Fora de Pauta

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Redação

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  • http://www.southcom.mil/newsr

    http://www.southcom.mil/newsroom/Pages/US,-South-American-military-leaders-meet-in-Paraguay-to-discuss-defense-cooperation.aspx

    O COMANDO SUL DOS EUA NA CONFERENCIA DE DEFESA DA AMERICA DO SUL EM ASSUNÇÃO - O Comando Sul com sede em Mayport na Florida participando da Conferencia de Defesa em Assunção, no Paraguai em Agosto. Este mês teremos em nossas aguas a visita do porta-aviões americano George Washington, que atracará no Rio de Janeiro, a belonave vem aqui para participar da  Operação Unitas que une as Marinhas do Brasil, EUA e Chile, nesses exercicios o George Washington se incorpora à 4ª Frota dos EUA, tradicional parceira do Brasil nessas operações conjuntas que ocorrem há mais de 50 anos. No website do Comando Sul os marinheiros são incentivados a conhecerem as cidades e e costumes locais dos paises hospedeiros. Os porta aviões nucleares americanos costumam ter 6.000 tripulantes, uma boa receita para os bares do Rio, marinheiros de paises do Norte são bons de copo.

    O Comando Sul ( SOUTHCOM)  é o menor dos sete Comandos geograficos americanos, menor ainda que o AFRICOM (Comando Africano) que fica em Stuttgard, na Alemanha.

    Com o recente novo Acordo Militar Brasil EUA, assinado na ultima visita presidencial do Brasil em Washington a cooperação militar pode alcançar outro patamar, lembrando que o anterior Acordo foi rompido unilateralmente pelo Brasil na Presidencia Geisel. A area geografica do SOUTHCOM começa no Caribe e vai até a Patagonia.

     

  • No programa PAINEL de hoje na

    No programa PAINEL de hoje na GLOBONEWS, os debatedores acharam normalissimo promotores americanos irem a Curitiba colher provas para processar a PETROBRAS e disseram qu a Petrobas deve se preparar para pagar uma multa de US$1.6 bilhão para a SEC-Securities and Exchange Commission, a CVM americana, alem de mais 16 ações civeis de acionistas minoratario que querem indenizações da Petrobrass e ainda o Departamento de Justiça pode pedir condenações criminais. Todos falaram como

    se o Brasil fosse a merreca do mundo, galinheiro onde qualquer põe a mão, faz e acontece.

    1.A PETROBRAS é uma empresa estatal, tem controle direto do Governo brasileiro, a corporação tem sede no Brasil, o fato de ter ações listadas em Nova York não estende automaticamente a jurisdição americana sobre o Rio de Janeiro, onde a Petrobras tem sede. Os americanos podem achar que tem jurisdição mundial mas isso é o que eles acham. Uma empresa estatal é uma EXTENSÃO do Governo brasileiro, que pode invocar imunidades para um ente do Governo. Uma multa de US$1,6 bilhões é ABSURDA, os escritorios e outros investimentos da Petrobras nos EUA não valem isso, são esss ativos que podem ser tomados, que tomem, o Brasil tem ferramentas juridicas e espero que as use para lutar com esse non-sense.

    2.OS EUA são um Pais que NÃO ACEITA JURISDIÇÃO ESTRANGEIRA extra territorial sobre seus cidadãos e empresas, não faz parte de cortes internacionais exatamente para não ter risco de seus nacionais serem julgados por estrangeiros.

    Os pilotos do LEGACY foram condenados no Brasil e nem tomaram conhecimento, nem o Departamento de Justiça americno quis cooperar com a Justiça brasileira. A CISCO, gigante americana de informatica foi autuada por contrabando no Brasil e o Governo brasileiro não processou porisso a matria americana da CISCO, a CHEVRON foi processada aqui por danos ambientais e nenhum promotor brasileiro foi aos EUA processa-la na matriz.

    3.As ações coletivas civis são golpes de escritorios de advocacia "abutres" especializados em cooptar acionistas para extorquir indenizações, é um setor da advocacia americana de péssima reputenção, tipo "advogado de porta de cadeia"!, são meia duzia de escritorios bem conhecidos, tipo "venha aqui e nós podemos fazer vc ficar rico".

    caçam clientes na rua para criar escandalo e cobrar um cala boca da empresa atacada.

