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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  • A denúncia do MP contra Paulo Roberto Costa

    Tijolaço

     

    21 de setembro de 2014 | 13:58 Autor: Miguel do Rosário  

    A Polícia Federal faz um trabalho extraordinário de investigação, prende Paulo Roberto Costa, destrincha as complexas operações de envio de recursos para o exterior, mas a Globo e a Veja só pensam “naquilo”.

    Só pensam nas eleições. Com isso, distorcem notícias graves.

    Promovem vazamentos que invalidarão provas e impedirão a prisão de acusados.

    Enfim, a mídia brasileira, na sua histeria partidária, faz uma espécie de investigação ao contrário. Ela acaba mais confundindo do que esclarecendo, mais prejudicando as autoridades do que ajudando.

    Os corruptos, ao invés de serem tratados como tais, passam a ser tratados como herois, desde que façam o jogo da mídia e denunciem apenas aqueles que a mídia quer ver denunciados.

    Se Costa delatasse os esquemas de que participou quando era diretor da Petrobrás no governo FHC, ouviríamos um grande brado em uníssimo, na mídia: é mentira! Esse homem é um bandido, repetiriam, indignados.

    A revelação do esquema de Paulo Roberto Costa, junto à consultoria MO, pode ser a ponta de lança no combate à evasão de divisas, um dos maiores problemas do nosso país.

    Segundo a ONG Tax Service, a evasão de divisas no Brasil chega a mais de R$ 600 bilhões por ano, ou 14% do nosso PIB.

    Agora sabemos que a própria Globo ajuda a engordar esse número, visto que usou, em apenas uma operação, para comprar os direitos de transmissão da Copa de 2002, do mesmo modus operandi que agora denuncia nas empresas do doleiro.

    Entretanto, o pior que pode acontecer é a continuação do vazamento seletivo, reforçado por reportagens que abordam apenas um lado.

    Se alguém lesou a Petrobrás, que seja punido, como aliás já está sendo. E que se busque a repatriação do dinheiro desviado.

    Mas que não se confunda as coisas. O fato de ter havido corrupção nas obras do Rodoanel e nos metrôs e trens paulistas, por exemplo, não invalida a sua importância. Aliás, as mesmas construtoras e empresas que prestaram serviço à Petrobrás, também prestaram ao governo de São Paulo na construção do Rodoanel e na reforma do sistema de trem e metrô de SP.

    Apenas a OAS, uma das empresas envolvidas com a consultoria MO, ligada ao doleiro, recebeu mais de R$ 5 bilhões dos contribuintes paulistas, para participar de obras do Rodoanel e reformar trilhos. O Cafezinho tem uma tabela com os contratos, vários deles considerados irregulares por órgãos de controle.

    Ou seja, a lavagem de dinheiro que aí ocorreu não foi apenas de desvios da Petrobrás.

    Alberto Youssef era o principal doleiro do Brasil e prestava serviços para várias empresas e governos.

    Embora correndo o risco de parecer cínico, é preciso considerar que, a partir do momento em que a Petrobrás amplia seus investimentos de alguns bilhões para centenas de bilhões de reais ao ano, era inevitável que houvesse aumento da corrupção, ou da tentativa de corrupção.

    Abandonada durante a era FHC, a Petrobrás na era Lula/Dilma passou a descobrir grandes quantidades de petróleo, a construir e comprar refinarias, a construir oleodutos, a diversificar suas matrizes de energia (investiu-se em eólica, biodiesel, etc), a comprar aqui mesmo no Brasil os seus navios e peças para plataforma.

    Iniciou-se uma grande recuperação do quadro funcional da Petrobrás.

    Pode-se dizer que a estatal renasceu sob Lula/Dilma.

    Mas a Petrobrás não pode ser culpada pelo mau comportamento das empresas que prestam serviço para ela.

    Nem pelo mal feito de alguns diretores.

    A Petrobrás sairá fortalecida das investigações, conduzidas republicanamente pela Polícia Federal.

    Por parte do governo federal, agiu-se corretamente: soltou-se os cães farejadores da PF para cima das empresas e indivíduos que tentavam lesar a estatal.

    Se fosse uma empresa privada, os desvios da Petrobrás ocorreriam da mesma forma, mas maneira muito mais secreta e indevassável.

    Por aí você entende a importância de manter as riquezas estratégicas sob estrita vigilância do poder público.

    Abaixo, segue, com exclusividade, a íntegra da denúncia do Ministério Público do Paraná contra Paulo Roberto Costa e comparsas.

    É uma denúncia de acusação, que precisa ser confrontada pelas respectivas defesas.

    Ao menos, porém, você poderá analisar o dado bruto, completo, sem a intermediação maliciosa da Globo.

    A íntegra da denúncia da Procuradoria contra a Petrobras from Miguel Rosario http://tijolaco.com.br/blog/?p=21410

     

  • Alô, alô, marciano: Tá cada vez mais down the high-society…

    Tijolaço

     

    21 de setembro de 2014 | 19:30 Autor: Fernando Brito 

    Imperdível a coluna de Monica Bergamo, hoje, na Folha.

    Dispensa comentários que desenhem mais claramente  a tragédia de São Paulo, e a do Brasil.

    Marina e Aécio dividem o tradicional reduto tucano do high society de SP

    O high society paulistano rachou. Sempre um bloco sólido e praticamente homogêneo nas eleições, socialites, empresárias e profissionais liberais de classe A/B da cidade, a maioria do circuito Jardins-Higienópolis-Vila Nova Conceição, seguem unidas na rejeição ao PT. Mas divergem, neste ano, sobre como tentar bater a presidente Dilma Rousseff nas urnas. Votar em Marina Silva, uma novidade? Ou em Aécio Neves, do já velho e conhecido PSDB?

    Os primeiros sinais da divisão surgiram quando Rosangela Lyra, ex-diretora da Dior no Brasil, organizou um encontro com coordenadores da campanha de Marina Silva, há duas semanas. A lista de convidadas era extensa. Nem todas apareceram.

    “Eu fui convidada, mas não fui lá. Imagina!”, diz Deuzeni Goldman, a Deuza, mulher do ex-governador de SP, Alberto Goldman, do PSDB. “Sou amiga da Rosangela e tudo. Mas só tinha tucana [na reunião], pelo que eu sei. Todas as que estão indo para a Marina. Gente que sempre foi fechada com a gente, de repente não sei o que é que deu nesse pessoal. Uma loucura.”

    Deuza foi rápida: na semana passada, ajudou a socióloga Maria Helena Guimarães a organizar um encontro com o próprio Aécio Neves.

    “Sou Aécio até o fim. É uma via segura. Marina é uma incógnita”, diz ela à repórter Eliane Trindade. “Depois de 12 anos de corrupção, o Brasil não merece uma presidente que não tem maioria no parlamento. Como ela é pura, não vai fazer aliança, não terá meios de governar. Está achando que é mágica. Com uma varinha de condão, entra lá e resolve tudo. Não é possível que o brasileiro médio não entenda isso. As pessoas menos esclarecidas até podem embarcar nessa onda de comoção, de que ela é uma predestinada. Mas a candidatura não tem consistência. Meu marido está perplexo.”

    “Marina sempre foi ligada ao PT, sempre foi oportunista”, afirma Deuza. “Foi vereadora, senadora, ministra do Lula e ficou quietinha na época do mensalão. Deixou o partido para tentar ser presidente pelo PV. Saiu para fundar a Rede, não conseguiu e foi parar no PSB, que apoiou o Lula e a Dilma por 12 anos. Ninguém sabe o que ela pensa de verdade.”

