Israel anuncia construção de mais 3 mil casas de colonos

Enviado por Cyro

Da Reuters

Irritado com governo de unidade palestino, Israel construirá mais casas de colonos

Por Jeffrey Heller

(Reuters) – Israel anunciou nesta quinta-feira planos para construir mais 3.000 casas de colonos em resposta à formação de um governo de unidade palestino formado com o apoio do Hamas, grupo que se opõe à existência de Israel.

O Ministro da Habitação Uri Ariel disse que emitiu avisos abrindo licitações para a construção de 1.500 unidades habitacionais. Autoridades israelenses disseram que, além disso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou planejamento para prosseguir com mais 1.500 moradias de colonos.

“Quando Israel é cuspido, tem que fazer algo a respeito”, disse à Rádio Israel Ariel, acrescentando que as propostas de construção haviam sido emitidas como uma resposta ao que ele chamou de um “governo terrorista” palestino. Perguntado sobre quem havia insultado Israel, Ariel, um membro da extrema-direita do gabinete de Netanyahu, respondeu: “Os nossos vizinhos, e até certo ponto, o mundo.”

Netanyahu já manifestou “profunda decepção” sobre a decisão dos Estados Unidos, o principal aliado de Israel, em conversar com o governo palestino, apesar dos apelos israelenses para evitá-lo.

Um porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, cuja reconciliação com o Hamas levou ao estabelecimento de um novo governo na segunda-feira, disse: “A liderança palestina irá responder a esta nova atividade de assentamento de uma forma sem precedentes.” Ele não deu mais detalhes.

Ariel não cita locais, mas a mídia israelense disse que as novas casas para as quais as propostas haviam sido solicitadas seriam erguidas em sete assentamentos na Cisjordânia ocupada, em algumas áreas que Israel anexou a Jerusalém após a guerra de 1967.

A maioria dos países considera os assentamentos que Israel construiu em território que capturou em 1967 como ilegal. Seu destino é uma questão-chave nas negociações sobre um eventual Estado palestino independente – negociações que fracassaram em abril.

Os Estados Unidos disseram na segunda-feira que iriam trabalhar com o novo governo de unidade palestino, conforme necessário, mas iria acompanhar o seu compromisso com a continuação da cooperação com o Estado judeu.

Ariel acusou os Estados Unidos de romper um entendimento com Israel de que não iria dialogar com o novo governo.

“ERRO DIPLOMÁTICO”

No domingo, Netanyahu exortou a comunidade internacional não se apressar para se envolver com a administração palestina. Disse esta era uma fachada para o Hamas, um grupo classificado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Européia.

Mas a formação de um governo de tecnocratas e sua promessa de respeitar os princípios de não-violência e busca da paz de Abbas pavimentou o caminho para a aceitação internacional, o que parece ter deixado Netanyahu sem espaço de manobra.

Apesar do apelo de Netanyahu, a UE também disse que vai trabalhar com o novo governo palestino, com a condição de ele esteja firme ao princípio da paz baseada em uma solução de dois Estados.

A UE emitiu um comunicado em Bruxelas mais tarde dizendo que estava profundamente decepcionada com a última cartada de Israel que era “inútil para os esforços de paz.” “Pedimos que as autoridades israelenses revertam esta decisão e direcionem todos os seus esforços no sentido de uma rápida retomada das negociações de paz”.

Hanan Ashrawi, membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina, disse que o “governo de reconciliação nacional… foi universalmente bem-vindo, com a exceção de Israel com sua flagrante distorção dos fatos, a fim de destruir as chances de paz”.

O ministro da Justiça de Israel, Tzipi Livni, em uma repreensão indireta à Netanyahu, chamou esta primeira realização de propostas, desde quando as negociações de paz colapsaram de “outro erro diplomático”.

Livni, chefe de um partido centrista no governo de Netanyahu e seu negociador de paz chefe, disse à Rádio Israel que agora será mais difícil “de mobilizar o mundo contra o Hamas”.

Um funcionário do governo israelense, ao comentar o anúncio da construção de Ariel, disse que os prédios teriam lugar em áreas que Israel quer manter em qualquer acordo de paz. Outros funcionários disseram que a maioria das outras 1.500 casas ainda em fase de planejamento também seriam construídas naqueles blocos de assentamentos.

Secretário de Estado dos EUA John Kerry, que liderou os nove meses de negociações, cujo colapso Washington, em parte, foi atribuído à construção de assentamentos em terras que os palestinos querem para seu Estado, tentou jogar água na fervura: “Já tive várias conversas com o primeiro-ministro Netanyahu. Estamos falando completamente a respeito disso diariamente”, disse Kerry em Beirute na quarta-feira.

Seu tom contrastou com a de um funcionário político israelense não identificado que foi citado pelo jornal Israelense Hayom, pró-Netanyahu, chamando a aceitação do novo governo palestino pelos EUA de “uma facada nas costas”.

Israel congelou as negociações de paz mediadas pelos EUA com Abbas quando o acordo de unidade foi anunciado em 23 de abril depois de inúmeras tentativas frustradas de reconciliação palestina desde que o Hamas tomou a Faixa de Gaza das forças do Fatah em batalha em 2007.

Alguns analistas políticos israelenses prevêem que a campanha de Israel contra o governo palestino, que é dependente de ajuda externa, será agora travada através de lobby no Congresso dos EUA de modo a suspender seu financiamento, o que normalmente é de 500 milhões de dólares por ano.

(Reportagem adicional de Ali Sawafta em Ramallah e Adrian Croft em Bruxelas, edição por Ralph Boulton )

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