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Os movimentos do Banco Central e o seu bolso

Jornal GGN No último Entenda desmitificamos conceitualmente a inflação e suas variações. Falamos que a inflação oficial é medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e um dos remédios para controlá-la (já que não é bom zerá-la) é através da manipulação da taxa de juros, Selic.

A Selic é a taxa básica de juros da economia e sua meta é definida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central em uma reunião que ocorre a cada 45 dias.

É uma decisão sempre esperada pelo mercado que fazem apostas e projeções, bem como a Ata da reunião divulgada na semana seguinte com as justificadas sobre aquela decisão.

Mas como este evento tão distante da realidade de muitos cidadãos pode se mostrar tão próximo no dia a dia do consumidor? Qual o efeito prático? Quais elementos desta decisão que estão próximos, a você, consumidor, que contribui para esta tomada de decisão pelas autoridades monetárias?

A taxa Selic é o principal instrumento de política monetária para combater a inflação e dá o tom às outras taxas praticadas no mercado. Ela serve com um freio ou um acelerador da economia.  Quando o Banco Central aumenta a taxa ele espera uma queda na atividade economia e com isso uma diminuição nas pressões sobre a inflação.

Como? Um aumento na taxa faz com que os investidores optem por investirem no mercado financeiro com retornos mais atrativos em detrimento do investimento na produção. Logo, há um número menor de postos de trabalho, uma queda nos salários, um aumento dos juros do crédito e, consequentemente, redução do consumo.

Ao tomar medidas, mesmo que duras, através do aumento da taxa de juros, o governo passa aos indivíduos comprometimento com a estabilidade econômica, e os indivíduos sentem confiança e credibilidade nesta ação. Pontualmente, a medida afeta as compras a prazo, as operações de empréstimo, as aplicações financeiras e os investimento.

Compras a prazo

Quando o consumidor faz uma compra a prazo numa loja, este financiamento é pago por um banco ou financeira. Com o aumento da taxa Selic o custo de captação para este banco e financeira aumenta, e isso é repassado para o preço do produto ou para  o aumento da taxa de juros de compra a prazo, quando houver.

Operações de empréstimo

Nas operações de empréstimo há aumento da taxa final, no mesmo sentido que o custo de captação aumenta. Mas há um outro fator que é a preferência de empréstimo ao governo através de compra de títulos que tem baixo risco, em comparação ao consumidor.

Já se há uma redução na taxa básica o efeito para os tomadores de empréstimo é lento. Há uma queda nas taxas de captação pelos bancos e eles e eles deveriam cobrar menos pelos empréstimos.

Aplicações financeiras

Para quem investe em fundos DI com aplicação em papeis pós-fixados a rentabilidade é pela Selic, logo um aumento na taxa aumenta a rentabilidade e um corte,a diminui.

Investimentos

Como já foi citado o investidor vai comparar a taxa de retorno entre um investimento na produção (equipamentos, máquinas, novos negócios) e a taxa Selic, se a taxa de retorno investindo na produção for maior ele opta por ela, senão ele aplica em títulos públicos com rendimento maior.

Últimos resultados

O Banco Central iniciou o aumento da taxa Selic em abril do ano passado e ela passou de 7,25 para 11%. Na última reunião do Comitê optaram pela manutenção em 11%.

 

 

O que motivou este aumento de 3,75 pontos percentuais nos últimos 13 meses?

Essa discussão do rumo da taxa é tomada após uma análise da conjuntura interna e externa e as tendências do cenário econômico explicados detalhadamente na Ata da reunião. Vale ressaltar que a inflação registrada está em 6,37% nos últimos 12 meses, próximo ao teto da meta estabelecida.

Na última Ata divulgada referente à reunião que manteve a Selic em 11%, podemos  pinçar alguns pontos interessantes em relação à decisão.

Primeiro ponto importante é a demonstração de que o freio na economia neste ano deve-se também às quedas nos níveis de confiança, considerados “modestos” e que ajudarão a potencializar os efeitos da política monetária (aumentos na taxa) sobre a inflação; uma vez que a transmissão sobre a economia é defasado.

Outro ponto foi o reporte de que a inflação ainda está em níveis elevados, mas as autoridades se manterão vigilantes aguardando os efeitos cumulativos afetarem os preços; efeitos que “ainda estão por se materializar”.

Quanto ao crédito a autoridade “contempla expansão moderada”, pois a alta Acumulada também afetará a taxa final.

Enfim, espera-se que os juros surtam efeito no combate à inflação, daí as taxas voltarão a cair.

Um aprendizado sobre estes mecanismos também deve fazer parte da educação financeira de qualquer consumidor, para que saibam os impactos em toda a cadeia e no seu bolso.

 

Redação

Redação

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