    Ela volta a falar do encontro de Marina. “Eu vi que a [publicitária] Bia [Aydar] foi, a [socialite] Ana Paula Junqueira também. Ela era amiga do Aécio, de passar férias em Angra. É muito louco. Ana Paula quer entrar pra política não sei há quanto tempo. Ela disputa e nunca consegue, quem sabe viu uma brecha aí [com Marina]. Mas, enfim, isso não vem ao caso.”

    Ana Paula diz que vota em Marina “para tirar a alternância de PSDB e PT no poder”.

    Deuzeni fica aliviada ao saber que os argumentos dos marineiros não convenceram Bia Aydar, que já trabalhou com Fernando Henrique Cardoso e Aécio: “Ainda bem”.

    Bia Aydar explica: “Eu adoro duas pessoas que estão com a Marina, o Álvaro de Souza [ex-presidente do Citibank], que amo de paixão, e o Waltinho [Walter Feldman, coordenador da campanha]. Pensei: se tanta gente que conheço fala que Marina é a salvação, isso e aquilo, quero ouvir”. Ouviu. Pouco entendeu. “Não respondiam lé com cré.” Quando Feldman falava, “ficava claro. Mas os outros [marineiros] era coisa muito utópica, sabe? Muito Marina? As pessoas querem votar nela pra não votar no PT. ‘Tô cheia, vamos votar no diferente.’ Mas não me convenceu. Voto no Aécio.”

    Já Rosangela diz que a maioria das convidadas saiu convicta de que Marina é “a melhor opção”. “Quem veio ao encontro veio com a ideia de que ia votar na Marina porque, dos males, o menor. E saiu dizendo que vai votar nela por ser a mudança que a gente quer. Com a Marina não vai ter essa história de 40 partidos com listinha pedindo cargos. Ela quer governar o Brasil como uma empresa.”

    No encontro, os marineiros foram questionados se, por exemplo, os conselhos defendidos por Marina não são “excesso de democracia” que leva “a própria democracia ao caos”. “Valeu a pena esclarecer”, diz Rosangel

    Caso Marina não vá para o segundo turno, aí sim Rosangela vota em Aécio. “Eu já falei que Dilma basta. Se para o segundo turno for o pastor [Everaldo], eu vou no pastor, entendeu? O Brasil não merece mais esse governo. Não quero a continuidade.”

    Já para o governo de SP, ela vota em Geraldo Alckmin, “com todas as minhas forças”. Se ele for eleito, o PSDB completará 19 anos no poder. “Essa continuidade é fantástica para o Estado. Não é que eu quero mudança porque eu enjoei, não. Quero mudança do que não funciona.”

    A dona da loja de móveis Ornare, Esther Schattan, foi aos dois encontros, de Marina e de Aécio. Ela já tinha ido a uma reunião com Eduardo Campos, “encantador também, como todos os políticos. E Marina tem uma fé incrível. Cada um que você ouve, acredita. Esse é o dom deles”.

    Esther segue indecisa. A presença do economista André Lara Resende, que foi presidente do BNDES no governo de Fernando Henrique Cardoso, na equipe econômica de Marina Silva embaralha ainda mais as coisas. “Tem tucanos com Marina e com Aécio.” O ideal, diz, seria que “os dois se juntassem. Aí, ganhavam disparado, seria 100% dos nossos votos já no primeiro turno”. Por enquanto, “está todo mundo no muro”.

    “Eu acordo Marina, vou dormir Aécio e acordo Marina de novo”, diz a designer Elisa Stecca. “Gosto infinitamente quando penso no ministro da Fazenda dele. O Armínio Fraga [anunciado para o cargo pelo tucano] é o ponto forte do Aécio. Mas ele tem um discurso pobre. Quero votar a favor de algo e não só contra o PT.” Marina tem “mais a ver comigo”, diz. Mas “dá medo. É uma incógnita”.

    As pesquisas que mostraram Aécio Neves ganhando pontos, na semana passada, animaram a agropecuarista Carmen Célia Goulart Monteiro a reverter votos de amigas indecisas ou que “marinaram”. “A maioria pensou no voto útil contra o PT. Mas Aécio está reagindo”, dizia ela, uma das primeiras a chegar ao PSDB, onde ocorreu o encontro com o candidato.

    A empresária Mariana Laskani foi aparentemente resgatada na reunião tucana. “Muitos amigos me ligaram para dizer para não votar no Aécio porque corria o risco de a Dilma ganhar. Fiquei em dúvida. Mas sempre fui Aécio, Alckmin e [José] Serra.” A amiga Mariana Berenguer reforçava: “Vou votar nele pela equipe. Conheço Armínio Fraga, ele é brilhante.”

    A advogada Marcela Monteiro de Barros, do projeto “Sonho Brasileiro da Política”, prefere Marina. Mas seu marido, Roberto Coelho Neto, da Enabler Investments, está na corrente do voto útil. “Ele é super Aécio. Só que vai votar na Marina –não porque prefira, mas por ela ter mais condições, no segundo turno, de enfrentar a Dilma. Vi muita gente migrando do Aécio para ela por causa disso.”

    Marcela vive na ponte aérea Rio-SP e diz que os encontros com candidatos se multiplicaram. “Eu soube de um que a Patrícia Villela, a mulher do Ricardo Villela, vice-presidente do Itaú, fez para o Aécio e para a Marina. Vi muita gente fazendo encontro para eles. E, sinceramente, ninguém para a Dilma.”

    A coluna conversou com mais de 30 mulheres desse círculo social. Só encontrou duas que declaram voto em Dilma: Eleonora Rosset, amiga de Marta Suplicy e mulher do dono da Valisere, Ivo Rosset (“sou Dilma e não vou mudar”). E Roberta Luchsinger, herdeira do Credit Suisse e mulher do deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP).

    “Dilma é firme, honesta”, diz Roberta. “Ela enfrentou o Obama, a Marina segue o [pastor] Malafaia. Quando dizem que, se a Dilma ganhar, o Brasil vira Venezuela, respondo que, com a Marina, vai virar Vietnã. Quem acha que Dilma é ditadora não conhece a Marina. Será um retrocesso. Eu me mudo no outro dia. Uso minha cidadania suíça e vou embora do Brasil.”

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=21413

     

  • Banqueiro em política é véspera de bancarrota

    do Brasil 247 - 21 de Setembro de 2014

     

    "Existem algumas poucas verdades absolutas na vida política. Uma delas é aquela de que o banco que se mete em seus meandros, inevitavelmente, quebra. Aqui e lá fora. Não faltam exemplos", diz o jornalista Palmério Doria, em artigo exclusivo para o 247; texto serve de alerta para os banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, filhos de Olavo Setubal e Walter Moreira Salles, que permitiram o excessivo engajamento do Itaú Unibanco no processo político de 2014, especialmente em razão dos vínculos entre Neca Setubal e Marina Silva; experiências que terminaram mal no Brasil foram as do Econômico, de Angelo Calmon de Sá, e do Bamerindus, de José Eduardo Andrade Vieira

     

    Por Palmério Doria

     

    Nos Estados Unidos o respeitado Riggs Bank, de Washington, conhecido pela tradição de ser o banco oficial de todos os presidentes, sucumbiu ao ser descoberto numa indesculpável travessura: abrigava contas milionárias de Augusto Pinochet, o ditador chileno, abertas com passaportes e nomes falsos. Obviamente o dinheiro sujo do genocida andino chegou aos seus cofres com a conivência da diretoria. Deixaram, assim, os banqueiros do Riggs de frequentar o Salão Oval para o amargor de depoimentos em chefaturas policiais e audiências nos tribunais de justiça.

