A reação da Rússia contra as sanções comerciais

Sugerido por jns

Do The Guardian

A Reação da Rússia Contra as Sanções Comerciais

Alec Luhn | 20 Mar 2014

Rússia disparou os primeiros tiros no que pode se transformar em uma guerra comercial, fechando fábricas  e reforçando a inspeção de mercadorias na fronteira ucraniana.

Petro ‘Rei do Chocolate’ Poroshenko, defensor dos manifestantes e apoiador o recém-criadogoverno da Ucrânia, em discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Foto: Zuma / Rex

As tensões também aumentaram em torno da compra de tratam de dois navios de guerra da classe Mistral da França por 1,2 bilhão de euros, após o ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, declarar que Paris pode rescindir o contrato se a Rússia provocar uma nova escalada na Ucrânia.

O Vice-Primeiro Ministro da Rússia, Dmitry Rogozon, comandante da indústria de defesa, respondeu nesta quarta-feira que a França deve construir os dois navios de guerra no tempo previsto ou“devolver o dinheiro e partes desses navios que já haviam sido construídas“. A United Shipbuilding Corporation da Rússia informou, para a agência de notícias estatal RIA Novosti, que a França teria que pagar grandes penalidades se ela rescindisse o contrato unilateralmente.

Na quinta-feira de manhã, a polícia russa fechou uma fábrica na cidade de Lipetsk, no sudoeste da Rússia, operada pela empresa de confeitaria ucraniana Roshen.

Outros relatórios revelaram que, para comprometer a logística da ampla rede de distribuição da Roshen, foi tomado o controle de um armazém em Lipetsk.

De acordo com o site da empresa, a planta de Lipetsk é a sua única fábrica na Rússia.

Enquanto isso, a Reuters informou que guardas de fronteira aumentaram os controles aduaneiros“sobre possíveis tentativas de trazer contrabando da Ucrânia, incluindo armas”, disse um funcionário da alfândega. 

No início do dia, a agência de segurança FSB da Rússia anunciou que havia fechado um anel de contrabando internacional que estava trazendo armas através da Ucrânia para os rebeldes do norte do Cáucaso, confiscando 12 armas de fogo em um carro na fronteira russo-ucraniana.

As operações coincidem com a declaração que Moscou iria incorporar, oficialmente, a península da Criméia separatista da Ucrânia, até o fim da semana, complicando, ainda mais, as relações com Kiev. 

Nos últimos anos, a Rússia tem sido o maior parceiro comercial da Ucrânia e o embaixador da Ucrânia, em Genebra, na quinta-feira, disse que seu governo procurou “sempre relações comerciais normais” com a Rússia..

Masha Lipman, analista do Carnegie Moscow Centre, disse que as ações da Rússia provavelmente foram motivadas politicamente. “Esses instrumentos estão sempre à mão e foram utilizados recentemente. Eu não vejo por que não seria usado agora, novamente”, disse ela.

A Rússia reforçou os controles aduaneiros sobre os produtos ucranianos neste verão, proibindo os projetos da Roshen por, supostamente, violar as normas de segurança. 

Petro Poroshenko, o proprietário da Roshen e sétimo homem mais rico da Ucrânia, foi um dos principais apoiadores dos protestos Euromaidan que depôs o presidente Yanukovych. 

Conhecido como o “Rei do Chocolate”, Poroshenko planeja se candidatar à presidência em maio e tinha uma vantagem significativa sobre o ex-pugilista Vitaly Klitschko, o seu principal rival para o cargo, nas pesquisas para as eleições deste mês.

Os músicos ucranianos que apoiaram o movimento Euromaiden também foram atingidos pela precipitação da crise diplomática. Na quinta-feira, os organizadores cancelaram a apresentação na cidade siberiana de Barnaul, prevista para o dia 12 de abril, da banda de rock mais famosa da Ucrânia, Okean Elzi, que apoiou o movimento Euromaidan e fez shows para dezenas de milhares de manifestantes em Kiev, em dezembro.

A decisão foi tomada após várias outras cidades russas, incluindo Vladivostok e São Petersburgo, cancelar ou adiar indefinidamente os concertos da banda Okean Elzi depois que um conhecido político conservador de São Petersburgo, Vitaly Milonov, pedir que os músicos fossem banidos por suas “posições radicais”

Políticos russos há muito tempo pintam o novo governo de Kiev como dominado por nacionalistas radicais.

A banda mais popular da Bielorússia, Lyapis Trubetskoi, informou, na quinta-feira, que os organizadores da cidade de Tyumen tinham cancelado o seu concerto sob pressão das autoridades. 

Anteriormente, os políticos do Partido Comunista em Pskov exigiram o banimento da banda porque o seu líder “apoiou a derrubada do governo ucraniano” durante uma aparição aos manifestantes em Kiev.

