberto. Os produtores gostaram tanto que ela depois gravou e divulgou a música sozinha.

ATIVE O SOM

Getz afirmou que a voz de Astrud Gilberto era “inocente e recatada”, mas seria uma sensação - embora, para ele, Astrud não passasse de "uma dona de casa".

ATIVE O SOM

Astrud Gilberto não mereceu um único crédito na prensagem do disco original de Getz/Gilberto. 

Getz muitas vezes se gabava de que “ele havia tornado Astrud famosa”, mas na realidade ele fez o possível para garantir que ela nunca recebesse sua parte justa dos royalties.

Astrud Gilberto recebeu apenas o que o sindicato dos músicos americanos pagava por uma noite de trabalho: US$ 120.

No Brasil, Astrud Gilberto também não teve o reconhecimento merecido. Ela foi taxada de sortuda ao invés de talentosa, e de "traidora" pela imprensa, por alcançar fama no exterior.

Astrud ficou “muito magoada” com as críticas duras e injustificadas. Após 1965, nunca mais cantou no Brasil. Não esteve presente quando “Garota de Ipanema” tocou nos Jogos Olímpicos do Rio 2016.

Astrud Gilberto não sente falta do “medo do palco” e dos maus-tratos pelas gravadoras. Suas experiências na música a afetaram profundamente. Atualmente ela vive isolada.

Para seu filho Marcelo, Astrud Gilberto merecia ser homenageada como pioneira cultural e cantora que trouxe alegria ao mundo com uma música.

Texto e edição:  Gabriella Lodi Imagens: Getty Images, Divulgação, Pinterest , Instagram – Blog do @miguel.arcanjo e Arquivo Pessoal.