    Na Argentina, dois bancos mantiveram relações carnais com os milicos golpistas pós-1976, o ano da derrubada da viúva de Perón e instauração do regime cruel que sequestrou, matou e desapareceu com cerca de 30 mil pessoas. O Banco de Intercâmbio Regional (BIR) e o Banco Oddone tinham tentáculos dentro dos quartéis e passe livre na Casa Rosada, ocupada alternadamente por generais ladrões e assassinos. Mas suas contabilidades – escondidas pela profusão de patrocínios culturais, badalações no society platino e eventos no exclusivo Jockey Club portenho – estavam podres. Nem os militares ousaram salvar os banqueiros falidos quando Jose Alfredo Martinez de Hóz, o czar da economia, decretou as quebras.

    Enquanto milhares de correntistas iam do escândalo nas portas (cerradas) das agências ao “simples” suicídio, os banqueiros fugiram para o exterior ou acabaram nos calabouços do regime. A influência política de nada valeu diante da revolta popular e da comoção causada pela debacle sistêmica provocada pela quebra do BIR e do Oddone. E eram todos bancos presumivelmente “sadios” e com forte proteção política.

    José Rafael Trozzo, o presidente do BIR, era a voz de apoio ao regime entre o empresariado mais saliente, e Luis Alberto Oddone, dono do banco que levava seu sobrenome, chegou mesmo a custear do próprio bolso a fortuna de US$ 700 mil (valores de 1976) pagos à agências internacionais de relações públicas e lobby para que propagandeassem os feitos do novo regime argentino. Trozzo, avisado por um general camarada, fugiu para Miami. Oddone resolver peitar Martinez de Hóz e passou longa temporada numa masmorra nos arredores de Buenos Aires.

    Mais curioso foi o final do banqueiro Ruben Beraja, do Banco Mayo, presidente da DAIA (Delegación de Asociaciones Israelitas Argentinas) e destacado membro da corte de Menem, nos anos infames do neoliberalismo platino. Diante de uma fraude monstruosa, um rombo que atravessava a casa das centenas de milhões de dólares, o BCRA (o Banco Central de lá) simplesmente decretou a liquidação do Mayo. Beraja se encontrava em Washington, como feliz e prestigiado integrante da comitiva do presidente Carlos Menem. No hall do hotel, a caminho da Casa Branca, Carlos Korach, mafioso chefe-de-gabinete da Casa Rosada, o desconvida na frente dos presentes e lhe dá com crueza a notícia do estouro de seu banco: “Te jodeste, hermano”. Nem sempre a proximidade com o poder e a intimidade com os poderosos consegue segurar um banco quebrado. Dinheiro é coisa séria.

    Ricardo Espirito Santo Salgado comandou por muitos com mão-de-ferro o banco que leva o sobrenome da família materna. Ganhou o popular apelido de “o-dono-disto-tudo” e recebia presidentes, primeiros-ministros e autoridades monetárias em sua deslumbrante casa nos arredores de Lisboa, talvez uma das mais lindas da Europa. Elegante e arrogante, impôs-se na política portuguesa, na de Moçambique, na de Angola e, também, recebeu Marcos Valério e uns sôfregos emissários do delator Roberto Jefferson, então influente dono do PTB, para negociações mirabolantes acerca de aplicações das reservas do tesouro brasileiro. Que, é claro, jamais foram feitas.

    O sólido banco de Ricardo E. S. Salgado não era tão sólido quanto parecia, e seu espírito como banqueiro estava longe de ser santo. Hoje, depois de apeado da presidência do antigo colosso lusitano, espera em prisão domiciliar a decisão da Justiça sobre propinas pagas, propinas recebidas, desvios de fundos e balancetes dignos de Ionesco. Não sem antes ter deixado nas burras do tesouro a bagatela de três milhões de euros - valor arbitrado como fiança pelo direito de não ir (por enquanto) mofar num cárcere lisboeta qualquer. Sabe o que aconteceu ao ex-dono-disto-tudo? Encontrou pela frente um primeiro-ministro corajoso, um ministro da Fazenda sério e um juiz imparcial. O futuro do ex-banqueiro que comandou governos e tratava dignatários por “tu” não é nada alvissareiro.

    Voltemos ao patropi.

    Ângelo Calmon de Sá despachava em histórico edifício na Cidade Baixa, em Salvador, sede do então centenário Banco Econômico. Não fitava as pessoas, mal as cumprimentava e um dos seis elevadores estava permanentemente interditado. Só o “doutor Ângelo” podia usá-lo. Estava em Paris, numa suíte do George V, tomando champanhe Cristal Rosé Brut Imperial com dona Ana Maria, mas o “seu” elevador, lá no centro histórico lindo e fétido de nossa primeira capital, estava fechado aos mortais. Ele era uma semidivindade baiana. Não estava entronizado no altar da Igreja do Bonfim nem flutuava entre os imensos Orixás do genial escultor Tati Moreno nas águas escuras do Dique do Tororó.

    Os governadores da Bahia passavam pela opulenta casa, majestosamente plantada entre mangueiras frondosas, lá no alto de um dos vales rasgados no ventre soteropolitano, prestando-lhe vassalagem e os salamaleques de praxe. Muitas e muitas vezes o “doutor Ângelo” viajava ao Rio, São Paulo ou Brasília, sozinho, aboletado em um de seus dois jatos Falcon, enquanto seus assessores diretos, velhos diretores e gerentes fiéis o seguiam como mortais que eram em voos comerciais. Ministro da ditadura militar e de Collor, presidente do Banco do Brasil, nome sempre lembrado para concorrer ao governo da Bahia, industrial com várias fábricas da Coca-Cola, imenso plantador de cacau, criador de gado da melhor raça, latifundiário de terras que se perdiam no horizonte. Financiou pesadamente todos os partidos, com preferência pela Arena, PDS e PFL, sem se esquecer de encher os cofres de FHC em 94. Pois meses depois - e com dezenas de deputados e senadores comandados pelo inefável ACM atravessando a rua e invadindo o Palácio do Planalto para pressionar em favor do “doutor Ângelo” e do seu agonizante bancão – o mesmo FHC foi obrigado a decretar o fim do Econômico. Estava podre.

    Do “doutor Ângelo” sobrou uma dívida imensa, recordações cinzentas e uma pasta rosa, providencialmente deixada em sua mesa na presidência do Econômico, com a contabilidade paralela onde constavam generosos aportes aos políticos de suas relações, de ACM a FHC, passeando por todo o abecedário.

    José Eduardo Andrade Vieira era o quarto dos filhos do velho Avelino, o mais destacado banqueiro paranaense. Dois irmãos morreram no mesmo acidente aéreo. O terceiro, de enfarte fulminante. Sobrou ele, a quem não estava destinada a tarefa de comandar o império iniciado pelo pai. Como o J. Pinto Fernandes, do poema do mestre Drummond, “Zé do Banco” não tinha entrado na história, mas com o Bamerindus ficou.

