Lula diz que tem carinho por Marina, mas que política não é questão de amor

Jornal GGN – O ex-presidente Lula voltou a destacar os motivos que o levaram a escolher Dilma Rousseff (PT) como sucessora em 2010, ao invés de alavancar sua ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PSB), principal adversária de Dilma este ano. Segundo ele, Dilma tem o perfil necessário ao posto máximo no Palácio do Planalto, o que lhe confere o apoio à reeleição. “Eu nunca confundi minhas relações pessoais com relações políticas”, disse Lula. Ele destacou que tem carinho por Marina, mas que política é questão de “jogo duro”, não de “amor”.

Conversando com alguns jornalistas (ouça aqui) na noite de quarta-feira (24), em Santo André (SP), Lula frisou que sua relação com Marina atravessa, com respeito mútuo, pelos menos três décadas de militância conjunta no PT. “Nunca fiz críticas à Marina. Tenho um legado a defender. Dilma tem muitas realizações. Para que vou criticar Marina? A única coisa que a gente tem que fazer é mostrar o que a gente fez e mostrar o que temos para o futuro”, frisou.

No início do mês, entretanto, Lula foi mais duro com Marina, ao sugerir que a candidata pode ter ficado chateada por ter sido preterida por ele na última disputa presidencial. De acordo com o ex-presidente, a questão é que Dilma reúne mais qualidades que Marina para conduzir o país. Ele reforçou a imagem de “gestora durona” colada à Dilma.

“Eu não sei se vocês têm uma boa relação com a mãe de vocês”, disse aos jornalistas, “mas certamente ela é dura porque quer cuidar de vocês com carinho. Dilma sabe que não pode errar. Não é questão pessoal, de gostar mais de uma do que de outra”, explicou.

“Eu disse, em um comício, brincando, que não é questão de amor. Se fosse questão de amor, seria Marisa [esposa dele] minha candidata. Seria  simples resolver o problema. Mas o jogo político é duro. A política internacional é complicada. Os países ricos são fantasticamente amigos nossos desde que consigam entuchar os produtos deles no Brasil. Livre comércio é só quando eles exportam mais do que importam. Sabe? Tem que ter alguém preparado. Quem sabe, na próxima eleição, tenha alguém que eu vá defender. Mas em 2010 e nesta eleição, é Dilma”, completou o presidente de honra do PT.

Choro de Marina

Nesta quinta (25), a Rede Globo publicou a entrevista de Marina ao programa Bom Dia Brasil. A presidenciável foi questionada sobre a imagem de fragilidade que passou em reportagem da Folha de S. Paulo, segundo a qual ela teria chorado ao falar de Lula.

“Foi estranho, porque [o choro]  foi fora da entrevista, estava diante de uma jovem filha de um ex-companheiro do PT [a repórter Marina Dias] e com a mesma idade das minhas filhas. Estava falando que havia um pesar sobre os nossos álbuns, que antes havia orgulho porque tinha várias fotos com o PT e agora a gente não tem mais esse orgulho”, justificou.

Na época, Lula reagiu à situação dizendo que Marina não deveria chorar por ele, mas sim parar de se vitimizar diante do embate político com Dilma.

Leia mais: Lula à Marina: “Um verdadeiro líder não muda de opinião ou de partido toda hora”

Eleição em São Paulo

O ex-presidente falou à imprensa após cumprir agenda com o candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, na região do ABC Paulista. O ex-ministro da Saúde tem tido um desempenho fraco nas pesquisas de intenção de voto. Ele ocupa o terceiro lugar na última sondagem, com 9 pontos, muito longe do atual chefe do Executivo, Geraldo Alckmin (PSDB), que reúne condições de vencer no primeiro turno.

Para Lula, é difícil explicar o que acontece na disputa estadual. “Padilha é o quadro mais refinado que temos. Não sei o que está acontecendo com o povo. Isso demora para ser entendido. Até hoje tem gente tentando entender o que aconteceu em junho do ano passado. (…) Temos 12 dias de campanha. Tem momento de ajustes, as pessoas vão pensar, refletir. Acho que Padilha vai surpreender e ir para o segundo turno dessa eleição”, avaliou.

 

Nota da redação: a matéria foi alterada às 12h para corrigir erro de informação provocado por confusão acerca do áudio da entrevista do ex-presidente Lula.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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