A China é socialista?
por Elias Jabbour
É uma caricatura afirmar que os defensores do caminho socialista na China baseiam-se no fato da China ter estatais. É muito conhecida a noção marxiana para quem a forma de propriedade dominante é o que define uma formação econômico-social. A existência de estatais é um ponto de partida fundamental para as transformações que a China tem conseguido empreender.
Por outro lado noções positivistas e neopositivistas afirmam relação direta entre a dinâmica chinesa, os países desenvolvimentistas asiáticos e outras formas de Estado Industrial. Nesse caso as “teorias anteriores” são suficientes para explicar a China. Trata-se de uma meia verdade, a começar pelo regime de propriedade e a inauguração de formas superiores nas relações do ser-humano e a natureza.
Existem novas regularidades geradas e a necessidade de novos marcos teóricos, conceituais e categorias à apreensão daquela totalidade. Definitivamente a chamada “Economia do Desenvolvimento” já demonstra fadiga à compreensão de realidades disruptivas. Minha diferença com os economistas do desenvolvimento heterodoxos não é se a China é socialista ou capitalista.
Nossas diferenças residem na profunda opção conservadora deles em matéria de ciência e teoria do conhecimento. O positivismo deles os tornam grandes economistas para entender economias “estáveis” e sem grandes novidades no nível das relações dos seres humanos e a natureza. Enfim, são formados e modelados para entender um modo de produção específico.
A China é socialista? Esta pergunta não é da tradição marxista. Quem levanta esta questão é fiel ao figurino intelectual que tratei mais acima. Marx nos ensinou a buscar a compreender a natureza e a síntese de determinadas combinações entre fenômenos “subterrâneos” de diferentes idades históricas.
A Economia do Projetamento descoberta por Rangel fora produto de uma combinação (planificação soviética, keynesianismo é o capital financeiro). A Nova Economia do Projetamento que surge na China é algo em que estamos avançando em sua conceituação. Qual país capitalista trocou a iniciativa privada por dois milhões de técnicos à serviço de um Partido Comunista na gerenciamento da “destruição criativa”? Nada disso estava em algum escrito dos clássicos do materialismo histórico. É o que chamo de “historicamente construído”.
Elias Jabbour, professor dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas (PPGCE) e em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
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