Categories: Economia

A gestão, segundo Nakano

Acabei de assistir a um trecho da entrevista de Yoshiaki Nakano ao “Conta Corrente”, na Globo News. Confirma o que escrevi sobre ele há alguns anos: é o mais completo gestor de política econômica com o qual qualquer governo pode contar.

Junta um pensamento racional e não dogmático na economia, com a experiência de quem utilizou as modernas ferramentas de gestão para o grande ajuste fiscal do governo Covas. Além disso, a convivência com o ex-Ministro da Administração Luiz Carlos Bresser Pereira deu-lhe amplo conhecimento sobre experiências de gestão pública e modelos políticos.

Sua proposta de ajuste fiscal é clara e objetiva como a de todo grande gestor:

1. Não adianta olhar os gastos públicos apenas do lado dos grandes agregados (as grandes contas). Tem que se entrar na gestão, olhar as características de cada despesa, para conseguir o máximo de eficácia.

2. Apenas o controle de contratos de terceirização, implantado na gestão Mário Covas, permitiu reduzir seus custos em até 2/3.

3. Mais fácil ainda é a redução dos custos de obras. Na gestão Covas, o Secretário Hugo Marques Rosa substituiu os projetos genéricos nas licitações por projetos detalhados, que davam pouca margem a manipulações. Só com esse procedimento conseguiu reduzir o custo das obras para um terço do valor inicial orçado. O melhor exemplo é o da calha do Tietê. Para a primeira etapa estava previsto um gasto de US$ 850 milhões. Rosa conseguiu reduzir para US$ 350 milhões. Com o que sobrou terminou a segunda fase.

4. Para o plano federal, a receita de Nakano é transformar parte da estrutura do governo em agências trabalhando com contratos de gestão. Seriam fixadas metas de desempenho, acompanhadas por auditoria externa – não pelo Tribunal de Contas, para evitar qualquer viés político. Os dados seriam públicos e acompanhados pelos cidadãos.

Atenção futuros governadores de Minas, São Paulo, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso e RIo Grande do Sul -aqueles que podem responder mais depressa aos desafios da gestão pública. O Estado brasileiro exige uma mudança consistente de paradigmas. E o país está à espera do grande reformador. Vicente Fox tornou-se presidente do México depois de promover uma reestruturação radical na forma de gestão de sua província.

Luis Nassif

Luis Nassif

Recent Posts

Brasil registra 4,2 milhões de casos prováveis de dengue

O número de óbitos confirmados pela doença chegou a 2.149, segundo o Ministério da Saúde

49 minutos ago

Privatização da Sabesp pela Câmara e Ricardo Nunes: entenda o que significa

A partir de agora, a estatal de água do Estado de São Paulo estará regularmente…

52 minutos ago

A construção de um etnojornalismo indígena como ferramenta de luta, por Cairê Antunes

O jornalismo nacional ainda é elitista, e da forma como é feito pela grande imprensa,…

2 horas ago

Nova Economia analisa a crise do agronegócio, que soma perdas de até R$ 80 bilhões

Apesar de um boom agrícola nos últimos cinco anos, a última safra brasileira teve redução…

2 horas ago

Do homicídio ao omnicídio, por Mario Bunge

Ainda que toda morte violenta seja condenável, é óbvio que o assassinato de N pessoas…

3 horas ago

Investimento estrangeiro: prós e contras, por Paulo Nogueira Batista Jr.

Tento esclarecer, mostrando onde estão as lacunas e falácias nos argumentos, que são apenas parcialmente…

3 horas ago