Obra-prima de Severiano Porto está abandonada
Localizado no distrito de Balbina (que faz parte do complexo da Hidrelétrica de Balbina sob administração da Eletrobrás Amazonas Energia), na cidade de Presidente Figueiredo no Amazonas, o Centro de Proteção Ambiental está abandonado, e em estado de ruína. Construído em 1984, o edifício abrigou a equipe técnica responsável por minimizar os impactos ambientais causados pela construção da barragem, e foi projetado por Severiano Mário Porto, um dos grandes arquitetos brasileiros. Formado na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, atual UFRJ, em 1954, Porto mudou-se em 1965 para Manaus, onde projetou diversos edifícios como a sede da Suframa e a Universidade do Amazonas.
O Centro de Proteção Ambiental de Balbina possui uma excepcional cobertura em madeira, cujo detalhamento demonstra o domínio que Mario Porto possui desta técnica construtiva. O volume do edifício é marcado pela presença desta cobertura voluptuosa. Sua estrutura é composta por pilares de secção circular, apoiados sobre fundações de concreto que por sua vez, sustentam um elaboradíssimo conjunto de treliças de madeira com as mais variadas soluções de apoio e distribuição de cargas. Apoiado nas treliças o telhado, cuja de solução foi tomada das construções vernaculares amazônicas. Ao invés das convencionais telhas cerâmicas, Porto projetou telhas feitas de madeira. Sob este telhado os diverso ambientes do conjunto se distribuem, e suas paredes, feitas de alvenaria convencional, não tocam no teto. Esta solução, aliada ao formato cônico da coberturas, facilita a saída do ar quente por convexão, através de lanternins no alto da estrutura.
O conjunto de Balbina é uma das grandes obras da arquitetura brasileira do final do século XX. Sua atualidade está na capacidade se oferecer espaços integrados ao lugar e seus contextos social, econômico, cultural e ambiental. A Amazônia possui características peculiares que são exploradas e qualificadas pela arquitetura de Severiano. No momento em a questão da sustentabilidade se transforma em muleta para o consumismo, e no lugar onde o meio-ambiente é simultaneamente grandioso e delicado, o Centro de Proteção Ambiental de Balbina é uma proposta de grande pertinência. Também do ponto de vista estético Balbina é uma experiência formidável. É possível inserí-la dentro de uma linha evolutiva que perpassa a obra de Niemeyer e desemboca nas indefectíveis formas amebóides e estruturas irregulares influenciadas pelo Guggenheim de Frank O. Gehry. Por questão de justiça com Mario Porto, deve-se ressaltar justamente a modéstia de sua arquitetura, aqui entendida não como defeito e sim como qualidade, diante de uma contemporaneidade superficial e pretensamente espetacular.
Mesmo toda esta relevância não foi capaz de garantir a manutenção do edifício. Estive no local no dia 21/07/2012. A triste situação é descrita pelas fotos a seguir. Como o local está sob responsabilidade da Eletrobrás (é preciso passar por uma portaria e se identificar para ter acesso ao local), faço um apelo para que se encontrem recurssos para a recuperação deste patrimômio arquitetônico de valor inestimável.
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