http://seressemmedo.blogspot.com/2011/01/o-legado-lula-campanha-que-nao-acabou.html

A Campanha 2010 está muito longe de terminar.

Ela começou há séculos e o êxito do Exmo. Sr. Presidente Lula e a vitória da Exma. Sra. Presidenta Dilma apenas deram um novo, e talvez sem precedentes, fôlego para esta campanha a que me refiro e na qual sempre estive e estarei engajado desde sempre e para sempre.

A campanha a que me refiro é contra o colonialismo mental e moral, contra o complexo de vira-latas.

É contra a castificação e o ódio classes.

Contra o maniqueísmo, a simplificação manipulativa do mundo em bem e mal, verdade e mentira, heróis e vilões, esquerda e direita, a dogmatização, a visão por um lado fragmentária da vida e por outro monolítica da tal moral, de conceitos e preconceitos, a mecanização do humano.

Componentes que acredito emburrecedores deste país e da humanidade e cuja discussão permanente tem, na minha humilde opinião, importância ainda maior para o destino do Brasil e do planeta que quaisquer fatores macro, micro, meso-econômicos que venhamos a discutir.

Porque o presente pode e deve ser permeado por diversas discussões temporais e pragmáticas.

Mas o futuro, o destino, o longo prazo é todo feito de intangíveis.

São os intangíveis que viabilizam a construção do palpável, do tangível, dos “pés-no-chão com pão-na-mesa e paz-na-alma”, em bases sólidas e sustentáveis.

E não foi me dado conhecer nos meus 40 e poucos anos de vida alguém que encarnasse tão bem e consistentemente – e cada vez mais ampla e profundamente – todo este imenso leque de “quebra-paradigmas” quanto o Exmo. Sr. Presidente Luís Inácio Lula da Silva.

E falo disso em escala histórica e planetária.

No que se refere ao Brasil, o recém-findo Governo teve ainda a capacidade de reinaugurar, mais de 30 anos depois – ou mais –, as expressões “interesse nacional” e “visão estratégica”.

Além de fundar em bases consistentes um processo seminal – que tende e deve ser aperfeiçoado – de evolução democrática pelo hábito contínuo de auscultar a sociedade através das Conferências Nacionais e suas variantes.

Vale ressaltar, que nada disso me parece surgido por súbito lampejo ou fruto de quaisquer condicionamentos contextuais ou macroambientais.

Toda a história do Exmo. Sr. Presidente da República – desde a fundação do Partido dos Trabalhadores -,

  • sempre cercado por expoentes do pensamento brasileiro, e do exterior;
  • sempre em sintonia com as forças mais mobilizadas e ativas da sociedade civil nacional, e muito da internacional;
  • pelo esforço contínuo no pensamento e repensamento, planejamento e replanejamento do País sob as mais amplas perspectivas e visões intelectuais;
  • contrapondo os debates e seminários incessantes e intermináveis com as pernas na estrada e o “pé-no-barro” para conhecer verdadeiramente o Brasil de verdade, tão profundo que impenetrável ao pensamento dos centros intelectuais;
  • e tudo isso sempre em tensão e contraposição permanentes, somente passíveis de convivência pela vocação para o diálogo e negociação, pela “desmaniqueização” e “desdogmatização” de confrontos que seu descortínio e liderança sempre impuseram a todo este grandioso e lento processo de maturação;

tudo isso apontava para sua obra ora realizada.

Obra que conseguiu, apenas, surpreender mais uma vez a maior e sobreviver – pagando altos preços, porém válidos já que sem outra opção, enfim – a seu único possível algoz: as forças enraizadas da cegueira nacional e dos interesses coloniais/colonizados de sempre.

E fico muito preocupado com toda a discussão sobre o legado dos Governos Lula.

Discussões que são, sem dúvida, importantes, mas não podem encobrir o legado maior que está na quebra seqüencial e persistente dos principais paradigmas que sempre entravaram o aproveitamento pleno do gigantesco potencial deste país e sua gente.

Tenho como “imperativo nacional pessoal” o exorcismo destes velhos paradigmas e a entronização dos novos.

Acredito que a qualquer descuido, ao menor vacilo, os moribundos fantasmas voltarão a assombrar nosso tão jovem promissor destino de “ex-País-do-Futuro” – como os incidentes imediatamente após as nossas eleições e os acontecimentos que se sucedem nos Estados Undos (que em muitos pontos guardam intensa relação com nossa realidade de agora) não se cansam em avisar.

E vou insistir e persistir nestes temas, mesmo que – se necessário – como voz dissonante, “ingênua”, “romântica”, sem eco e isolada até.

É esta a campanha na qual estou e continuarei engajado.

O êxito dos Governos do Exmo. Sr. Presidente Lula e a vitória na recente campanha eleitoral apenas deram um novo – e talvez sem precedentes – fôlego para a campanha maior a que continuo a me dedicar.

Redação

Redação

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