Projeto de erradicação do trabalho escravo se contrapõe ao SP Fashion Week, por Augusto Diniz

Foto Chico Max

Projeto de erradicação do trabalho escravo se contrapõe ao SP Fashion Week

por Augusto Diniz

Semana que vem ocorre nova edição do São Paulo Fashion Week. Para contrapor ao evento de moda, indústria conhecida por utilizar mão de obra escrava em oficinas de confecção de roupas, será realizado entre os dias 20 a 23 de outubro, das 11h às 19h, na Casa Paulista 1811 – Avenida Paulista, 1811, em São Paulo (SP) -, o projeto #NãoSomosEscravosDaModa. A entrada é gratuita.

A ação, promovida pelo Ministério Público do Trabalho, faz parte da iniciativa de erradicação do trabalho escravo no Brasil e integra a campanha Somos Livres.

O evento é interativo e terá uma instalação simulando uma fábrica têxtil, revelando as condições precárias das quais os trabalhadores são submetidos.

O espaço contará com mais três acontecimentos: a exposição “Costurando Dignidade”, do fotógrafo Chico Max, com 19 fotos retratando mulheres que já foram submetidas a situações de exploração em oficinas de costura; loja da Somos Livres com produtos confeccionados por imigrantes e refugiados, incentivando e promovendo o trabalho inclusivo na moda brasileira; e um ciclo de mesas redondas, composto por especialistas do Ministério Público do Trabalho e personalidades.

Mais informações do evento aqui.

De acordo com o fotógrafo Chico Max, que irá expor no projeto #NãoSomosEscravosDaModa, as mulheres fotografadas são, em sua maioria, bolivianas.

“Elas vêm para cá com a promessa de emprego, moradia e alimentação. Elas até têm isso, mas é tudo muito precário. Os alojamentos são no local de trabalho, ao lado das máquinas de costura”, explica. “Os empregadores cobram pela comida e pela estadia, e elas acabam recebendo menos do que devem”.

Segundo Chico Max, elas ainda são constantemente ameaçadas para não abandonarem o trabalho. Por pouco conhecerem as leis brasileiras e a língua, muitas ficam confinadas dentro das oficinas, relata ele.

Conta o fotógrafo que uma delas foi informada pelo dono da oficina que se o filho imigrante de 12 anos quisesse comer, teria que trabalhar também. Esta, de acordo com o fotógrafo, chegou a fugir do trabalho.

Alguns depoimentos gravados em vídeo dessas mulheres exploradas poderão ser acessados ao lado das imagens na exposição, por meio de seu próprio celular utilizando um QR code.

Em 2015, Chico Max já havia feito uma exposição fotográfica com imigrantes vivendo no Brasil, que circulou em vários lugares. Recentemente, ele esteve em Roraima onde passou dez dias registrando a presença de venezuelanos naquele Estado. Saiba mais do trabalho do fotógrafo Chico Max aqui.

Fotos Chico Max

Redação

Redação

Recent Posts

Eduardo Leite cobra soluções do governo federal, mas destruiu o código ambiental em 2019

Governador reduziu verbas para Defesa Civil e resposta a desastres naturais, além de acabar com…

5 horas ago

GPA adere ao Acordo Paulista e deve conseguir desconto de 80% dos débitos de ICMS

Empresa soma dívida de R$ 3,6 bilhões de impostos atrasados, mas deve desembolsar R$ 794…

6 horas ago

Lula garante verba para reconstrução de estradas no Rio Grande do Sul

Há risco de colapso em diversas áreas, devido à interdição do Aeroporto Salgado Filho, dos…

7 horas ago

Privatizar a Sabesp é como vender um carro e continuar pagando o combustível do novo dono

Enquanto na Sabesp a tarifa social, sem a alta de 6,4% prevista, é de R$…

7 horas ago

Al Jazeera condena decisão do governo israelense de fechar canal

O gabinete israelense vota por unanimidade pelo encerramento das operações da rede em Israel com…

9 horas ago

Chuvas afetam 781 mil pessoas no RS; mortes sobem para 75

Segundo o Ministério da Defesa, foram realizados 9.749 resgates nos últimos dias, dos quais 402…

10 horas ago