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Ataque ao campo de refugiados de Jabalia pode constituir crime de guerra, diz ONU

O Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos declarou nesta quarta-feira (1) que os dois ataques das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) contra o campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, podem constituir crimes de guerra.

“Dado o elevado número de vítimas civis e a magnitude da destruição causada pelos ataques aéreos israelenses contra o campo de refugiados de Jabalia, estamos seriamente preocupados que estes sejam ataques desproporcionais que possam constituir crimes de guerra”, afirmou na rede X (anteriormente Twitter).

As IDF atacaram o campo de refugiados de Jabalia na terça-feira (31). O ataque causou o colapso de vários edifícios e, segundo estimativas, custou a vida a entre 50 e 100 pessoas e deixou várias centenas de feridos. Um dia depois, houve um novo ataque ao local. Cerca de 120 pessoas ainda estão desaparecidas sob os escombros e mais de 700 ficaram feridas.

Segundo dados da ONU, o campo de Jabalia é o maior dos oito campos de refugiados da Faixa de Gaza e está localizado ao norte do enclave, perto de uma cidade com o mesmo nome. A população do campo, antes da última escalada do conflito, era de 107.590 habitantes.

Unicef volta a se manifestar

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) emitiu também nesta quarta-feira (1) um novo comunicado no qual condena os ataques israelenses contra “bairros residenciais densamente povoados” na Faixa de Gaza, na sequência dos bombardeamentos do país judeu contra o campo de refugiados de Jabalia.

“As cenas de carnificina vindas do campo de Jabalia, na Faixa de Gaza, após os ataques de ontem e de hoje, são horríveis e aterradoras”, declarou a agência da ONU.

A organização afirmou que ainda não existem dados precisos sobre o número de vítimas dos bombardeamentos contra o acampamento de Jabalia, mas explicou que “as casas da população foram arrasadas e, aparentemente, centenas de pessoas ficaram feridas e mortas”.

A Unicef ​​sublinhou que 25 dias de “bombardeios contínuos” causaram a morte de mais de 3.500 crianças e deixaram outras 6.800 feridas, o que significaria “mais de 400 crianças mortas ou feridas por dia, durante 25 dias consecutivos”.

“Isso não pode se tornar o novo normal”, disse o comunicado.

Da mesma forma, a organização reafirmou que “os campos de refugiados, os assentamentos para pessoas deslocadas internamente e os civis que os habitam são protegidos pelo direito humanitário internacional” e destacou que “ataques desta magnitude contra bairros residenciais densamente povoados podem ter efeitos indiscriminados e são completamente inaceitáveis”.

Cativeiro de crianças

“As crianças já sofreram demasiado. A matança e o cativeiro de crianças devem acabar. As crianças não são um alvo”, sublinhou o Unicef, que voltou a pedir a libertação de reféns mantidos pelo Hamas desde o início das hostilidades com o ataque a Israel no último dia 7 de outubro.

O fundo da ONU apelou a “um cessar-fogo humanitário imediato, que garanta a proteção de todas as crianças” e acesso para fornecer ajuda vital em grande escala em toda a Faixa de Gaza.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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