Categories: Notícia

Argentina e Irã vão investigar atentado ocorrido em 1994

Da Reuters

Senado argentino aprova acordo com Irã para investigar ataque de 1994

(Reportagem de Alejandro Lifschitz e Hilary Burke)

BUENOS AIRES, 22 Fev (Reuters) – O Senado da Argentina aprovou na quinta-feira um acordo com o Irã para criar uma “comissão da verdade” internacional que investigará o atentado de 1994 a um centro judaico em Buenos Aires, que matou 85 pessoas.

Os dois governos chegaram a um acordo no mês passado sobre como lidar com o ataque, que autoridades judiciais argentinas acusaram autoridades iranianas, incluindo o ministro da Defesa, de envolvimento. O Irã nega qualquer ligação com o atentado.

Muitos grupos judaicos na Argentina e no exterior rejeitaram o acordo, dizendo que dá credibilidade ao Irã num momento em que os Estados Unidos estão liderando os esforços internacionais para isolar o país por seu programa nuclear.

Os críticos também dizem que é inconstitucional para o Executivo se envolver em questões judiciais, e que as conclusões da comissão internacional poderiam afetar o caso nos tribunais da Argentina.

Os Senadores votaram por 39 a 31 para aprovar o acordo, com a maioria da oposição ao governo contando contra. O projeto de lei vai agora passar para a câmara baixa, que também é controlada por aliados do governo e poderia votar já na semana que vem.

Em 2007, as autoridades argentinas obtiveram mandados de prisão da Interpol para cinco iranianos, incluindo o ministro da Defesa, Ahmad Vahidi, e um cidadão libanês por acusações de terem ajudado a planejar o ataque ao centro judaico AMIA. O Irã recusou-se a entregar os acusados.

Os suspeitos não podem ser condenados a não ser que sejam julgados na Argentina, onde ninguém mais foi responsabilizado pelo atentado. O governo apresenta o acordo com o Irã como a melhor maneira de fazer avançar um caso paralisado.

“Sabemos que isso é difícil se há motivos ocultos do outro lado da assinatura deste memorando”, disse o senador do partido governista Daniel Filmus durante o debate de quinta-feira. “Se há uma falta de colaboração do outro lado do memorando, o caso argentino… ganhará força porque vai ficar ainda mais claro quem é culpado.”

O acordo estipula que a comissão –composta por cinco especialistas judiciais estrangeiros– irá emitir um parecer depois de avaliar a investigação feita pela Argentina para o caso. Autoridades judiciais de Argentina e Irã, então, irão reunir-se em Teerã para interrogar as pessoas procuradas pela Interpol.

Na semana passada, um porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores negou que as autoridades iranianas seriam interrogadas sobre o bombardeio. O ministro disse mais tarde, no entanto, que o memorando seria totalmente respeitado.

A Anistia Internacional na Argentina elogiou o acordo na quinta-feira, dizendo que “embora não garante de forma alguma o sucesso da investigação, cria uma oportunidade para avançar em direção à justiça e à reparação para as vítimas.”

A presidente argentina, Cristina Kirchner, tinha proposto inicialmente que o julgamento fosse realizado em um país neutro. Kirchner tem laços estreitos com outros líderes latino-americanos que mantém boas relações com Teerã, como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

A Argentina abriga a maior comunidade judaica da América Latina.

A senadora de oposição Maria Eugenia Estenssoro comparou a aprovação do acordo com as leis que protegiam funcionário de nível inferior envolvidos no regime militar da Argentina entre 1976-1983 da acusação, e anistiou agressores condenados de violar os direitos humanos.

“Mais uma vez (o Congresso) vai votar uma lei de impunidade”, disse Estenssoro.

Luis Nassif

Luis Nassif

Recent Posts

Total de sindicalizados atinge menor patamar da história

Total de pessoas ligadas a sindicatos caiu de 16,1% para 9,2% em dez anos; em…

1 hora ago

Lula no 1º de Maio: Trabalhadores esperam postura sobre greve da Educação

Neste Dia do Trabalhador, centrais sindicais esperam postura do presidente sobre greve da educação federal…

4 horas ago

Seif teria prometido a Moraes não mais atacar ministros do STF; relator surpreende com produção de provas para decidir sobre cassação

Apuração sugere que houve acordão nos bastidores para abrir caminho para a não cassação do…

4 horas ago

Parlamentares brasileiros propõem à OEA criação de grupos para crimes contra a democracia e milícias

Proposta foi feita à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, vinculada à Organização dos Estados Americanos)

5 horas ago

Ultradireita dos EUA ressuscita audiência articulada por Eduardo Bolsonaro para falar de “democracia”

Evento contará com o jornalista americano que publicou o "Twitter Files" atacando Moraes e o…

6 horas ago

Após quase 2 anos, PF busca responsáveis por estupro coletivo de mulher em cruzeiro

Em 2022, uma mulher de 28 anos teria sido violentada, desacordada, por 3 homens em…

6 horas ago