CPI da Covid

“Médico não pode fazer o paciente de cobaia”, diz Contarato à Nise

Jornal GGN – Um médico não pode usar um paciente de cobaia para um tratamento que ele quer, disse o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) na CPI da Covid-19 realizada no Senado Federal nesta terça-feira (01/06).

Durante a oitiva da médica Nise Yamaguchi, Contarato a lembrou que existe uma diferença “gritante” entre a ciência e a medicina. “O médico pode ser um cientista, mas nem todo médico é um cientista. Ciência se faz em um laboratório, com pesquisa, com publicações em revistas que são credenciadas como tal – e em toda a fala da senhora, com todo respeito, vem se fundamentando não em cima da ciência. Um médico jamais pode usar um paciente como cobaia para um tratamento que ele quer”.

Questionada se ela tem ciência de que nove das dez cidades brasileiras que fizeram uso do kit covid apresentaram uma taxa de mortalidade acima da média estadual, a médica desconversou.  “Eu não sei de quais kits covid, pois existem vários que são chamados de kits covids (…) Eu não tenho condições de avaliar para o senhor nem que kit covid que é, nem que tipo de cidade, pois é um conjunto de coisas dentro da cidade que determinam como que ela vai evoluir”.

Nise chegou a comparar o uso de dipirona e paracetamol com a cloroquina no tratamento contra a covid, o que levou a uma intervenção de Contarato questionando tal afirmação. “Essa medicação (cloroquina) não tem autorização da Anvisa e nem da Conitec para tratamento de covid (…) Pode ser para protozoário, mas não para vírus”.

Imunidade de rebanho

Durante a CPI, Nise afirmou que a imunidade de rebanho poderia acontecer ‘sem muitos traumas’, o que levantou um novo questionamento da parte do senador capixaba. “Quantas mortes configuram um trauma na opinião da senhora? Nós temos 462.966, e a senhora falou que a imunidade de rebanho poderia acontecer sem muitos traumas. Quantas mortes?”

Segundo Nise, essa imunidade de rebanho poderia acontecer com vacinas e com tratamento precoce. “A ideia de imunidade de rebanho não é com mortes, pelo contrário (…) A imunidade de rebanho não é adquirido, é um fato (…)”, disse, enquanto se esquivava de perguntas relacionadas ao posicionamento do presidente Jair Bolsonaro na pandemia.

“Eu só queria saber da senhora o quanto que vale uma vida humana”, disse Contarato. “Nós temos aqui: 462.966. E, se falar que esse governo agiu de forma contundente para assegurar o principal bem jurídico, que é a vida humana, o respeito à integridade física e à saúde nos termos do Artigo 6º e 196, é escarnecer da população brasileira”, afirmou o senador.

“Foi violado o principal bem jurídico, e volto a afirmar nessa CPI: a digital do presidente da República e do alto escalão desse presidente está nessas mortes”.

Redação

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