Estudo desafia percepção de que crianças imigrantes são obstáculo à economia

Jornal GGN – Ao contrário do senso comum, o número de crianças em uma família de imigrantes não é a principal razão por que mais delas vivem na pobreza, revelou um estudo. Outras variáveis, incluindo condições de trabalho, educação dos pais e estrutura familiar também parecem ter um grande impacto nos níveis de pobreza infantl, revela Myungkook Joo, professor assistente da Escola de Trabalho Social Rutgers, que chefiou a pesquisa.
O estudo desafia a visão de que, em função dos números absolutos, as crianças de famílias de imigrantes sejam um forte obstaculo à economia norte-americana, uma das maiores reclamações da opinião pública e da imprensa do país. Segundo estimativas, as criancas dessas familias deverão representar um terço dos mais de 100 milhoes de criancas nos EUA (Estados Unidos) em 2050.
O pesquisador diz que apesar de alguns estudiosos terem dito que a razão pelo alto índice de crianças pobres se deve ao grande número de famílias de imigrantes com baixa qualificação. Segundo ele, as descobertas mostram que a cobertura pela mídia e a discussão pública sobre os efeitos da imigração sobre a pobreza infantil não correspondem às evidências empiricas, e geralmente são superestimadas. 

Poíticas públicas

Intitulado “O quanto a mudança na proporção de crianças de famíias de imigrantes contribui para mudar a taxa de pobreza entre as crianças?”, o estudo foi publicado recentemente na revista Social Service Review e revela também que o impacto que as famílias de imigrantes têm sobre o índice nacional de pobreza é menor e vai contra o que muitos estudiosos defendem. 

Nos EUA, a população de imigrantes quase dobrou para 38,1 milhões, de 1990 a 2007, e já constitui 13% da total. Em 2007, 59% dos pais de crianças imigrantes vieram do México e de outros países da América Latina. Durante esse período, o número de crianças imigrantes também quase dobrou para 16,4 milhoes, representando 82% do aumento da população infantil.
Não é novidade, mas o estudocomprovou o óbvio, que crianças de famílias de imigrantes têm uma chance maior de viver na pobreza do que as de famílias nativas. De acordo com o censo norte-americano, a pobreza infantil chegou a 22% em 1994 – mais de 43 % delas eram estrangeiras. Em 2003, quando o índice de pobreza infantil caiu para 17,6%, aproximadamente 54% das crianças imigrantes viviam em famílias que ganhavam duas vezes menos do que a média dos pobres do país, ante 36% de crianças de pais nativos. No entanto, crianças de famílias imigrantes contribuíram pouco para a mudança nas taxas de pobreza infantil nos anos 1990 e 200.
Joo observa que essas descobertas têm implicações para futuras politicas federais de imigração. “Como a maioria das criancas de famílias imigrantes, incuindo aquelas de famílias ilegais, são cidadãos dos EUA que nasceram e tendem a ficar aqui o resto de suas vidas, investindo em capital humano e na produção econômica, deve ser uma discussão nacional importante”
O estudo usou dados do censo populacional para investigar se as quedas bruscas entre 1993 e 200 e entre 2001 e 2010 na taxa de pobreza infantil poderia ser atribuída a mudanças na proporção de crianças em famílias de imigrantes.
Com informações do Phys.org
Redação

Redação

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  • Eh o que dizemos, nos os da

    Eh o que dizemos, nos os da esquerda, ha muito na luta em defesa das familias imigrantes na Europa, contra o senso comum, martelado sem fim pela Direita, de que o desemprego, o aumento das desigualdades e da violência, são fatores advindo da imigração. 

    Mas as pessoas, muitas encasteladas em seus odios pelo novo e diferente, não querem saber. E ouvir alguns brasileiros, imigrantes também, falaram do alto de sua ignorância mal de outros imigrantes, principalmente os mais pobres, como arabes, africanos, indianos-paquistaneses e até de bolivianos, paraguaios e peruanos. Ja fiquei com tanta vergonha de meus conterrâneos fazerem questão de desmonstrarem toda a sua ignorância e arrogância nessa questão, e sempre contra os mais humildes.

    Precisamos de mais estudos como esse, em uma época em que até o Partido Socialista francês  procura espaço no discurso da Extrema Direita. 

     

    [video:http://youtu.be/rSEUH4KRfN8 align:left] 

  • Cobrindo férias do nosso AA (em viagem de cruzeiro anos 50's...)

    O historiador inglês Tony Judt (1948 - 2010) que, entre outros livros, escreveu Pós-guerra: a história da Europa desde 1945, onde procurou integrar as duas Europas, Oriental e Ocidental, numa história comum, durante seus últimos meses de vida, escreveu o livro de ensaios e memórias Chalé da memória. Nele, no capitulo Povo fronteiriço, encontramos esta reflexão a respeito de identidades, nacionalidades, imigrantes:

    ""Identidades" é uma palavra perigosa. Não tem uso contemporâneo respeitável. Na Grâ-Bretanha, os mandarins do Novo Trabalhismo - não satisfeitos em instalar mais câmeras de vigilância em circuito fechado do que qualquer outra democracia - tentaram (até agora infrutiferamente) invocar a "guerra ao terror" para introduzir a carteira de identidade obrigatória. Na França e na Holanda "debates nacionais"  sobre identidade, estimulados artificialmente, servem de fachada precária para a exploração política do sentimento contra imigrantes - e uma armação descarada para desviar a insegurança sobre a economia para alvos como as minorias. Na Itália, as políticas de identidade foram responsáveis, em dezembro de 2009, pelas buscas de casa em casa na região de Bréscia, visando desalojar moradores negros indesejáveis, numa operação em que a prefeitura prometia, sem o menor pudor, um "Natal branco".

    [...]

    Ao contrário do falecido Edward Said, acredito que posso entender e até simpatizar com quem sabe o que significa amar um país. Não considero o sentimento incompreensível; simplesmente não o compartilho. Contudo, com o transcorrer dos anos as lealdades extremas - a um país, um Deus, um ideal, um homem - passaram a me apavorar. O verniz fino da civilização cobre o que pode ser uma fé ilusória no fato de sermos todos humanos. Mas, ilusória ou não, melhor confiar em nossa humanidade compartilhada. Certamente, esta fé - e os limites que impõe ao comportamento humano - é a primeira baixa em momentos de guerra ou agitação civil.

    Desconfio de que estamos entrando numa era de agitação. Não só por causa de terroristas, banqueiros e do clima, que abalarão nosso senso de segurança e estabilidade. A própria globalização - a terra "plana" de tantas fantasias conciliatórias - será fonte de medo e incerteza para bilhões de pessoas que buscarão em seus líderes proteção. "Identidades" ficarão mais radicais, conforme os indigentes e os desarraigados baterem nos portões cada vez mais altos dos condomínios fechados, de Déli a Dallas.

    Ser "holandês", "italiano", "americano" ou "europeu" não será apenas uma identidade; servirá como rejeição e reprovação dos que foram excluídos. O Estado, longe de desaparecer, fará a sua parte: os privilégios da cidadania, a proteção dos direitos dos residentes legais, se tornarão trunfos políticos. Demagogos intolerantes em democracias consolidadas exigirão "testes" - de conhecimentos, do idioma, das atitudes - para determinar se os recém-chegados em desespero merecem uma "identidade" britânica, holandesa ou francesa. Aliás, já estão fazendo isso. Nesse admirável novo século sentiremos falta dos tolerantes, dos marginais: o povo fronteiriço. Meu povo."

    O Chalé da Memória, de Tony Judt. Trad. Celso Nogueira. Editora Objetiva, 2012.

     

     

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