    Com muito trabalho e muita simpatia o patriarca havia feito de um tamborete (o Banco Mercantil e Agrícola do Norte do Paraná) nascido em Tomazina, uma pobre cidadezinha, o portentoso Bamerindus, um dos maiores bancos do Brasil nas décadas de 50, 60, 70, 80 até sua quebra na metade dos anos 90. Zé Eduardo até que se saiu bem. Liberal, generoso, recrutou executivos respeitados no mercado, jamais teve seu nome envolvido em negociatas ou corrupção, investiu no marketing e fez de seu Bamerindus uma marca moderna, simpática. Surpreendeu os que dele pouco esperavam. Mas se meteu na maldita da política, comprou um partido, o  PTB, comprou um mandato de senador pelo Paraná, virou ministro de Itamar Franco, financiou pesadamente FHC (que fez sua campanha nos jatinhos do banco), virou ministro do governo do tucano e quebrou bonito.

    De uma casa bancária, o extinto Banco Nacional, Paulo Henrique Cardoso sacou a herdeira, Ana Lúcia Magalhães Pinto, com quem manteve casamento de 17 anos, do qual nasceram filhas gêmeas. Viajavam Brasil e mundo afora num jatinho da Líder mantido à disposição, mantendo imensa distância de qualquer coisa que lembrasse trabalho. Os cunhados pagavam as contas e ajudaram o pai do cunhado diletante a eleger-se presidente, sendo um de seus maiores doadores. Até que em 1994, com milhares de empréstimos a clientes fictícios gerados pelo contador Clarimundo Sant’Anna na tentativa de salvar a casa já em escombros, o Banco Nacional já dava mostras de sua precariedade.

    No réveillon de 1994, véspera de assumir o Palácio do Planalto, o recém-eleito presidente aparece ao lado de Marcos Magalhães Pinto, presidente do Nacional e irmão de sua nora Ana Lúcia, risonhos numa opípara festança de réveillon da família. Eles, os discretos banqueiros de Minas Gerais, já viviam o outono de uma antiga opulência. Em 1995, ainda no primeiro mandato de FHC, o Banco Central decreta a liquidação do Nacional (o Unibanco, hoje Itaú, pegou o filé da massa falida, deixando a “banda podre” para o contribuinte). Nem o futuro das netas, nem o farto dinheiro recebido pelo PSDB na campanha, conseguiram impedir a ação saneadora do Banco Central. Contrafeito, a FHC só restou assinar a sentença de morte.

    Dois meses depois, PHC deixa Ana Lúcia e suas gêmeas e se instala num hotel da grã-finíssima Avenida Vieira Souto, de frente para o mar de Ipanema. O rombo bilionário, que extinguiu o Banco Nacional - do qual a mulher de PHC era herdeira e acionista igualzinho a “educadora” Neca Setúbal - é tido como a maior fraude financeira da história do Brasil, pois, ao que se sabe, atingiu quase um terço do dinheiro circulante. Sejamos mais didáticos: o rombo deixado pelos então parentes de FHC equivalia a mais de R$ 3,00 de cada R$ 10,00 em circulação no país!

    Vamos passear de novo pelo mundo.

    Nélson Mezerhane é um judeu venezuelano, elegante e simpático. Homem de coragem, financiou a oposição e resolveu enfrentar o regime do coronel Hugo Chávez. Seu Banco Federal não era o maior da Venezuela, mas estava entre os melhores, com centenas de milhares de clientes e uma rede de agências espalhadas por todo o país, investimentos em outras empresas e boa fama no mercado. A colônia judaica local não entendeu o que achou ser “loucura” do seu mais destacado integrante e benfeitor. O problema é que a carta-patente, aquela autorização de funcionamento de uma instituição financeira, é dada pelo Banco Central, a autoridade monetária do país. Preciso contar o resto da história? Mezerhane teve sorte. Sorte e um jatinho. Está em Miami, sem banco, porém livre de uma série de “boletos de captura”, as temidas ordens de prisão.

    Outros banqueiros já se envolveram na política e são testemunhos do que, sempre e inevitavelmente, acontece aos que confundem o ronco da história com o tilintar das moedas. Quando financiam candidatos, pagam contas de campanha, participam diretamente do movimento eleitoral, é sinal de que estão com algum grave problema, algo muito sério a ser escondido. Quando se imiscuem na vida pública e no processo eleitoral o fazem em busca de proteção política e salvação imediata. Ou são autores de rombos colossais ainda não revelados ao “mercado” ou pressentem o estouro próximo da boiada, por conta de multas, sonegações, contabilidades paralelas, perdas maquiadas em balanços fictícios, negócios mal feitos, fusões ou incorporações que não geraram o ganho de competitividade e de caixa esperados.

    O espanhol Mário Conde, do Banesto (Banco Español de Crédito), era locomotiva da alta sociedade madrilena e banqueiro da família real. Na lista dos 10 homens mais elegantes da Espanha, dos 10 homens mais admirados da Espanha, dos 10 homens mais respeitados da Espanha, dos 10 homens mais influentes da Espanha, dos 10 maiores filantropos da Espanha, dos 10 maiores mecenas da Espanha, dos 10 maiores financiadores de partidos e políticos da Espanha. E o seu banco, um dos 10 maiores da Espanha, não tinha caixa 2, mas tantas contabilidades paralelas a esconderem sua situação pré-falimentar, que passavam das 10. Quebrado em 1993, preso e condenado, pegou 10 anos de cadeia.

    Mas, também, há banqueiro que fica bem na história.

    O embaixador Walther Moreira Salles foi um dos grandes brasileiros do seu tempo. Iniciador de grandes negócios, visionário, serviu aos governos de Getúlio, JK e Jango. Foi ministro da Fazenda, duas vezes embaixador em Washington, negociador de nossa dívida externa (na melhor das negociações que já fizemos). Angariou imenso prestígio e multiplicou a fortuna iniciada pelo pai no sul de Minas Gerais, na cidade de Poços de Caldas, com um armazém de secos e molhados. Mas nunca foi político, tendo até rechaçado um convite de JK para ser o candidato do PSD ao governo de seu Estado. Apesar disso, atuou com desenvoltura nos bastidores do poder, sem jamais tornar-se um operador político ou o impulsionador de candidaturas ou candidatos.

    O ditador Costa e Silva lhe devotava verdadeiro horror. O motivo era prosaico: levou um chá-de-cadeira de Jânio Quadros (a quem mandou cassar em 64 para depois assumir a autoria da violência às gargalhadas) e, incomodado, viu que era Moreira Salles quem saia da sala do então presidente eleito. Em 68, com o AI-5, resolveu cassar o elegantíssimo e educadíssimo banqueiro. Delfim Netto, consultado acerca da estultice já transformada em ato prestes a ser assinado, fez o chefe mudar de idéia: “Tudo bem, presidente. Mas o Walther tem mais crédito que o Brasil”.

    Olavo Setúbal, um engenheiro cartesiano e formal, conhecido pela aplicação nos negócios e pela inegável inteligência, construiu um império baseado no trabalho e em golpes da boa sorte. Herdou do tio um banco sem maior expressão, o Federal de Crédito, e o fez crescer à custa de fusões e incorporações, dezenas delas, particularmente ao longo das décadas de 50, 60 e 70. Com o regime militar seus negócios floresceram. Contou com o apoio da ditadura para assumir outro grande banco, o Banco União Comercial (BUC), de propriedade da família do milionário Soares Sampaio, à beira da quebra por conta de uma desastrada gestão de Roberto Campos, seu presidente e verdadeiro mito do liberalismo econômico brasileiro. O genro de Soares Sampaio, o industrial Paulo Geyer, não aceitou as condições de-pai-para-filho com que o Banco Central doava o BUC a Setúbal, e resolver não assinar a transferência de suas ações. “Perguntem ao Geyer se ele vai assinar logo ou se eu vou precisar mandar dois sargentos irem buscá-lo em casa?”, foi a reação do general Ernesto Geisel.

