Assistam o Espetáculo!

Assistam o Espetáculo!

Almir Forte

O tempo caminha rumo ao futuro de incertezas, desolação e expectativas de muitas surpresas para aqueles que foram as ruas vestindo a camisa da CBF, pedindo o fim da corrupção, a volta do Regime Militar e mandando ir para Cuba toda e qualquer pessoa vestida de vermelho.

Desde aquele fatídico dia 17 de abril quando presenciamos o maior espetáculo promovido pela Câmara federal com a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma, até hoje se passaram exatamente quatro meses em que o Brasil tem um novo governo, no qual o presidente interino, não tem coragem de presenciar ao final do maior evento esportivo do mundo, as olimpíadas, da qual o país é sede.

Os “chefes” do presidente interino se acham no direito de aplicarem tudo que um dia sonharam em fazer com o país enquanto perdiam quatro eleições consecutivas. Suas propostas e projetos jamais seriam aprovados pela maioria de uma sociedade que se autodenomina democrática.

Até o momento algumas propostas foram dignas de quem não tem qualquer compromisso com o país no século XXI. Acreditam que podem transformar os trabalhadores em animais de estimação, sem família, sem descanso, sem vida e trabalhando oitenta horas por semana, como no tempo da escravidão.

Agora, o presidente interino confirma mais uma de suas pérolas do projeto denominado “uma ponte para o futuro”, que é diminuir o salário mínimo em trinta por cento, como forma de garantir o emprego. O salário mínimo em sua concepção é o grande causador do desemprego em nossos dias.

Enquanto isso, no Senado o processo de impeachment sem crime segue a passos largos para o desfecho final que já tem data marcada para ser votado. E ao mesmo tempo, o grande chefe Cunha segue ameaçando delatar os deputados bandidos do centrão e o fantoche interino que manobra junto a seus asseclas para sua cassação ser votada somente quando o sargento Garcia prender o Zorro.

Tudo isso está sendo proposto durante a interinidade, imaginem quando se tornar efetivo com o aval do senado que pretende substituir mais de 54 milhões de votos e determinar que a presidente eleita não será mais presidente. Estamos diante do prefácio de um livro que começa e ser escrito pelos representantes das trevas conservadoras que governarão nosso país e nossas vidas.

E assim, como a vida imita a arte, seguimos como se estivéssemos numa sala de cinema nos anos de 1970 assistindo o canal 100, onde nos apresentavam o futebol como orgulho de uma nação onde a ditadura militar nos obrigavam a ver e ouvir somente o que consideravam que não despertaria em qualquer cidadão o sonho de um país onde a democracia e a liberdade fosse um fato e não apenas uma cena cinematográfica.

Portanto, enquanto não se abaixam as cortinas da liberdade e da democracia, curtam o espetáculo.