Crise: Greve dos Professores Agora em Chicago

Chicago, EUA 
Qual é a importância da greve dos 26 mil professores?

A exposição da crise do sistema de ensino reflete o enfraquecimento dos mecanismos de contenção social implementados pelo Partido Democrata 

18 de setembro de 2012

 

A greve dos 26 mil professores do ensino fundamental e médio, da cidade de Chicago, paralisou as aulas de 350 alunos por mais de uma semana. Trata-se da primeira greve do ensino, na cidade, dos últimos 25 anos e a primeira de professores numa grande cidade do País nos últimos seis anos. Entre as reinvindicações estão aumentos dos salários, um sistema de avaliações que respeite um ensino de qualidade e contra a ampliação da jornada de trabalho e as demissões, pois existe a ameaça de que mais de 100 escolas sejam fechadas.

O Sindicato de Professores de Chicago já conseguiu que a câmara municipal outorgasse um aumento de 16% por quatro anos, mas há várias outras reinvindicações que estão sendo negociadas com a Associação das Escolas Públicas de Chicago.

Os professores promoveram grandes manifestações, vestidos de vermelho, no centro da cidade, e piquetes na maioria das escolas. Milhares de pais dos alunos têm apoiado a greve reclamando da péssima qualidade das escolas. Professores de outras cidades têm manifestado solidariedade com os grevistas, o que pode abrir o caminho para uma greve nacional. 

Chicago representa o símbolo da bancarrota do sistema educacional norte-americano 

Na cidade de Chicago, nada menos que 80% dos estudantes das escolas públicas recebem vale alimentação do governo norte-americano. Somente 20% apresentam um desempenho compatível com os padrões nacionais. Em média, 40% não consegue ingressar no colegial e somente 6% consegue se formar em alguma faculdade com menos de 25 anos de idade.

O governo municipal implementou uma série de medidas para jogar o peso da crise da educação pública sobre as costas dos professores, no formato de um piloto que pretende-se estender a todo o País – extensão dos período escolar diário sem aumentar os salários (inicialmente, 75 minutos nas escolas fundamentais e 30 minutos no colegial), aumento do poder da direção sobre os professores, amarração da avaliação dos professores ao desempenho dos alunos (em 40% da pontuação recebida pelos professores). Essas medidas já foram colocadas em prática em alguns distritos de Ohio, Pennsylvania e Connecticut, mas esta é a implementação mais importante, pois se trata da quarta maior cidade dos EUA.

O Prefeito de Chicago, Rahm Emmanuel, filiado ao PD (Partido Democrata) e próximo ao presidente Obama, está procurando que a justiça declare a greve ilegal, sob a desculpa de que várias das reivindicações “não seriam estritamente econômicas”, o que tem provocado o aumento dos protestos.

A greve representa uma manifestação importante do inevitável processo de enfrentamento dos trabalhadores com o governo do PD que viabiliza o controle em cima do colchão criado em cima dos programas sociais. O aprofundamento da crise capitalista está provocando o fracasso das medidas de contenção, baseadas no aumento do consumo sobre o endividamento da população trabalhadora, e criando importantes rachaduras que começam a aparecer, evidenciando o enfraquecimento do regime.