    Além do BUC, a ditadura presenteou Setúbal com a prefeitura de São Paulo, onde ele se saiu bem. Deu conta do recado e protagonizou um episódio decente: recusou-se a demitir o secretário de Cultura, o respeitado dramaturgo Sábato Magaldi, apontado como “comunista” pelo execrável general Silvio Frota, um monstrengo da linha mais que dura.

    Picado pela mosca azul, “Olavão” foi preterido pelos milicos na sucessão de Paulo Egydio ao governo de São Paulo e se preparou para disputar o Palácio dos Bandeirantes pelo PFL em 1986. Na convenção do partido, um grupo de malandros tirou o tapete do dono do Itaú e impediu sua candidatura, substituída pela de Paulo Maluf. Desiludido, Olavo nunca mais confundiu as urnas eleitorais com os caixas do Itaú.

    Recordo essas histórias, ao alcance de qualquer um, para declarar meu espanto com a participação ativa e exótica de bancos e banqueiros – a começar pelo Itaú de Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles – no financiamento e sustentação da candidatura de Marina Silva à presidência da República. Custo a crer que essa aventura surpreendente, atentatória aos bons manejos bancários, às boas práticas empresariais, seja um biombo desesperado para evitar o pagamento de multa no valor impressionante de R$ 18 bilhões e 700 milhões devidos à Receita Federal em impostos não recolhidos na fusão Itaú-Unibanco. Mas, também, não creio que tais banqueiros sejam ingênuos, inocentes ou desavisados. Creio que a arrogância e o desespero, quem sabe, formaram um caldo de cultura que os fará se arrepender mais cedo que tarde da aventura em que se meteram, fazendo de uma despreparada evidente uma candidata com um Itaú de vantagens para eles, os banqueiros, e de desvantagens, para o país.

    A ingerência de um colosso bancário na vida pública do país protagonizou até uma festa-fraude. A dos 90 anos de fundação do Itaú-Unibanco. Ora, quem completaria 90 anos não existe mais, o banco dos Moreira Salles. O Itaú foi fundado em 1945, com outro nome, e veio crescendo como já se relatou aqui. Mas esse pretexto serviu para colocar centenas de alegres convivas do society paulistano, gente do mercado financeiro e alguns empresários ligados à oposição num regabofe onde o presidente executivo do Itaú fez um pavoroso discurso político-eleitoral, atacando o governo e deixando claro o seu apoio à mutante candidata acreana, claramente desqualificada para a missão de comandar um país como o Brasil. Da dívida bilionária, não se falou nada. Sem trocadilho, necas.

    Não é preciso ser futurólogo. O suave embaixador Walther e o objetivo Olavo não ousaram tanto e, no entanto, não saíram incólumes.

     

  • E aí, Villa? Como fica?

    Tijolaço

     

    21 de setembro de 2014 | 13:54 Autor: Miguel do Rosário

     

    Há alguns meses, o historiador ultratucano Marco Antonio Villa publicou um artigo no Globo, onde tem espaço cativo, intitulado Adeus, PT.

    Foi reproduzido, naturalmente, em todos os espaços tucanos. Os blogueiros da Veja o reproduziram com entusiasmo.

    Pois bem, nada com um dia após o outro.

    Nem vou entrar no mérito se o PT vai crescer ou não este ano. Mas é absolutamente ridículo achar que ele vai “acabar”. Provavelmente, vai crescer.

    Quanto ao PSDB, faltando cerca de 2 semanas para as eleições, as previsões dos próprios tucanos, segundo informação de Ilimar Franco, são sombrias:

    Para onde vai o PSDB?
    Por ILIMAR FRANCO

    21.9.2014 9h07m
    O PSDB está mergulhando numa profunda crise. As previsões dos especialistas são as de que os tucanos vão encolher na Câmara, no Senado e nos governos estaduais. Além disso, o partido não terá mais expectativa de poder. Se a presidente Dilma for reeleita, Marina Silva será a alternativa de poder para 2018. Se Marina vencer, quem assumirá a bandeira da oposição será o PT. Uma derrota em Minas deixará o partido ainda mais paulista.

    O feitiço se voltou contra o feiticeiro. Tudo que Villa havia previsto acontecer contra o PT, vai desabar contra o PSDB.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=21407

     

  • 13 razões para votar contra a independência do Banco Central

    Carta Maior

     

    21/09/2014

     

    13 razões para votar contra a independência do Banco Central

     

    O projeto vencedor da eleição não pode ser usurpado por um Quarto Poder não eleito, composto arbitrariamente por tecnocratas do setor financeiro.

     

       

    Fernando Nogueira da Costa (*)

     

    A primeira razão para votar contra a Independência do Banco Central é Política: a defesa do direito político do cidadão de votar, ser votado, e escolher o programa socioeconômico estratégico para o País de maneira autônoma. O projeto vencedor da eleição não pode ser usurpado por um Quarto Poder não eleito, composto arbitrariamente por tecnocratas de uma linha de pensamento econômico oposta.

    A segunda razão para votar contra a Independência do Banco Central é Cívica, isto é, em defesa dos direitos cívicos do cidadão como elemento integrante do Estado. A civilidade relaciona-se também ao dever de observar as formalidades que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito. Cabe evitar o corporativismo dos funcionários do Banco Central. Eles não podem ser servidores públicos autônomos sem prestar contas e voltados para seus próprios interesses particulares.

    A terceira razão para votar contra a Independência do Banco Central é a Separação entre os Poderes. É essencial para a manutenção da liberdade política que o Estado seja dividido em apenas três poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Em regime democrático, os representantes do povo são eleitos para legislar e fiscalizar, assim como é eleito o(a) presidente(a) da República. Não há como comparar as exigências das carreiras dos magistrados do Poder Judiciário com as das carreiras de economistas que compõem o COPOM – Comitê de Política Monetária.

    A quarta razão para votar contra a Independência do Banco Central é o Critério de Escolha da Diretoria. O verdadeiro objetivo dos assessores econômicos que fazem a cabeça para uma candidata defender o anacronismo dessa independência é escolher colegas de pensamento econômico ultraliberal para o dominar esse Quarto Poder.

    A quinta razão para votar contra a Independência do Banco Central é o Viés da Validação Ilusória. Os membros de sua Diretoria buscariam só dados que corroborassem suas projeções como fosse um pensamento único coletivo. Sem pluralismo, falariam só com analistas que pensam da mesma maneira, selecionariam apenas informações que apoiassem sua decisão. O correto seria ter contatos com pessoas com pensamentos distintos ou fontes que questionassem suas hipóteses, fazendo-os refletir, procurar por pontos que não seriam capazes de prever.

    A sexta razão para votar contra a Independência do Banco Central é a Rejeição da Tecnocracia. Democracia é governo no qual o povo, direta ou indiretamente, toma as decisões importantes a respeito das políticas públicas, não de forma ocasional ou circunstancial, mas segundo princípios permanentes de legalidade. Não se confunde com Tecnocracia, isto é, o sistema de organização política e social fundado na supremacia dos técnicos, e/ou com Meritocracia, quando há predomínio social daqueles que supostamente têm mais méritos intelectuais segundo o julgamento com o viés de auto validação de seus próprios pares de pensamento similar. Independência do Banco Central é um Golpe Tecnocrata!