Enquanto isso, a Ópera Nacional Ucraniana em Kiev cancelou uma apresentação do pianista russo Denis Matsuyev, na próxima semana. 

O motivo do cancelamento não foi informado, mas o pianista estava entre as 390 figuras da área da cultura que assinaram uma carta de apoio à intervenção de Putin na Criméia.

Redação

Redação

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  • A caça as bruxas....

    Em toda "virada de mesa", há os expurgos dos que ficaram do lado "errado"! Neste caso da Criméia, os que apoiaram Kiev, se tornaram "persona non grata" para o governo Russo" Daí......

  • Segundo o The Guardian, são

    Segundo o The Guardian, são os políticos russos que "pintam" o governo golpista da Ucrânia como repleto de nazistas. Não é porque toda a área de segurança foi entregue a um partido abertamente nazista e suas SA (a precursora da SS) assim como vários ministérios, não. O novo governo não é nazista não. São os políticos russos é que querem desqualificar aqueles pobres rapazes com suásticas tatuadas e que berram a plenos pulmões "morte aos judeus e aos russos"...

    No fim, acaba ficando a impressão de que Stalin era um babaca... podia ter se livrado de cada miserável colaborador nazista, mandado plantar batatas no permafrost siberiano, mas não. Se contentou com muito pouco...

  • Franceses e bravatas.

     Sem querer me tornar repetitivo, sanções contra milionários não existem, contra empresas globalizadas tambem não, somente surtem efeito de midia, e tem mais: empresário pouco se importa com ideologia, só suspende um contrato previamente firmado, se seu governo subsidia-lo - ou demite todo mundo, não paga mais impostos, de qualquer forma alguem vai pagar a conta. Nos casos abaixo, o povo francês e/ou americano.

      Como sou interessado na industria aeroespacial/defesa, vou exemplificar nestes termos.

      1.  Poucos fora do ramo já ouviram falar da empresa VSMPO-AVISMA, mas já voaram em aviões da Boeing, Airbus, Embraer ou Bombardier, pois sem esta empresa eles não voariam - trata-se da maior produtora/processadora/industrializadora, de estruturas de titanio do mundo - é russa - 60% destas estrutras são produzidas para AirBus, quanto a Boeing o assunto é mais complexo, pois após garantir até 2006, todo seu titanio da russia, ela parou de adquirir direto da VSMPO, fez que o governo americano, fornece-se a VSMPO, maquinas especificas para beneficiamento micrométrico, e criou uma joint-venture, duas fabricas na Russia, e um Centro de Desenvolvimento de Estruturas Boeing - AVISMA, em Moscou, e no bojo do "rolo" a Boeing firmou contratos com empresas aereas russas e de leasing de aeronaves, e pior: financiados, as fabricas e os contratos, com investimento direto do Fundo Soberano dos Emirados Arabes.

      2. Os franceses estão muito ativos em vendas e parcerias com os russos (como ofram com oc chineses na década de 80),  podem perder bilhões no caso de sanções, exemplo:

       2.1. Pantsyr S1: Um sistema anti aéreo que o Brasil está adquirindo, a parte eletroóptica é francesa( a termal), fornecida pela SAGEM/SAFRAN, o MATIS-LR ( o qual os russos podem produzir localmente, por contrato), o negócio deu tão certo, que na mostra militar RAE-2013, a SAGEM e Renault, apresentaram no stand russo, da URALVAGONZAVOD, o veiculo blindado ATOM, que vendeu, a planta industrial fica na Russia (questão de impostos, mão de obra, facilidades politicas).

        2.2. BPC Mistral ou USC + STX: Negócio de 1,7 Bilhões de Euros, por dois navios, um já lançado, o Vladivostok, no momento em testes de navegação na França, o outro Sebastopol, com quilha batida - ambos no estaleiro STX em Saint Nazaire, a entrega do Vladi/ para a USC em Nikolayev, para os testes de aceitação/integração, prevista para 11/14.

         No contrato, a STX é contratada da USC (russia), partes são construidas em  ambos locais, e tal venda foi um alivio para a STX, que possue somente trabalhando nestes navios, mais de 2.000 empregados, impedindo que o estaleiro fosse fechado, pois a Marinha Francesa, após a crise de 2008, retirou 6 encomendas de fragatas e em 2010, adiou novos BPC Mistral. Não aapenas a STX perderia e demitiria, outras empresas francesas e européias participam de sub-contratadas no projeto: SAFRAN, Thales - France, Thales-Holanda etc..

         2.3. SAFRAN/Turbomeca/HAL/Kamov - Ardiden: Trata-se do motor do helicoptero russo Kamov KA-62 e do indiano HAL Druhv, que são oferecidos ao mercado internacional, podem utilizar motorização russa (Klimov), ou ocidental ( Safran Ardiden), são mais de 300 motores encomendados (2 por heli), de inicio - é dinheiro respeitavel, alem de manter empregos categorizados na França.

