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Eleições 2022: Cenário “nebuloso” para Doria e “promissor” para Haddad e Tarcísio em SP, mostra Quaest

Levantamento em São Paulo divulgado nesta quinta-feira, 17 de março, pelo instituto Quaest Pesquisas, mostra um “cenário nebuloso” para o atual governador João Doria (PSDB), que pode prejudicar seu vice e candidato à sucessão, Rodrigo Garcia (PSDB). Por outro lado, Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (sem partido) têm pela frente “caminhos promissores” na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes. A análise é do diretor da Quaest, Felipe Nunes, especialista em pesquisas de opinião e redes sociais e PhD em ciência política.

A pesquisa aferiu que a situação de Doria é “crítica”. Após polarizar com Jair Bolsonaro (PL) na pandemia e se autoproclamar o “pai da vacina” contra Covid no Brasil, Doria, candidato à Presidência, agora acumula avaliação negativa de 46% contra 17% positiva. Outros 48% disseram que seu governo é “pior do que esperavam”.

Para 70% dos entrevistados, Doria não merece sequer uma segunda chance como governador de São Paulo.

“Com Dória mal avaliado, o eleitor de São Paulo parece buscar uma alternativa para o Governo que não esteja vinculada nem a Bolsonaro, nem a Lula: 41% dos eleitores gostariam que vencesse um governador fora desta polarização”, anotou Nunes em um fio no Twitter.

Apesar de 41% dos paulistas preferirem um candidato “nem-nem”, 34% disseram que aceitariam um nome para o governo de SP mais ligado a Lula, e 22% mais ligado a Bolsonaro.

LIDERANÇA DE HADDAD

O candidato do PT, Fernando Haddad, lidera a pesquisa da Quaest com 24% das intenções de voto, seguido por 18% de Márcio França (PSB), 9% de Tarcísio, 7% de Guilherme Boulos (PSOL). O candidato de Doria, Rodrigo Garcia, tem apenas 3% de intenções de voto na pesquisa estimulada.

O melhor cenário para Rodrigo Garcia é quando ele aparece com 8%, tendo como adversários apenas Haddad (que vai a 35%) e Tarcísio (15%). Ou seja, mesmo em seu melhor cenário, Garcia tem metade das intenções de voto do que o candidato de Bolsonaro, Tarcísio.

Nunes chama atenção para um elemento que ainda torna a disputa imprevisível: entre 24% a 33% do eleitorado paulista ainda diz que votaria branco ou nulo, ou sequer votaria. Outros 10% estão indecisos.

O CRESCIMENTO DE TÁRCISIO E GÁRCIA

“O alto percentual de eleitores que votam branco/nulo/indecisos indica que o candidato ideal ainda não está claro. O desconhecimento de Tarcísio (56%) e Garcia (67%) é oportunidade para crescimento de ambos“, disse Nunes.

O GGN antecipou essa análise no dia 19 de fevereiro de 2022, ao destrinchar a pesquisa Ipespe daquele mês. Em “Fim do Tucanistão? Pesquisa em SP mostra a decadência de Doria, mas dados abrem margem para surpresas”, o site apontou que “tanto Rodrigo Garcia (PSDB) quanto Tarcísio de Freitas (PL) ainda têm potencial de crescimento. São desconhecidos e terão a máquina [dos governos estadual e federal] na mão”.

Ao olhar para a Quaest, Felipe Nunes acrescentou que “o que pode mudar completamente este jogo é a nacionalização do debate sobre a eleição de Governador. Lula e Bolsonaro são os melhores padrinhos políticos, Dória e Alckmin os piores.” Assim, entre Garcia e Tarcísio, a polarização nacional poderia favorecer o ministro de Bolsonaro.

A pesquisa Quaest apurou que “quando os candidatos são apresentados com e sem os seus apoios: Haddad cresce 6 pontos com o apoio do Lula, Tarcísio cresce 12 pontos com o apoio de Bolsonaro, Garcia não sai do lugar com o apoio de Dória.”

Se o segundo turno da eleição em SP fosse hoje, Haddad venceria todos os candidatos, inclusive Tarcísio, por 42% para o petista e 27% para o ministro de Bolsonaro. Contra Garcia, o placar seria 41% a 25%, outra vitória de Haddad. França perderia para Haddad por 38% a 33%. Já Garcia perderia para Tarcísio por 29% a 18%.

“Para ser competitivo, Rodrigo Garcia (vice de Dória), não só terá que ser mais conhecido, como também terá que construir sua imagem própria, se desvinculando ao máximo do atual governador. Isso pode não ser fácil, mas seu desconhecimento pode ajudar”, apontou Felipe Nunes, que também é PhD em ciência política.

Para o especialista, “a força do Lula em São Paulo será fundamental para o desempenho de Haddad no governo do Estado. Não deixar Tarcísio e Rodrigo se tornarem protagonistas nesta disputa é tarefa primordial para o candidato do PT. Os dois tendem a crescer, já que sofrem com desconhecimento, só não podem crescer demais, ou suas baixas rejeições podem atrapalhar o plano dos petistas no estado. PT que, aliás, é rejeitado por 25% do eleitorado; e tem a simpatia de 18% dos eleitores.

DISPUTA PELO SENADO

A pesquisa Quaest analisou ainda a corrida pelo Senado em São Paulo. Se Márcio França (PSB) abandonar a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes para tentar a cadeira no Senado, terá de enfrentar o favoritismo do apresentador Datena (PSD), que lidera com 39% das intenções de voto, e Paulo Skaf (MDB), que tem 13%. Como França tem 15%, está em situação de empate técnico com o ex-presidente da Fiesp.

Quando Skaf sai do páreo, Datena tem 42% das intenções de voto e França, 21%.

LULA VENCERIA BOLSONARO EM SÃO PAULO

Se a eleição fosse hoje, Lula venceria Bolsonaro no maior colégio eleitoral do País. Entre os eleitores de São Paulo, Lula atinge 39% das intenções de voto, contra 25% de Bolsonaro. Sergio Moro (Podemos) aparece com 8%, Ciro Gomes (PDT) com 5% e Dória, governador do Estado, com apenas 3%.

No segundo turno, Lula derrotaria Bolsonaro (48% a 31%), Moro (45% a 32%) e contra Dória (48% a 18%).

A pesquisa mostra também que a avaliação negativa do presidente Bolsonaro está em 53%, contra 24% de regular e 23% de positiva. Com essa avaliação, 68% dos eleitores de São Paulo acreditam que Bolsonaro não merece ser reeleito, frisou Nunes.

A pesquisa Quaest foi realizada entre 11 e 14 de março, com amostra de 1.640 entrevistas de forma presencial domiciliar em 75 municípios do estado de SP. A margem de erro é de 2 pontos com 95% de nível de confiabilidade. A pesquisa está registrada no TSE sob o número SP-03634/2022.

Leia também:

1 – Dez ministros de Bolsonaro devem sair do governo para disputar eleição em 2022. Confira a lista

2 – Fim do Tucanistão? Pesquisa em SP mostra a decadência de Doria, mas dados abrem margem para surpresas

3 – Doria e Tebet admitem abrir mão de candidatura, e terceira via pode se unir em torno de Ciro ou Moro

4 – PSDB precisa repensar o papel do Estado e priorizar políticas sociais, diz José Aníbal ao GGN

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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