    A sétima razão para votar contra a Independência do Banco Central é Histórica. Ser cidadão brasileiro representou conquistar direitos civis, como ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante à lei, com um século de atraso, apenas com a extinção da escravidão e a proclamação da República, em 1888-89, em relação às conquistas inglesas, norte-americanas e francesas no Século XVII-XVIII. Somente um século depois, com a Constituinte de 1988, após 1/3 do período republicano com ditaduras (1930-1945 e 1964-1984), quando predominou o Poder Tecnocrático, conquistamos plenamente os direitos políticos de eleger a direção da sociedade, votar, ser votado, associar-se em sindicatos e partidos, liberdade de expressão, etc. Na transição do Século XX para o XXI, começamos a conquistar direitos sociais à educação, à saúde, à aposentadoria, à segurança pública. No Século XXI, nosso grande desafio está sendo conquistar direitos econômicos: ao trabalho, ao salário justo, a uma renda mínima, acesso aos bancos, isto é, a crédito e produtos financeiros. Não podemos permitir o retrocesso à autonomia dos tecnocratas na colocação de obstáculos a essas conquistas!

    A oitava razão para votar contra a Independência do Banco Central é a Descoordenação entre Instrumentos de Política Econômica. É necessário obter consistência no uso dos dois instrumentos de política de controle da demanda agregada (política fiscal e política monetária), dois regimes de câmbio (estabilizado e flexível) e quatro graus de mobilidade de capital. A Diretoria do Banco Central e a equipe econômica do Ministério da Fazenda não podem atuar de maneira descoordenada, uma tomando decisões que prejudicam a outra1.

    A nona razão para votar contra a Independência do Banco Central é o Argumento de Autoridade. Milton Friedman afirma que “a proposta do Banco Central independente não é a proposta monetarista”. Ele é contra o arbítrio colocado à disposição da diretoria de Banco Central independente. Joseph Stiglitz, economista keynesiano ganhador do prêmio Nobel de Economia, em 2001, e ex-vice-presidente do Banco Mundial, se opõe à autonomia dos bancos centrais porque esses “tomam decisões que afetam todos os aspectos da sociedade, incluindo as taxas de crescimento econômico e do desemprego. Porque existem trade-offs, essas decisões só podem ser feitas como parte de um processo político”. Ele assinala que os “trabalhadores, que têm muito a perder se o Banco Central persegue uma política monetária excessivamente rígida, não têm um lugar na mesa. Mas os mercados financeiros – que não têm muito a perder com o desemprego, mas são afetados pela inflação [devido à “eutanásia dos rentistas” que aplicam em títulos de renda fixa] – são tipicamente bem representados”. Por fim, observa que “China, Índia e Brasil enfrentaram com mais êxito que diversos países centrais a crise econômica internacional porque evitaram conceder autonomia a seus bancos centrais”.

    A décima razão para votar contra a Independência do Banco Central é que Correlação não é Causalidade. Eventual correlação entre grau de autonomia do Banco Central e baixa taxa de inflação significa apenas que esta é resultante de outros fatores como abertura comercial, finanças públicas em ordem, taxa de câmbio estável, etc., existentes em países com ou sem Banco Central independente, indicando espuriedade.

    A décima-primeira razão para votar contra a Independência do Banco Central é a Tropicalização Antropofágica Miscigenada. Ao longo da história econômica brasileira se impuseram duas sabedorias. Primeira, “independentemente dos homens e de suas intenções, sempre que o Banco Central se entrega à austeridade financeira, os Bancos Públicos escancaram os cofres, com a inevitabilidade quase de uma lei natural”. Segunda, “o comportamento dos Bancos Públicos é, por definição, o desejado pelo Governo da Ocasião, seja ele monetarista, seja desenvolvimentista, ou, quase sempre, apenas pragmático”. A dosagem de suas operações é instrumento básico de política monetária. O direcionamento setorial do crédito dá-lhe flexibilidade. Em outras palavras, cada país tem suas próprias instituições ou costumes. Não são intercambiáveis, pois são construções coletivas de cada povo.

    A décima-segunda razão para votar contra a Independência do Banco Central é o Anacronismo da Ideia. É uma atitude que não está de acordo com nossa época de inflação estável. A experiência brasileira de estabilização inflacionária demonstra que ter Banco Central independente não é nem condição necessária nem suficiente, para combater a inflação. Para o sucesso dessa política, há sim necessidade de adotar política macroeconômica abrangente e coordenada, envolvendo política de abertura comercial, política fiscal, política de rendas, política cambial e política de juros, em condições internacionais propícias ao acúmulo de reservas internacionais e à sobrevalorização da taxa de câmbio. A independência do Banco Central também não consegue controlar a oferta de moeda endógena, ou seja, a remonetização determinada pela nova demanda por moeda dos agentes econômicos nas condições de estabilidade inflacionária. Sempre são as forças de mercado que efetivam a oferta de moeda.

    A décima-terceira razão para votar contra a independência do Banco Central é a Dependência em Relação a O Mercado. O risco de sua autonomia absoluta em relação ao governo é seus diretores tornarem-se dependentes de apoio de O Mercado para a nomeação e, depois, contratação após a demissão ou a aposentadoria.
    __________________________
    (*) Por exemplo, a eficácia da política fiscal em regime de câmbio fixo depende do grau de mobilidade de capital: se forte, o impacto monetário do balanço de pagamentos reforça o efeito inicial da expansão fiscal; se fraco, o efeito estimulante da política fiscal sobre renda é contrariado, parcialmente, pelo déficit externo que leva à contração monetária. Outro exemplo é a combinação ótima de políticas econômicas com taxa de câmbio estável: com controle de capital, uma política fiscal expansionista em simultâneo com uma política monetária contracionista, eleva o juro sem atrair capital suficiente para cobrir o déficit do balanço de pagamentos, obtendo expansão da renda e do emprego.

     

    Já com abertura financeira, a política fiscal expansionista, acompanhada de política monetária expansionista, limita a alta do juro e, em consequência, o superávit da conta capital, estimulando o investimento. Com regime de câmbio flexível, a política monetária será sempre mais eficaz do que é com regime de câmbio fixo, independentemente do grau de mobilidade de capitais. Já a política fiscal com mobilidade forte provoca superávit do balanço de pagamentos e apreciação da moeda nacional, desestimulando a exportação e estimulando importações.
     
    Portanto, para ela ser eficaz no sentido expansionista, tem de ser combinada com controle de capital, provocando déficit do balanço de pagamentos e depreciação da moeda nacional, o que reforça a exportação de produtos nacionais.

    (*) Professor Livre-Docente do IE-UNICAMP. Autor do livro “Brasil dos Bancos” (Edusp, 2012). http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/ E-mail: fernandonogueiracosta@gmail.com.

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/13-razoes-para-votar-contra-a-independencia-do-Banco-Central/7/31840

  • A luta pela nova classe

    A luta pela nova classe média

    Muito interessante essa matéria da Folha, sobre o embate entre Marina e Dilma no interior das classes sociais.

    Os dados do Datafolha, cruzados com a evolução sócio-econômica dos últimos anos, comprovam o que todos já identificavam instintivamente. E que temiam há tempos. A nova classe média que emergiu no Brasil tende a emular opiniões políticas das camadas mais altas, até para se diferenciar daquelas classes das quais se afastou há pouco.

    O governo, ao não elaborar uma política de comunicação e de cultura voltada para esse setor, beneficiado pelas políticas que ele mesmo implementou, permitiu que a mídia (que é depositária dos valores e interesses da elite) assumisse uma hegemonia política que vinha perdendo naturalmente.

    A classe média intermediária, que representava apenas 17% da população em 2002, hoje corresponde a 32%.

    É um novo país, que requer uma outra linguagem política.

