Interessante post do Krugman sobre Ortodoxia e Heterodoxia, comparando as situações de Irlanda e Islândia. Não precisa nem falar que, vindo do Krugman, a heterodoxia sempre vence no final. E é a realidade.
24 de novembro de 2010 | 17h33
Paul Krugman
No início de 2009, declarações como a seguinte eram consideradas peças de humor negro e autoironia:
Qual é a diferença entre Islândia e Irlanda?
Resposta: Duas letras, um acento e cerca de seis meses.
Quase dois anos depois, a ironia se voltou contra os piadistas de outrora: apesar da irresponsabilidade épica demonstrada por seus banqueiros, numa escala que faz os banqueiros irlandeses parecerem Jimmy Stewart, no momento atual a situação na Islândia é na verdade um pouco melhor do que na Irlanda.
Já faz algum tempo que escrevi sobre a surpreendente resiliência da Islândia. Desde então, a Irlanda apresentou um pequeno crescimento, enquanto a Islândia sofreu um modesto retrocesso no primeiro semestre de 2010 (em parte graças ao episódio do vulcão). Recorrendo aos dados da Eurostat, temos agora o seguinte:
Um desempenho um pouco pior (ainda dentro da margem de erro estatística) no PIB da Islândia, mas um desempenho muito menos desanimador na questão do emprego. E nem me perguntem sobre os revoltantes casos de Letônia e Estônia.
O mais recente relatório do FMI a respeito da Islândia é bem mais elogioso:
Sob o programa de recuperação, a recessão da Islândia tem sido menos profunda do que o esperado, e não foi pior do que em países atingidos de modo mais brando. Ao mesmo tempo, a coroa se estabilizou num patamar competitivo, a inflação recuou de 18% para 5%, e o spread de risco de CDS recuou de 1.000 para cerca de 300 pontos-base. Os déficits em conta corrente foram reduzidos, e as reservas de moeda estrangeira puderam se acumular, enquanto concordatas no setor privado levaram a um declínio de mercado na dívida externa, que recuou para aproximadamente 300% do PIB.
Ah, e enquanto o FMI exige agora que a Irlanda corte os salários mínimos e reduza os benefícios aos desempregados, sua delegação na Islândia elogiou o “foco na preservação do valioso modelo nórdico de bem-estar social neste país”.
O que está havendo aqui? Em resumo, a Irlanda agiu com ortodoxia e responsabilidade – garantindo o pagamento de todas as suas dívidas, adotando uma austeridade selvagem para tentar arcar com o custo destas garantias e, é claro, permanecendo na zona do euro. A Islândia foi heterodoxa: controle de capitais, ampla desvalorização e muitos casos de dívidas reestruturadas – repare na fantástica frase do FMI no trecho acima, mencionando que “concordatas no setor privado levaram a um declínio de mercado na dívida externa”. Recuperação por meio da falência! Parece brincadeira.
E adivinhe só: a heterodoxia está funcionando muito melhor do que a ortodoxia.
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