    Meu receio é que a PETROBRAS não esteja se defendendo com a artilharia de calibre suficiente, a Justiça americana é diferente da brasileira, exige LOBBY junto ao Departamento de Justiça, se deixar os promotores sozinhos vão criar confusão maxima e pelo que sei a PETROBRAS não contratou nenhum lobista para assunto tão serio, lobista em cima da SEC e em cima do DofJ, lá é PERFEITAMENTE LEGAL E ESPERADO. Aqui aparece o tradicional comentario idiota " Ainda não fomos notificados", o que não vale nos EUA, lá o acusado tem que agir MUITO ANTES DE SER NOTIFICADO, para não deixar o assunto criar raizes de modo a depois ser impossivel, precisa matar no ninho.

    Registro meu ESTARRECIMENTO de Procuradores brasileiros, que são pagos pelo Governo do Brasil, ajudarem Procuradores estrangeiros a processar e ao fim cobrar multas bilionarias do MESMO GOVERNO que lhes paga o salario. É como o filho ajudar alguem a processar seu pai para lhe extorquir dinheiro.

    Segundo os entrevistados do PAINEL disseram, especialmente o Paulo Sotero, que mora em Washington, terça feira proxima Promotres americanos estarão em Curitiba para recolher documentação contra a PETROBRAS, obviamente vão ser recebido com tapete vermelho.

    Parece que esqueceram completamente a noção de ESTADO NACIONAL, mas os americanos nunca esquecem.

  • A dúvida do 'anarquista sério'

    Bom Domingo, anarquista sério.

    Sobre a sua Pergunta para todos , de ontem - aqui em casa a resposta veio rápida: era a Rádio RECORD , na esquina da Rua Direita X Rua Quintino Bocaiuva. Apareceu até um recorte de jornal recente, com a foto do prédio onde ficava a emissora ( Palacete Teresa Toledo Lara, o alvo da reportagem ). Através da data, localizei em:  

     Acervo Digital da Folha de São Paulo: Caderno Ilustrada de 14/08/2015 - pág. C1 e C4 

  •  Resultado Concurso 1747
     Resultado Concurso 1747 (03/10/2015)

    Mega-Sena

    Sena - 6 números acertados
    2 apostas ganhadoras, R$ 23.221.167,26

    Ganhadores por Região

    ITAÍ - SP
    1 pessoa ganhou o prêmio para 6 acertos

     

    SÃO PAULO - SP
    1 pessoa ganhou o prêmio para 6 acerto

    . O município de Itaí está situado a aproximadamente 60km da fronteira estadual entre São Paulo e o Paraná e sua população estimada em 2013 pelo IBGE era de 25.535 habitantes, distribuídos em uma área de 1.112,3 km². O Trópico de Capricórnio atravessa a cidade de Itaí.

    25 535 habitantes.

     

  • Ainda bem que eu sou

    Ainda bem que eu sou bonitão.kkkkkkkkkkk

    Olha só que barato :

    HÉLIO SCHWARTSMAN

    Ai dona fea!

    SÃO PAULO - Beleza é fundamental, já dizia o poeta. Agora no século 21 temos condições não apenas de confirmar essa predisposição humana mas também de esquadrinhá-la e quantificá-la. É o que faz Christian Rudder, autor de "Dataclisma: Quem Somos Quando Achamos que Ninguém Está Olhando".

    Rudder, um matemático que dirige um site de namoro, usa o big data para lançar luzes em relação a temas sobre os quais temos o péssimo hábito de mentir (para pesquisadores e às vezes para nós mesmos), como amor, sexo, racismo. O livro também aborda questões cada vez mais importantes como privacidade e o valor das informações que damos de graça a sites como Facebook, Amazon.

    Como não dá para abordar tudo, limito-me a relatar algumas descobertas de Rudder sobre beleza. Ela importa para todos, mas muito mais para as mulheres. Homens e mulheres considerados bonitos são mais populares no Facebook. Para cada percentil que galgam na escala de formosura, eles ganham dois amigos e elas três. Mas é no emprego que a coisa fica muito mais assimétrica.

