PT deve focar no Rio de Janeiro e em estados do Nordeste, além de se aproximar rivais políticos históricos e desconstruir discurso do oponente
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Jornal GGN – Fernando Haddad precisa tirar oito pontos percentuais do rival, Jair Bolsonaro, para conquistar as eleições e, segundo a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, o candidato está empenhado em conseguir reverter o quadro. Para isso, avalia que precisa ser “certeiro na propaganda eleitoral”, tendo em vista que o tempo é curto.
Haddad tentará desmontar o discurso mais ameno que o militar está usando. “Quem pregou violência por 20 anos vem dizer agora que não prega. É fácil?”, disse o petista. A estratégia do seu partido inclui focar nos eleitores que não foram às urnas. O TSE registrou abstenção de 20,33% no primeiro turno.
Os petistas também vão reforçar campanha nos estados do Nordeste e no Rio de Janeiro, estado onde o oponente venceu em todos os municípios. Além do corpo-a-corpo nas ruas, o PT irá aumentar os acenos a Ciro Gomes. Seu partido, o PDT, definiu que irá apoiar a campanha de Haddad, inclusive alguns dirigentes querem punir publicamente o candidato Amazonino Mendes, que espalhou cartazes por toda Manaus ao lado de Bolsonaro, na disputa ao governo do Amazonas.
Celso Amorim, ex-chanceler, também deu propostas para auxiliar a campanha de Haddad, defendendo que o PT se aproxime de adversários antigos incluindo José Gregori, ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso. Arlon Viana, chefe de gabinete da Presidência em São Paulo e um dos principais auxiliares do presidente Michel Temer, publicou nas redes sociais que apoio Haddad. “O meu voto é pela democracia e contra o fascismo”, escreveu.
Haddad tem a seu favor a propagação das declarações do presidenciável sobre privatizações e reforma da previdência, que podem afastar parte do seu eleitorado. Ao mesmo tempo, aumenta o número de analistas de mercado preocupados com o nível de desinformação que o candidato revela sobre economia.
Onde Haddad apresenta larga vantagem em relação à Bolsonaro, que são os debates, as chances que o PT tem de conseguir um enfrentamento são bastante reduzidas. Mas o Sebrae abriu uma possibilidade convidando os dois candidatos para o evento “Diálogo com os Presidenciáveis”, dia 16, com perguntas de micro e pequenos empresários e mediação de Guilherme Afif. Haddad já confirmou presença.
Vale destacar que a primeira pesquisa de intenção de voto publicada antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2014, Aécio apresentava vantagem (51%) sobre Dilma (49), mas a distância não era tão consistente como a registrada na primeira pesquisa para segundo turno deste ano entre Bolsonaro (58%) e Fernando Haddad (42%).
Estratégia do outro lado
Bolsonaro tem larga vantagem entre os eleitores que ganham de cinco a dez salários mínimos: 62% a 28%, segundo Datafolha. E, para aumentar sua vantagem eleitoral, a comunicação do candidato iniciou a distribuição de mensagens voltadas para o eleitorado dos estados com maior concentração das classes C e D com o mote “O Nordeste é Brasil”.
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Tem gente que votou no
Tem gente que votou no Bolsonaro pq é exatamente como o Bolsonaro. Para esses nao tem jeito de mudar.
Tem gente que vota no Bolsonaro ou vota nulo porque é antipetista. Para esses existe uma chance de mudanca, mas depois de 20 anos de propaganda anti petista, mudar em 20 dias é impossivel.
O negocio é se preparar para se tornar oposicao. Essa batalha foi perdida.
A ESQUERDA PODE E DEVE VENCER
Sim, a vitória de Haddad é possível. Os dados que embasam esta constatação derivam dos fatos de que, em pesquisa recente, a diferença relevante, que é aquela medida em relação ao total de votos, foi estimada em 13% (49-36), ao tempo em que a soma dos votos bancos e nulos com as abstenções passou de 28% no primeiro turno. Assim, a vitória da frente de esquerda pode ser garantida com a conquista de metade do amplo contingente de eleitores que não optou por nenhum candidato a presidente no primeiro turno (14%) – e que precisa ser conscientizado da necessidade urgente de contribuírem para a defesa de democracia e da paz social, através do comparecimento no segundo turno, de modo a impedir a vitória do fascismo. As peças da campanha têm evoluído bastante, e deverão surgir novos materiais em breve.