Do Terra Magazine
Eliano Jorge
(foto: AFP)
Nem tudo são números positivos na emergente sexta maior economia do planeta. Muito menos, pura ascensão. O Banco Central refez seus cálculos e previu, nesta sexta-feira (23), que neste ano as contas externas do Brasil terão um rombo ainda maior do que supunha e alcançarão o recorde negativo desde 1980: 68 bilhões de dólares.
– Ele vem se ampliando, e é insustentável porque você não pode, indefinidamente, aumentar o seu deficit – avalia para Terra Magazine o economista Antonio Corrêa de Lacerda. – Temos que reverter esse processo, sob pena de ter uma crise externa mais à frente.
Professor-doutor do departamento de Economia e do Programa de Estudos Pós-graduados em Economia Política da PUC-SP, ele recomenda três medidas: reduzir o índice de juros, alterar o câmbio monetário e investir numa política de competitividade.
Confira abaixo seus comentários:
Crescente saldo negativo
“Esta trajetória é insustentável, embora no curto prazo esses números não preocupem porque o Brasil está recebendo um volume muito maior de capital externo e então não tem nenhum problema de financiamento à vista, pois, em geral, o próprio investimento direto estrangeiro já cobre este deficit sem considerar as outras modalidades.
Há cinco anos ou um pouco mais que isso, o Brasil tinha equilíbrio nas transações correntes. E este deficit vem se ampliando. É insustentável porque você não pode, indefinidamente, aumentar o seu deficit.
Isso tem muito a ver com câmbio e as condições de competitividade. As nossas exportações de manufaturados vêm aumentando muito pouco porque não somos competitivos. E as importações estão crescendo num ritmo muito maior. Também influem a conta de serviços, o pagamento de juros e a remessa de lucros. Então, temos que reverter esse processo, sob pena de ter uma crise externa mais à frente”.
Providências
“Primeiro, baixar os juros a padrão internacional. Segundo, consertar o câmbio. Terceiro, melhorar a competitividade sistêmica da economia. Isso inclui tudo aquilo que joga contra exportação e importação: impostos, burocracia, infraestruturas, logística, custo de capital”.
Abaixo da concorrência
“(É necessária uma) política de competitividade, ou seja, política industrial, comercial e de inovação, para criar novas competências e o Brasil não ser só exportador de minérios e grãos porque isto não resolve o problema. Não é como no mercado financeiro, em que você toma uma medida e já tem um impacto imediato. Isso leva um tempo porque você precisa criar as condições e cooptar o setor privado para fazer investimentos, que é o que o governo está tentando fazer – ontem (quinta-feira, 22), a reunião com os empresários… Isso não basta, é preciso tomar as medidas para melhorar a competitividade”.
Baixar os juros
“Você precisa criar as condições para isso: desindexar a economia e a poupança, ter uma política fiscal que suporte a queda dos juros. O Brasil vem tendo progressos nisso. Se a gente olhar a taxa de juros real, ela está em queda há cinco ou seis anos. Então, precisa acelerar esse processo. Caso contrário, não seremos competitivos”.
Inundadas, penitenciárias tiveram de transferir detentos para andares mais altos e não têm condições de…
Hamas aceitou uma proposta de cessar-fogo entre o Egito e o Catar para interromper a…
Em comunicado, grupo de conservadores afirma que posições do tribunal contra Israel são ‘ilegítimas e…
Após secas causadas pelo La Niña, chuvas trazidas pelo El Niño podem afetar abastecimento da…
O chefe do Executivo reiterou o desejo de fazer tudo o que estiver ao alcance…
O governo Dilma gastou R$ 3,5 mi pelo trabalho, abandonado após reforma ministerial; inundações, secas…