          Sobre o "rolo" do Sukhoy SuperJet 100, mais de 100 encomendados diretos e mais de 50 opções, comento outra ocasião, pois envolve muitos atores: França, Russia, Itália, Chipre, Safran/Snecma,NPO Saturn, Nordcom Chipre ( Rostec + Gazprom), ECA( agencia de promoção de exportações do governo frances), POwerJet, SuperJet International Holding - são só as industriais e comerciais, se colocar as "financiadoras", a lista aumenta.

           Globalização, terceirização, atomização das unidades de pesquisa e produção, diminuição de custos e parcerias, operações cruzadas, são mecanismos do "mundo real", século XXI, onde pode-se transferir com um "clic" bilhões de um lugar para outro em segundos, fechar uma fabrica hj. em São Paulo, e abri-la amanhã em Sechuan.

           Sanções, são muito século XIX, resquicios da era dos "punhos de renda", salamaleques a reis, ainda na velocidade dos navios a vela, ou dos "aviões a lenha" - papo de politico, para agradar retrogrados.

    • Claro que sanções existem

      Claro que sanções existem no mundo globalizado. O Iran, Coreia, Síria são provas disso. No caso francês, a Rússia nem precisava desse Mistral, pois tem capacidade para fazer, mas preferiu a opção muito mais pelo sistema de comunicação e navegação do navio e pelo fato de que o último ministro da defesa ser muito corrupto e gostar de importar produtos do exterior. Em relação ao Pantsir, a versão russa, para uso local, não usa sistemas de mira ou termais franceses. É proibido na Rússia se usar componentes estrangeiros para o seu exército, uso zero. Tudo local. Muito provavelmente deva ser uma versão de exportação. A Rússia sempre faz  versões de exportações de sua máquinas de guerra usando eletrônicos estrangeiros a pedido do cliente que importa. É claro que está todo mundo blefando. Os EUA apontam uma coisa mas miram outra. O que os EUA e a Europta têm medo é da Rússia invadir o sudoeste da Ucrânia, pois sabem que a Crimeia é um caso perdido. Uma sanção contra a Rússia hoje não funcionaria por um motivo muito simples e esse motivo chama-se China, que é aliada da Rússia nessa questão. Tudo é possível. Rogozin disse que podem tentar bloquear a modernização industrial da Rússia impedindo a importação de máquinas e equipamentos. Além disso, disse que determinados acabamentos de armas inteligentes não produzidos na Rússia podem entrar na lista de proibições. A França tem muito a perder, a Itália também, os EUA também. A Rússia idem. A Rússia hoje transporta astronautas americanos para ISS e fornece motores de foguetes para os EUA, mas não só isso. A França teria grande dificuldades no setor de satélites, onde tem associação com os russos e inclusive criaram uma base de lançamento para o Soyuz na Guiana. É dificil, mas não impossível um bloqueio econômico, mas quem acha que Putin não pesou isso tudo antes de tomara a Ucrânia está enganado.

      • Retaliar com sanções Cuba,

        Retaliar com sanções Cuba, Siria, Libia, Iraque é muito facil.

        Quero ver com um país como a Russia onde são dependentes em quase  TUDO. E em epoca de crise econômica.

        Tiro no pé e alguns estão dando também na cabeça.

        Vamos ver quem tem bala na agulha para aguentar o tranco.

        A Russia age em elgitima defesa de seu território e de sua  soberania ao impedir a perda da base naval na Crimeia para USA e a Otan.

        Para que possa se entender melhor o conflito, é mais ou mnos como se os russos ou os chineses estivessem avançando sobre o Panamá sendo que o Panamá - que possui um CANAL de enorme importancia estrategica -seria uma especie de Porto Rico, em relação aos USA, e em seu territorio mais de 60% fa população  fossem de estadunidenses ou  descendentes deles, e   como principal lingua falada, o inglês, alem de lá se encontrasse  instalada uma base naval dos USA.  Duvido que nessas condições,  os USA não imepdissem com intervenção militar  o controle pelos russos e chineses dessa área de importância impara.

        Peder a base naval da Crimeia para a Otan e USA é a mesma coisa para a Russia que capitular em tempo de PAZ. Se na guerra perderam 20 milhões e não capitularam diante do poderoso exercito alemão nazista de Hitler que avançou sobre o seu territorio, não será gora que o fará.

        A China tem pleno conehcimento que caindo a Russia será a proxima vítima da expnsão dos USA no mundo.

  • O importante é a Russia nao

    O importante é a Russia nao se dobrar

    que ousadia, se mete em terreno que não é deles e ainda querem posar de senhor feudal?

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