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Escola de sexo para homens – uma dramaturgia invulgar

 

Escola de Sexo para Homens é um texto de dramaturgia que trata de sexo sem apelações baratas. Não vulgariza e nem teoriza as relações de gênero. O texto lança nova dramaturga. Ao escolher um texto provocativo, que transita entre o riso e a emoção, a autora traz à superfície os jogos das relações de gênero, costumeiramente carregados de atalhos e dissimulações. Ultrapassando a fronteira da “mulher vitima” versus “homem vitimador” ou da “mulher liberada” versus “homem convencional” e mergulhando na complexidade das interações, insere na pauta da dramaturgia novo enfoque para o antigo tema. O texto permite que os atores contracenem com a platéia, questionando os ‘lugares comuns” das relações de gênero, sem, contudo, teorizar a respeito.

Um projeto de montagem foi aprovado pela Lei Rouanet e a autora , Maria Silzi Mossato, disponibilizou um trecho no seu blog, “Lá vem Maria”.

 

SINOPSE:

No palco, Beatriz, Marli e Julia, três mulheres que habitam três universos aparentemente paralelos são biografadas e, ao mesmo tempo, se desvelam através de pequenos monólogos entrelaçados. Dois atores, lançando mão de adereços e de muitos personagens, marcam a heterogeneidade do universo masculino, geralmente relegado ao segundo plano. Em suas interferências, lançam aos expectadores, versões que podem desarticular as verdades quase incontestáveis, difundidas pelas personagens. Este jogo cênico, de caráter dialético e bem humorado, percorre três atos que avançam na complexidade.

No primeiro ato apenas Beatriz e Marli ocupam o palco.  A protagonista (Beatriz), usando como mote as relações pessoais e sexuais, traça o perfil da segunda personagem ao mesmo tempo em que se desnuda. Marli, atendendo às propriedades de seu rígido perfil, se revela através de suas opiniões e em cenas cotidianas, sem ater-se a outros universos.

No segundo ato a presença de Marli é suprimida ao mesmo tempo em que Julia ocupa o espaço cênico, representando um terceiro nicho feminino. A personagem, além de complementar e redirecionar o retrato imposto por Beatriz, trás em seu discurso as questões sociais que interferem na sua realização pessoal.

O ato inicia com uma interferência masculina, que depois de biografar Beatriz – a representante do universo das empreendedoras liberadas – reaparece, pontuando o outro lado das versões femininas.

As interferências masculinas crescem no terceiro ato, em forma de depoimentos. Personagens masculinos e Beatriz se alternam, construindo uma seqüência bem humorada e instigante de lances. A presença de Marli e Julia, neste ato, serve como ponto de alteridade enquanto dão pistas dos rumos de suas vidas.

A contraposição dos três universos – de Beatriz, Marli e Julia – conduzem o espetáculo, mas as incursões de personagens masculinos rompem com esta linha e funcionam como elemento de desconstrução dos estereótipos que permeiam as trajetórias das personagens.  Através deste recurso, o espetáculo insinua que “pode não ser exatamente assim” e incita o espectador a revisar conceitos.

 

Luis Nassif

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