O BES é um problema, mas não é o único

Jornal GGN – Com a crise financeira de 2008, um grupo econômico que detinha o controle de um banco passou a usá-lo (o seu balanço e os dos seus clientes) para se financiar e evitar decretar falência. Não há uma única referência a este fato nas doze avaliações do programa de ajustamento que Portugal completou (com enorme sucesso) em maio passado.

Aparentemente, não se tratava de um problema da economia e do setor financeiro que carecesse qualquer tipo de “ajustamento”. 

No discurso do governo português, o problema da banca resumia-se à exposição à dívida pública e a um volume de crédito excessivo ao setor não transacionável – em particular ao imobiliário. Bastava reforçar o capital e reduzir a alavancagem para garantir a solidez do setor. Assegurado esse feito, foi decretado o sucesso. O setor estava sólido, reformado e pronto a contribuir para a retoma da economia.

Os objetivos do segundo pilar do programa de ajustamento tinham sido plenamente atingidos, disse o colunista João Galamba, da coluna Tempo Comprado, do jornal local Expresso.
Segundo ele, ainda não é possível saber a verdadeira exposição do banco e da economia portuguesa ao Grupo Espírito Santo, que está falido. Ainda não se sabe também a verdadeira dimensão dos impactos deste caso no país. No entanto, ele afirma ter a certeza de que está encontrado um alibi para os arautos das políticas de austeridade e das chamadas reformas estruturais justificarem o (novo) adiamento da retomada da economia portuguesa.
É preciso dizer que, ele acrescenta à coluna, mesmo sem o caso Espírito Santo, o setor financeiro português não estava mais sólido, nem sustentável. Estava mais capitalizado e menos alavancado do que no início da crise, mas não tinha um modelo de negócio financeira e economicamente sustentável. A sua solidez era apenas aparente.
Um setor privado altamente endividado numa economia que, na melhor das hipóteses, parece condenada à estagnação não traz grandes esperanças de futuro à banca portuguesa. O BCE, no máximo, permite ganhar tempo, permitindo ganhos financeiros (via o chamado carry trade) que atenuem as perdas, afirma Galamba.
A nova administração do BES pode fazer maravilhas, complementa o colunista, mas não resolve o problema fundamental do banco, que é o de fazer parte de uma economia que, com as atuais políticas, não parece ter grande futuro.
Redação

Redação

View Comments

  • o curioso é que tem banco 

    o curioso é que tem banco  aqui financiando o atraso em defesa de um projeto semelhante ao que está ocorrenbdo naeuropa....como qualquer institruição irá bem se a economia desemprega ?

    só se estiver correta a afirmação de que os estados europeus estão sendo engolidos pelo sistema financeiro?(financeriação do mundo?

Recent Posts

Moody’s muda perspectiva da nota de crédito soberano do Brasil

Agência coloca prognóstico em patamar positivo; caso mudança de nota de crédito se confirme, país…

5 horas ago

“Cuidar da floresta é mais rentável que derrubar árvores”, afirma Lula

Presidente fala sobre temas que interessam ao Brasil e ao Japão às vésperas da visita…

6 horas ago

Presidente Lula sanciona mudanças na tabela do Imposto de Renda

Isenção tributária chega a quem recebe até dois salários mínimos no mês; em SP, presidente…

6 horas ago

Estratégia federal vai aumentar uso da bactéria wolbachia contra a dengue

Soltura de mosquitos infectados está programada para ocorrer em julho; objetivo é reduzir casos a…

7 horas ago

Sindicatos seguem em luta contra privatização da Sabesp

Vereadores discutem mudar legislação para que capital paulista seja inclusa no plano de venda da…

8 horas ago

Em defesa prévia, Moro diz que CNJ está gastando “dinheiro público inutilmente” para investigar seus abusos

Trabalho da Corregedoria do CNJ pode abrir caminho para ação na esfera penal contra o…

8 horas ago