Empresários do setor elétrico estão pessimistas, diz KPMG

Do Jornal da Energia
Pesquisa realizada pela consultoria KPMG com 31 organizações revelou que, no curto prazo, os empresários do setor elétrico não estão muito otimistas com o mercado brasileiro. Realizada em novembro de 2013, a pesquisa contou com a participação de geradores, transmissores, distribuidores, comercializadores, fundos de investimentos, tanto do setor privado quanto público.
A diretora de Desenvolvimento de Negócios em Power e Utilities da KPMG, Franceli Jodas, explica que a perspectiva negativa do empresariado tem uma justificativa plausível: a maior parte dos entrevistados foi impactada pela Medida Provisória 579/12. Portanto, nos próximos dois anos essas companhias estarão num processo de reestruturação de custos e otimização operacional.
“A pesquisa tinha um foco de entender como estava o humor do mercado para investimentos após a MP 579. E nos deparamos com um cenário de otimização e reestruturação de negócios”, informa Jodas.
O especialista em estratégia operacional, Devid Farkas, diretor de Transação e Reestruturação de Negócio da KPMG, esclarece que o setor elétrico enfrenta uma conjuntura desafiadora nos próximos dois anos. Eleição presidencial, eventos esportivos, entre outros, vão causar um impacto sobre a atividade econômica. Soma-se a isso as pressões do mercado spot, que por causa da falta de chuvas, está com preço substancialmente elevado.
“O setor está focado nas coisas em que ele pode controlar: como custos operacionais e decisões de investimento”, detalha Farkas. “Definitivamente, a conclusão que temos é que as companhias elétricas precisam aproveitar essas pressões externas, revisar seus negócios, a fim de entender como podem ser mais eficientes, como podem chegar num nível de excelência operacional mais alta”, completa.
O negativismo do setor está atrelado a três fatores: taxa de retorno pouco atrativas; constantes intervenções governamentais; e burocracia na obtenção de licenças ambientais.
Investimentos continuam
Por outro lado, a otimismo dos entrevistados melhora quando a pesquisa considera o cenário no médio e, principalmente, no longo prazo. “No longo prazo: 53% tinham uma perspectiva positiva, 13% muito positiva, 33% não achavam que ia ter grandes mudanças”, detalha Franceli Jodas, da KPMG.
De acordo com Jodas, essa perspectiva mais positiva está muito veiculada a uma crença no regulador, que no longo prazo deve trabalhar em cima de regras mais claras. “Houve uma avaliação muito positiva da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)”, afirma. Além disso, o desempenho econômico do País, maior flexibilização regulatória e o crescimento das energias renováveis foram citados como fatores que influenciaria de forma positiva a continuidade os investimentos no Brasil.
Outro dado importante é que a pesquisa não apontou para fuga de investimento. O empresariado ainda aposta no Brasil, acreditando que haverá taxas de retornos mais atrativas no longo prazo. “Eles acreditam que o modelo de interferência estatal nos preços chegará à exaustão. E eles acham que novas fontes de recursos adicionais devem surgir também”, conclui Jodas.
Redação

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