    Aqui, a beleza masculina quase não afeta as chances de ser chamado para entrevistas de contratação. A curva é uma linha. Já para elas, a curva é exponencial. Uma mulher "top ten" consegue cinco entrevistas contra zero das que estão entre as 20% mais feias. O efeito ocorre mesmo quando o responsável pela contratação é uma mulher heterossexual.

    Pior, coisas parecidas ocorrem nos tribunais. Pessoas mais bonitas têm menos chance de ir para a cadeia e, quando vão, tendem a pegar sentenças menores que os feios.

    A hipótese para explicar o fenômeno é que o córtex orbitofrontal medial está envolvido tanto na avaliação da beleza de uma face quanto na da virtude de comportamentos. Isso significa que, para o cérebro, as curvas do rosto dizem algo sobre o caráter de uma pessoa. Convencê-lo de que isso é bobagem não é trivial.

  • À espera de um milagre, eles não se rendem

     

    E muitos continuam falando "somos todos cunha" ainda hoje.

    E ainda dizem que são contra a corrupção. Quá, quá, quá, quá!

  • “Há lugares do Rio em que a polícia é despótica"

     

    .LUIZ EDUARDO SOARES | EX-SECRETÁRIO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

    “Há lugares do Rio em que a polícia é despótica, sufoca a vida dos jovens”

     Ex-secretário nacional de Segurança Pública aborda a corrupção no PT do mensalão

    .

    .

    do El País

     

    O antropólogo Luiz Eduardo Soares durante a entrevista. / MAURO PIMENTEL

    Os primeiros passos do antropólogo Luiz Eduardo Soares (Nova Friburgo, 1954) como secretario nacional de Segurança Pública em 2003 foram recebidos com uma rajada de tiros na fachada de sua casa no Rio. Mas este não foi o único sobressalto da travessia política de Soares, coautor da obra que inspirou o filme Tropa de Elite. No seu novo livro, Rio de Janeiro – História de Vida e Morte(Companhia das Letras), Soares relata a gênese do mensalão, a promessa de Lula e José Dirceu de não investigar as contas do ex-governador do Rio Anthony Garotinho em troca de apoio político, e sua saída do Governo, dez meses depois da sua nomeação, após a divulgação de um dossiê recheado de graves acusações contra ele e que tinha sido forjado pelos próprios colegas de partido. “Uma armadilha”, segundo Soares, na qual participaram grandes nomes do PT, como José Genoino, condenado a mais de quatro anos por corrupção.

    Pergunta. Qual é sua avaliação dos episódios de arrastões nas praias da zona sul do Rio? Qual é melhor abordagem para resolver o problema a curto e longo prazo?Soares tem uma visão diferente da Segurança Pública, uma ferida que nunca se cura no Brasil. Partidário de oferecer um programa de manutenção, recuperação e formação para os traficantes que queiram abandonar a vida do crime, Soares relata como dois líderes do tráfico o procuraram na busca de uma saída que não fosse a morte. “[Um deles] estava convencido de que não sobreviveria à prisão. Presos, os criminosos que na véspera eram sócios dos policiais convertem-se em seus delatores potenciais”, explica. Como subsecretario de Segurança no Rio, entre 1999 e 2000, conta também seu tenso périplo por uma favela em um carro dirigido por um procurado narcotraficante e como ficou pasmado diante da imagem de um policial, com meio corpo fora de um helicóptero, simulando massacrar com um fuzil os participantes de uma manifestação em uma comunidade. Soares dinamita o clichê da Cidade Maravilhosa, vítima da corrupção e da violência. Acabar com elas passa, segundo o autor, por uma profunda reforma das polícias, pelo fim das execuções extrajudiciais e a legalização das drogas.

