A relatora especial das Nações Unidas sobre Questões das Minorias, Rita Izsák, que a convite do governo veio ao Brasil para identificar os principais problemas que enfrentam as minorias étnicas, religiosas e linguísticas no país, disse hoje (24) que um diálogo maior com essas populações é importante para o desenvolvimento de políticas afirmativas voltadas para esses setores da sociedade.
“Às vezes o que falta é o diálogo. Eles [os grupos minoritários] dizem que é uma pena que eu tenha que ter vindo para escutá-los porque aqui ninguém os ouve. Eles só conseguem ouvir a eles mesmo e ninguém mais presta atenção. É preciso reconstruir a confiança com a sociedade.”
A relatora da ONU disse ainda que muitas políticas e programas podem ter impacto a longo prazo, mas que é necessário medidas de curto prazo para lidar com os problemas imediatos que atingem essas comunidades. Segundo ela, isso é importante em um momento de crise econômica e política que pode trazer um real risco de retrocesso nessas áreas.
O envolvimento dessas minorias nos programas, segundo Rita, é essencial para que elas tenham o pleno conhecimento sobre como funcionam e, com isso, possam aproveitar o máximo que eles oferecem. “Muitas pessoas conhecem, por exemplo, a existência das cotas, mas não entendem como chegar lá”, disse. “Existem essas lacunas estruturais da sociedade. A situação geral é que as coisas estão avançando, mas é necessário que haja mais esforços para suprir tantas necessidades urgentes”, acrescentou.
Entre os dias 14 e 24 de setembro, a relatora esteve em Brasília, no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia, onde se reuniu com representantes dos governos, de organizações da sociedade civil e de direitos humanos, além de acadêmicos, jornalistas e outros atores políticos. Ela também visitou as favelas Santa Marta, no Rio, e Brasilândia, em São Paulo, e comunidades quilombolas. A relatora se reuniu também com grupos de afrodescendentes, ciganos, povos de terreiro e muçulmanos.
Recomendações
Em março de 2016, Rita apresentará ao governo brasileiro e ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas um relatório detalhado sobre a visita. Entre as recomendações preliminares está a criação de um observatório independente de mídia. Segundo ela, embora seja necessário que as minorias estejam representadas no sistema educacional e na sociedade, a mídia é o principal formador de opinião no Brasil, o que, segundo ela, “é um problema”.
A relatora da ONU citou casos de jovens negros mostrados na mídia como pessoas à margem da lei. “Podemos ver como os jovens negros são mostrados como criminosos em potencial”, afirmou. “Algo precisa ser feito em relação à mídia. Deve haver uma mudança na programação das TVs. É necessário que as minorias estejam presentes no horário nobre, temos uma massa de pessoas negras que não vemos na TV, e por isso elas são invisíveis para a sociedade”, acrescentou.
A reestruturação e desmilitarização da força policial, a não redução da maioridade penal, ações contra a intolerância religiosa e a aprovação do Projeto de Lei 4.471/2012 que, entre outras medidas, acaba com os autos de resistência, ou a chamada resistência seguida de morte, são outras recomendações feitas pela relatora das Nações Unidas.
*Colaborou Ana Cristina Campos
Inundadas, penitenciárias tiveram de transferir detentos para andares mais altos e não têm condições de…
Hamas aceitou uma proposta de cessar-fogo entre o Egito e o Catar para interromper a…
Em comunicado, grupo de conservadores afirma que posições do tribunal contra Israel são ‘ilegítimas e…
Após secas causadas pelo La Niña, chuvas trazidas pelo El Niño podem afetar abastecimento da…
O chefe do Executivo reiterou o desejo de fazer tudo o que estiver ao alcance…
O governo Dilma gastou R$ 3,5 mi pelo trabalho, abandonado após reforma ministerial; inundações, secas…
View Comments
Dialogar com as minorias
Dialogar com as minorias ?
Hoje no Brasil, a minoria são os brancos que deteem o poder.
Aqui no RJ, esse grupo minoritário está provomendo uma euginia na zona sul da cidade, principalmente nas praias.
Tem que dialogar com a maioria, que sofre preconceito e exclusão da maior parte do bolo social.