da Rede Brasil Atual
Chile quer encontrar seus desaparecidos na ditadura. E contará com a inteligência artificial
São Paulo – O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse ontem (15) que vai utilizar recursos da Inteligência Artificial (IA) nas buscas pelo paradeiro de mais de 1.100 presos políticos desaparecidos durante a ditadura liderada pelo general Augusto Pinochet (1973-1990). “A inteligência artificial não está alheia a um dos grandes desafios que temos hoje no mundo, que é o fortalecimento da democracia. Não temos de tomar a democracia como garantida, temos que cuidar dela todos os dias”, acrescentou o presidente chileno.
Boric já havia anunciado a busca pelos desaparecidos em agosto, pouco antes dos 50 anos do golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973. Na época, ele anunciou o chamado Plano Nacional de Busca da Verdade e da Justiça, elaborado com ajuda de familiares das vítimas. Era a primeira vez que o governo chileno assumia as buscas, até então feitas pelas famílias.
Das 1.469 pessoas desaparecidas, apenas 307 foram encontradas e identificadas. Ainda precisam ser localizados 1.162 presos. São 1.162 famílias em busca de resposta. A maioria dos desaparecidos eram operários e camponeses, com idade média de 29 anos. As prisões começaram logo após o dia do golpe.
Considerada uma das mais sangrentas da América Latina, a ditadura Pinochet foi responsável pela morte ou desaparecimento de ao menos 3.200 pessoas, conforme a Comissão da Verdade e Reconciliação do Chile, instalada logo depois do fim do período de repressão. O grupo estima em pelo menos outras 40 mil as vítimas de tortura nos quartéis durante os 17 anos de ditadura. Financiado pelo governo, o plano de busca visa reconstituir a trajetória das vítimas após a sua prisão e o desaparecimento. Além disso, busca garantir o acesso à informação dos familiares, bem como implementar medidas de reparação.
Segundo o governo, o principal obstáculo até aqui para encontrar os desaparecidos tem sido justamente a pouca colaboração das Forças Armadas. Para os familiares, trata-se de um “pacto de silêncio” que se mantém desde a ditadura.
No fim da década de 1990, os militares chilenos informaram que cerca de 200 presos haviam sido lançados ao mar. No entanto, alguns desses restos mortais foram encontrados em valas comuns.
A chefe do Programa de Direitos Humanos do Ministério da Justiça do Chile, Paulina Zamorano, afirmou que a IA possibilitará a análise de uma quantidade significativa de informações dispersas em diversas instituições.
Como há cerca de 47 milhões de folhas nos arquivos do Programa de Direitos Humanos, ela destacou que a leitura desses dados demandaria muitos anos. Mas a IA poderá acelerar a coleta e o cruzamento dessas informações.
Redação: Cida de Oliveira, com agências
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