    Resposta. Acho que há dois níveis distintos que merecem atenção. O da criminalidade e o da reação aos fenômenos, seja das autoridades, seja da população. Me preocupa mais o segundo nível. Temos centenas de jovens envolvidos em práticas que vão se convertendo em linguagens, em normas de relacionamento: ao invés de irem para o estádio porque não têm dinheiro, vão para a praia e pulam a catraca, veem as meninas, roubam alguma coisa, e têm o que contar aos amigos... E tem os outros que já se preparam para uma carreira criminosa e já se fixaram em facções. Nós não temos um universo homogêneo e, se o tratarmos como tal, vamos fracassar. Quando vão se fixando as linguagens de um lado e vão se radicalizando as reações de outro, como nessa estratégia da Polícia Militar de apreender menores nos ônibus ou nos linchamentos, a violência começa a se constituir em linguagem comum, compartilhada por todos os atores envolvidos. Os jovens vão responder com mais agressividade e, provavelmente, vamos ver o uso de armas.

    P. O que você faria se fosse secretário de Segurança Pública?

    P. Qual é sua avaliação sobre as Unidades de Polícia Pacificadora? O que será delas depois das Olimpíadas?R. Só há um caminho de redução do problema e não é imediatista. Nós construímos esse horror. Eu estaria negociando com todos os setores sociais um grande acordo. Como autoridade prometeria o fim da violência policial, não haveria mais invasão com tiros na favela, nem mais execuções extrajudiciais. Eu teria as comunidades participando do debate sobre como lidar com determinados problemas, entre eles o comportamento desses jovens. E, em termos práticos, ao invés de apreender jovens aleatoriamente, você pode ter câmaras nos ônibus, policiais nesse ônibus que trazem esses jovens à praia. Vai ter que ter uma presença policial na praia mais inteligente.

    R. O Governo não pode admitir publicamente que as UPP’s não são mais uma política pública, mas o Governo admite que não tem recursos para implantar novas unidades e admite que tem muitos problemas na implantação. As autoridades policiais mais esclarecidas reconhecem que a crise nas UPP’s é imensa. Porque foi feita de forma precipitada, sem a formação policial que teria sido imprescindível... Eu sempre disse que não seria sustentável um programa desse tipo com as nossas polícias, elas precisam ser profundamente reformadas para que algum dia venham a ter alguma afinidade com os princípios que nortearam a criação do programa, princípios cuja prática exigiria uma polícia de proximidade, voltada para garantir direitos. Ninguém teria coragem, politicamente, para acabar com as UPP’s, mas o programa está esvaziado e não tem o sentido que lhe foi atribuído. Cumpriu um papel político e midiático, passou a mensagem de que a cidade estava criando um anel de segurança para as Olimpíadas, mas não passou muito disso. Em alguns territórios, houve redução da violência policial letal e dos homicídios, e razoável, houve controle das armas, impedindo a imposição pela força do poder de traficantes ou milicianos. Em outros, a polícia se tornou um poder despótico tentacular, sufocando a vida das comunidades, sobretudo dos jovens.

    P. Como está Rio, em termos de segurança, para acolher umasOlimpíadas no ano que vem?

    R. Não há muitas chances para o fracasso porque o Rio de Janeiro sempre foi ótimo para os grandes eventos. O grande problema é o cotidiano. Mas nos grandes eventos tomam-se as decisões óbvias e racionais que incluem a integração entre instituições, planejamento, atribuição de recursos necessários, uma soma de forças extraordinária, tecnologia a disposição... Essa articulação tende a produzir resultados satisfatórios, mas contraria a organização do dia a dia e inclusive o desenho institucional no Brasil que é desastroso.

    P. No livro, você relata sua travessia pelo poder e descreve as práticas que considera os “primórdios” do mensalão. Você pensou em denunciar?

    P. O que acabou provocando sua expulsão do Governo Lula, em 2003...R. Eu descrevo meu contato em 2002, quando eu era candidato a vice-governador do Rio pelo PT, com uma pessoa nada confiável que me disse que a campanha nacional doPartido dos Trabalhadores estava sendo financiada no Rio por bicheiros. Naquele momento, aquilo poderia ser qualquer coisa. A denúncia poderia ser verdadeira, poderia ser falsa, poderia ser uma armadilha para atingir a campanha petista, quando já se desenhava a vitória do Lula. Se, naquele momento, eu me precipitasse e tomasse qualquer atitude sem provas, estaria cometendo uma irresponsabilidade absurda. O caminho foi buscar informações, e essas informações, que confirmaram aquela revelação, só chegaram a meu conhecimento quando foram divulgadas pela mídia, em 2005. Foi difundido nas TVs um vídeo que mostrava um encontro de um operador do PT com um bicheiro, no Rio, em 2002. Em 2002, fiz o que era razoável: passei a informação sobre a denúncia a todos os companheiros, dividi minha suspeita com meus superiores do partido.

