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Bolsonaro “tem que sangrar” antes de ser preso, diz Leonardo Avritzer ao GGN

O cientista político Leonardo Avritzer não acredita que a prisão do Jair Bolsonaro (PL) seja positiva para o país no momento. Em entrevista ao programa TVGGN 20 Horas, na noite de segunda (21), ele opinou que a base do ex-presidente é grande e que sua prisão pode ser usada como artifício para mobilização popular contra uma suposta “injustiça” no futuro.

“Bolsonaro tem que sangrar. Não acho que Bolsonaro preso é bom para o Brasil, porque ele vai começar a dizer que foi injusto. Ele tem uma certa capacidade de mobilização, e vai usar essa capacidade. O grupo dele vai aparecer no Congresso colocando [que foi injustiça].”

Leonardo Avritzer, cientista político e escritor

Avritzer usa como exemplo a situação de Donald Trump para traçar um paralelo com o caso de Bolsonaro. O republicano está sendo indiciado por 37 crimes e é o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a virar réu.

“O Trump está sendo indiciado agora em cima de uma investigação muito detalhada dos crimes dele. Acho que a mesma coisa deveria ocorrer no Brasil, ou seja, o Bolsonaro, para ser preso, precisa ser uma coisa inequívoca, que a sua própria base não coloque obstáculos”, afirma o escritor.

Base bolsonarista

De acordo com o cientista político, Bolsonaro se encontra em desarmonia com seus eleitores, já que o caso do desvio das joias tem evidenciado os crimes corruptivos do ex-presidente.

Pesquisa realizada pela Quaest mostra, inclusive, que a popularidade do ex-presidente nas redes despencou ao menor patamar aferido até agora, depois da escalada no caso das joias e também em virtude do depoimento do hacker Walter Delgatti à CPMI do 8 de janeiro, implicando Bolsonaro num plano contra as eleições 2022.

“No Brasil, a única coisa que interessa é se ele roubou ou não, principalmente para a base dele”, diz o cientista. Ele ressalva que até mesmo nesse contexto, não tem havido como fechar os olhos.

“Dentro desse grupo que acha que a coisa fundamental do país é de fato o ‘não roubarás’, o Bolsonaro passou a ficar numa situação muito difícil”, afirma Avritzer.

Veja aqui a entrevista completa:

Isadora Costa

Isadora Costa

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  • Pleno acordo , professor. Se uma coisa positiva a Lambança Jato levou foi fazer investigadores, MPs e juízes atuarem pautados por provas consistentes, volumosas e REAIS e não as 'convicções' e powerpoints e reverberação midática.

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