Bolsonaro dá 13º mas deixa Bolsa Família sem reajuste em meio à crise

Jornal GGN – Jair Bolsonaro anunciou nesta semana o 13º pagamento para beneficiários do Bolsa Família, uma promessa de campanha que resulta no aumento de 8,3% no valor anual. Apesar disso, o presidente deixou o programa sem reajuste acima da inflação, em meio à crise econômica e do crescimento do desemprego.

O último reajuste acima da inflação, segundo reportagem do El País publicada nesta sexta (12), foi feito por Michel Temer no final de 2017, valendo para o ano de 2018.

A “sacada” da equipe de Bolsonaro foi anunciar o 13º como uma grande novidade dentro do programa que existe desde 2003, mas a contrapartida foi segurar o reajuste nas parcelas mensais neste ano. Como o 13º pagamento só será pago em dezembro de 2019, os beneficiários terão de viver os próximos meses com o valor deixado por Temer.

Nas redes sociais, o ex-presidenciável Fernando Haddad ironizou o anúncio e fez questão de lembrar que Bolsonaro, durante sua trajetória política, tratou o Bolsa Família como “esmola”. “Será que 1/12 do bolsa-farelo (13ª parcela) vai reverter sua situação no Nordeste? Lembrando que você não reajustou o benefício nem pela inflação e seu Governo ofende os nordestinos a todo instante?”, escreveu Haddad.

Ao El País, o economista Marcelo Neri também criticou a falta de reajuste. Segundo ele, “(…) é exatamente durante um período recessão que você precisa expandir os programas para os mais pobres e não economizar em cima desses programas. É uma economia burra”, embora o 13º pagamento seja “um gasto inteligente” na visão do especialista.

Nas contas de Neri, o 13º representa um ganho real de 4,3%, considerando a inflação dos últimos 12 meses, de 3,89%.

“Desde que foi criado, em 2003, pelo Governo Lula, o benefício médio do Bolsa Família foi reajustado abaixo da inflação até por volta de 2011, segundo cálculos do site Nexo. Os maiores reajustes reais aconteceram no Governo Dilma Rousseff, mas foi justamente quando ocorreu o congelamento mais prejudicial. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que em 2015 e 2016 (sob Dilma), quando o benefício não mudou de valor em um cenário de inflação acima de 10% e crise econômica, fazendo a extrema pobreza saltar”, escreveu El País.

Atualmente, o benefício médio é de 188 reais, mas o valor varia de acordo com as condições de cada família.

Redação

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