    E uma outra mídia.

     

    Disputa Dilma-Marina é bem mais dura na classe média intermediária

    RICARDO MENDONÇA, DE SÃO PAULO

    É no interior de uma neopreponderante classe média intermediária –a turma bem do meio na escala social– que a briga entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) aparece mais acirrada.

    Preponderante porque diz respeito a um exército de eleitores que representa um terço do eleitorado (32%), o maior agrupamento numa escala com cinco subdivisões (dos excluídos à classe alta).

    Neo porque o gigantismo desse contingente (pessoas que estão exatamente entre a classe média alta e a classe média baixa) quase dobrou de tamanho desde 2002, o ano em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu sua primeira eleição.

    E acirrada porque é o único grupo da escala social em que há empate técnico entre as duas concorrentes mais competitivas no atual cenário da corrida pela Presidência.

    Editoria de Arte/Folhapress

    No teste de primeiro turno, Dilma tem 35% entre esses eleitores; Marina, 33%. No segundo turno há uma inversão. Marina aparece com uma vantagem um pouco além da margem de erro, que é de dois pontos. A pessebista vai a 49%, a petista atinge 41%.

    Essas constatações foram feitas pelo Datafolha, que, com base nos resultados de suas pesquisas, mesclou dados sobre escolaridade, renda e posse de bens para medir o tamanho exato de cada grupo na escala social (leia sobre o método ao lado).

    Outro dado que chama a atenção no estudo é o aumento escalonado das intenções de voto em Dilma conforme diminui a classe social do eleitor. Uma escadinha.

    Na classe alta, ela tem só 19% das intenções de voto. Sobe para 27% na classe média alta. Vai a 35% na intermediária, 40% na classe média baixa e atinge seu recorde, 49%, entre os excluídos.

    Com Marina e o senador Aécio Neves (PSDB) ocorre exatamente o oposto: eles crescem conforme melhora a condição social do eleitor (confira no primeiro gráfico).

    Ao aplicar os mesmos critérios para definição de classes em resultados de pesquisas de anos anteriores, é possível enxergar com nitidez a dimensão das transformações sociais ocorridas nos últimos anos.

    Além do agigantamento da classe média intermediária, constata-se que o grupo dos excluídos deixou de ser o maior, embora continue grande. Caiu de 33% para 27%.

    E a classe média baixa minguou, de 23% para 13%. Parte grande de seus antigos representantes evoluíram para o ponto intermediário.

    Com isso, a clássica ideia de pirâmide social –um modelo em que a base era o maior grupo e os demais segmentos ficavam menores conforme evoluíam– foi detonada.

    O formato, hoje, não é nada regular. Parece mais sofisticado e menos injusto.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=21394

  • Dilma abre 17 pontos de

    Dilma abre 17 pontos de vantagem em Minas; Marina e Aécio empatam
     

    PRESIDÊNCIA

    Dilma amplia e rivais empatam

    Levantamento realizado em Minas aponta para realização do segundo turno da disputa

    CARLA KREEFFT, em O TEMPO

    Pesquisa DataTempo/CP2 realizada de 11 a 15 de setembro em todas as regiões de Minas Gerais mostra a candidata à reeleição, presidente Dilma Rousseff, na liderança pela disputa ao Palácio do Planalto. Ela tem 39,8% das intenções de voto. Marina Silva, candidata do PSB, e Aécio Neves, que concorre pelo PSDB, estão tecnicamente empatados na segunda colocação. Marina tem 22,3% da preferência do eleitorado e é seguida de perto por Aécio, com 21,1%. A diferença entre os dois é de 1,2 ponto percentual, menos do que a margem de erro, que, neste levantamento, é 2,16 pontos percentuais.

    Já a petista tem 17,5 pontos percentuais de vantagem em relação à adversária mais próxima, Marina Silva. No levantamento anterior, divulgado em 30 de agosto, a diferença entre Dilma e o segundo colocado, Aécio Neves, era de 9,6 pontos percentuais.

    Os dados de Minas Gerais apontam para a realização de segundo turno, mas não conseguem responder quem iria para a segunda fase de votação com Dilma Rousseff.

    Chama atenção a tendência de queda das intenções de voto de Aécio Neves. O tucano tinha, no levantamento divulgado em 9 de agosto, 41,2%. Passou para 26,5%, em 30 de agosto, e agora tem 21,1%.

    Já Marina Silva faz o caminho inverso. Em 9 de agosto, quando o candidato do PSB era Eduardo Campos, morto dia 13 daquele mês em um acidente aéreo, a pontuação era 4,8%. Em 30 de agosto, já com Marina como titular da chapa, passou para 20,5% e, agora, 22,3%. Dilma Rousseff pulou de 33,8% em 9 de agosto para 36,1%, em 30 do mesmo mês e, agora, 39,8%.

    Nesta situação, o número de indecisos permanece estável, variando de 8,9% para 8,8%. Nenhum dos outros candidatos alcançou 1% da preferência do eleitorado mineiro.

    Espontânea. Quando não é apresentada para os entrevistados a lista dos candidato, a situação não é muito diferente da anterior.

    Dilma Rousseff é citada por 36,9%. No levantamento anterior foi lembrada por 32,6%. Marina Silva cresceu de 14,9% em 30 de agosto para 19,4% agora. Já Aécio Neves, que foi a opção de 26,3% dos entrevistados no levantamento divulgado em 9 de agosto, passou para 20,6% em 30 de agosto. Agora é citado por 17,8% .

    Nessa modalidade, o número de indecisos aumentou de 18% em 9 de agosto para 20,6% em 30 do mesmo mês e, agora, atinge 15,5%. Os outros candidatos não chegaram a ser citados por 1% dos pesquisados DataTempo/CP2.

    A pesquisa foi realizada de 11 a 15 de setembro em todas as regiões do Estado. Foram realizadas 2.075 entrevistas com pessoas de todas as faixas etárias e os vários níveis de escolaridade e renda familiar. A margem de erro é de 2,16 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi encomendado pela Sempre Editora.

    Dados

    Registro. A pesquisa DataTempo realizou 2.075 entrevistas entre 11 e 15 de setembro. A margem de erro é de 2,16 pontos percentuais. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral com número BR 00650/2014.

    http://www.viomundo.com.br/politica/dilma-dispara-em-minas.html

  • Mauricio Dias: Por que o ódio

    Mauricio Dias: Por que o ódio ao PT e aos petistas?

    Mais uma vez surge, nesta eleição presidencial, como fator determinante da escolha de uma porção da sociedade

    por Mauricio Dias, em CartaCapital  

    O ódio ao PT e aos petistas em geral é um eixo importante sobre o qual também gira a campanha presidencial de 2014.

    Esse sentimento antigo, manifestado abertamente por adversários de influência forte no eleitorado de oposição, permanece em estado latente e se manifesta mais claramente nas “guerras” presidenciais. Em tempos de “paz” é cochichado pelos cantos do Congresso e, igualmente, em reuniões sociais onde não há preocupação em expor preconceitos.

    Nesses salões mais elegantes, os petistas são tratados de corja.

    Recentemente, o asco jorrou surpreendentemente da boca do senador Aécio Neves, um mineiro até então pacato com os adversários políticos. A competição acirrada fez o candidato a presidente pelos tucanos sair dos seus cuidados.

    “Sei que não vou ganhar. Minha luta é contra o continuísmo dessa gente. É contra isso que vou lutar”, confidenciou a Jorge Bastos Moreno, de O Globo. Isso, ainda no início de campanha, revelou o jornalista.

    Reação incomum a do mineiro Aécio Neves, neto de Tancredo.

    A tradicional cordialidade na sociedade mineira, por exemplo, aproximou o tucano Aécio do petista Fernando Pimentel. Em 2008, firmaram a aliança, com resistências no PT, para eleger o prefeito de Belo Horizonte. Acordo repudiado pelos petistas mineiros.
    Na política, excetuadas as exceções, os adversários não são tratados como inimigos. Sabem que amanhã será outro dia e poderão estar no mesmo palanque.
    O ódio embutido na frase de Aécio Neves tem explicação e antecedentes. Alguns bem mais explosivos e de maior violência verbal.

    Em 2006, o senador Jorge Bornhausen (PFL-DEM) lançou uma provocação violenta contra a reeleição de Lula: “Vamos acabar com essa raça. Vamos nos livrar dessa raça por, pelo menos, 30 anos”. Falhou na previsão, como se sabe. Essas são algumas das raízes que fazem o ódio aflorar no processo eleitoral deste ano de forma mais transparente. O sentimento espalhou-se por uma parte considerável do eleitorado. De alto a baixo.

    Para derrotar Dilma, um grande contingente de eleitores tucanos trocou de camisa. Optou por Marina. Aécio em poucos dias foi desidratado. Ele chegou a ter 23% das intenções de voto. Mas empacou. Dilma aproximou-se muito da possibilidade de vencer no primeiro turno. Aproximadamente, 30% dos eleitores formavam o grupo dos indecisos ou mostravam a intenção de votar em branco ou nulo.

    O imprevisto jogou Marina na disputa. Ela rapidamente superou Aécio, que caiu para 15% das intenções de voto. Voltou a subir a 19% segundo o Ibope.

    Trocar Aécio por Marina não é, efetivamente, resultado político adequado pelos critérios políticos mais tradicionais. A troca de candidato, no entanto, é fruto do medo de uma nova vitória do PT, cujo compromisso social assusta parte da sociedade com dificuldade de conviver com pobres.

    Essa porção de privilegiados assusta-se com um pouco mais de igualdade. Da fonte do medo também brota o ódio.

  • Ninguém se entende no time

    Ninguém se entende no time econômico de Marina

    Equipe econômica que dá as diretrizes do programa de governo da candidata do PSB, Marina Silva, não se entende em temas centrais da economia brasileira; o papel da Petrobras na exploração do pré-sal, os direitos trabalhistas e a meta inflacionária são alguns dos temas que dividem os integrantes da equipe marinista, o que tem gerado muita polêmica e desconforto para a candidata, que tem que ficar se explicando todos os dias

    A equipe econômica que dá as diretrizes do programa de governo da candidata do PSB, Marina Silva, não se entende. O papel da Petrobras na exploração do pré-sal, a mudança dos direitos trabalhistas, a meta inflacionária dividem os integrantes da equipe marinista, o que já gerou polêmica e colocou a candidata em situações adversas.

    Quanto ao pré-sal, o coordenador de programa de governo, Bazileu Margarido diz que o atual papel da estatal será mantido. Já Eduardo Giannetti, da equipe econômica, diz que a situação da Petrobras é de "incerteza". Ele defende que a empresa seja "recolocada na sua seriedade, na sua competência, com quadros técnicos qualificados". O coordenador da campanha de Marina, Walter Feldman, diz que o peso excessivo não faria bem à Petrobras, sinalizando para uma mudança no marco regulatório do pré-sal, o que significa atrasar a exploração das reservas.

    Já sobre as leis trabalhistas, a impressão de que Marina poderá alterar a legislação surgiu do próprio programa de governo dela que fala em "modernizar as relações entre empresas e empregados". Ela, no entanto, disse que não irá mudar. Em relação à inflação, Marina disse que a meta da inflação deve ficar em 4,5% ao ano. Alexandre Rands, que era conselheiro de Eduardo Campos, havia sugerido aumentar a meta.

    http://www.brasil247.com/pt/247/poder/154192/Ningu%C3%A9m-se-entende-no-time-econ%C3%B4mico-de-Marina.htm

  • Aprovação a ciclovias humilha

    Aprovação a ciclovias humilha o maníaco de Veja

    Dois dias atrás, o blogueiro Reinaldo Azevedo rotulava o prefeito Fernando Haddad como "maníaco" por tentar implantar ciclovias em São Paulo; veio a pesquisa Ibope e mostrou que quase 90% dos paulistanos são favoráveis a elas; um dia depois, veio o Datafolha e mostrou que a aprovação ao prefeito subiu em razão, principalmente, da política de estímulo a meios alternativos de transporte – o que tem o apoio até da revista Veja; inconformado, o blogueiro neocon de Veja agora rotula Haddad como "o Odorico Paraguassu da bike"; Reinaldo, que vinha contando os dias para a saída de Haddad da prefeitura, talvez tenha que refazer as contas; por que não mais quatro anos?

    Acredite se quiser. Era este o título de uma notícia publicada por Reinaldo Azevedo, o blogueiro neocon de Veja, sobre as ciclovias em São Paulo: "Já que a porrada não funcionou, Haddad, o maníaco, agora quer a Bolsa Bicicleta: dar desconto de IPTU a quem incentivar o que os idiotas chamam de "bike". E ainda faltam 833 dias para a gente se livrar dele..." (leia aqui).

    Somente uma mente doentia, de um maníaco, conseguiria encaixar tantas agressões num único título. De uma só tacada, Reinaldo chamou Haddad de maníaco, os paulistanos de idiotas (afinal, quase todo mundo usa a palavra bike) e ainda iniciou uma contagem regressiva para a saída de um prefeito legitimamente eleito.

    No entanto, os dias que se seguiram ao post de Reinaldo foram cruéis para o neocon da Marginal Pinheiros. Na quinta-feira, uma pesquisa Ibope revelou que 88% dos paulistanos são favoráveis às ciclovias que estão sendo implantadadas em São Paulo, numa batalha entre a metrópole que tenta se civilizar e a barbárie do automóvel.

    No sábado, uma pesquisa Datafolha revelou que cresceu a aprovação ao prefeito Haddad. O motivo: justamente as políticas de mobilidade urbana, que privilegiam o transporte público e meios alternativos, como as bicicletas.

    Também no fim de semana, até a revista Veja, que abriga o blog do "maníaco" Reinaldo, elogiou a política de ciclovias e comparou a situação de Haddad à do ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, que se tornou um dos maiores especialistas do mundo em mobilidade urbana.

    Peñalosa implantou BRTs, ciclovias e estimulou o transporte urbano. No início de seu mandato, enfrentou a fúria insana de seus opositores, que o acusavam de provocar o caos na capital colombiana. No entanto, terminou seu mandado com índices recordes de aprovação popular e suas políticas começaram a ser copiadas mundo afora. Inclusive, em São Paulo.

    Derrotado e humilhado pelos resultados do Ibope e do Datafolha, Reinaldo não recuou em suas posições minoritárias, elitistas e ultrapassadas. Num novo post, publicado neste domingo, classificou Haddad como "o Odorico Paraguassu da bike".

    No entanto, a mente pervertida da Marginal Pinheiros deveria, agora, comprar uma calculadora. Em vez de contar 833 dias para a saída de Haddad, talvez seja o caso de acrescentar outros 1,461 dias – o equivalente a mais quatro anos.

    http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/154196/Aprova%C3%A7%C3%A3o-a-ciclovias-humilha-o-man%C3%ADaco-de-Veja.htm

     

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