    R. (Risos) Eu fazia, na campanha de 2002, o papel do ingênuo, do idiota que compartilhava, chocado, suspeitas de que fossem verdadeiras informações que, para alguns, no partido, eram óbvias. Fiz esse papel e paguei o preço mais tarde, no governo. Eu me tornei perigoso para aqueles que eram objetos da suspeita. Na medida em que me revoltei com a hipótese de que a suspeita fosse verdadeira e compartilhei meu temor com lideranças partidárias, me tornei alvo dos mais diversos métodos de desestabilização, por parte dos que temiam que eu um dia conseguisse comprovar minhas suspeitas.

    P. Outro dos seus relatos descreve a rotina de um município da Baixada Fluminense onde as instituições estão completamente aparelhadas com empresários, policiais e deputados corruptos, bicheiros... que tiram proveito de absolutamente tudo: do serviço de ambulâncias aos funerais. Encontraríamos esse cenário hoje em dia?

    R. Acredito que isso continua acontecendo. Os moradores acabam sendo vítimas, têm muito medo de qualquer denúncia, não acreditam em lideranças alternativas e acabam fazendo o jogo do clientelismo. Eles dizem: “Já que eu não tenho poder, não posso denunciar nem saberia onde denunciar porque não confio nas autoridades e nas instituições, o que eu posso fazer? Sobreviver e reduzir danos. Como eu faço isso? Vendendo meu voto, fazendo parte do esquema e dessa forma me beneficiando um pouco. Há municípios da Baixada Fluminense nos quais não há mídia local. Imagina as implicações disso.

    P. Esses esquemas corruptos têm algum reflexo na capital?

    P. Você detona o clichê de Rio como paraíso turístico e fala da cidade como se alguns problemas do Brasil se mostrassem aqui com muita mais crueza. O que tem o Rio de particular?R. Na capital certamente há, mas não nesta dimensão. Veja a história das milícias. Até pouco tempo atrás eram definidas por autoridades políticas como autodefesa comunitária. Cesar Maia [ex-prefeito do Rio por 12 anos] falava de autodefesa comunitária. Eduardo Paes, em sua primeira eleição [2009], dizia que não havia milícias... E assim, toleradas e protegidas, elas ajudavam a eleger os prefeitos, até que os milicianos se tornaram eles próprios candidatos com um projeto político muito claro. O quase assassinato de dois repórteres e um motorista do jornal O Dia, por parte da milícia que dominava a favela do Batan, foi decisivo para que aqueles grupos políticos e da mídia que não tinham se dado conta da gravidade do problema, ou que eram coniventes, tivessem de mudar de posição. Isso tudo mostra que no Rio há espaços nos quais a polícia e algumas instituições políticas foram capturadas pelo crime e submetem populações a formas radicais de despotismo. Mas isso não se generaliza para a cidade inteira. E tem sido tratado agora com mais seriedade.

    R. O Rio tem uma gravidade específica. Aqui houve uma confluência de vários ingredientes. Foi capital da república e perdeu seu status político, em 1960. Éramos uma cidade-estado, o Estado da Guanabara, e em um determinado momento a ditadura decidiu anexá-lo ao antigo Estado do Rio de Janeiro, cuja capital era Niterói, um estado pobre, muito desigual, com uma área rural extensa e um nível de produtividade muito rudimentar. Isso se deu quando as lideranças políticas de esquerda, mas também algumas de direita, foram cassadas, presas e exiladas. Fomos entregues, então, a políticos de quinta qualidade, ligados à ditadura, clientelistas. A ditadura promoveu um crescimento acelerado que beneficiou as classes médias e as elites, mas acentuou a desigualdade social. A violência acabou estimulando a transferência de setores da elite para São Paulo.

    Nesse contexto todo, há um elemento importante para o desdobramento da criminalidade: o sucesso da cocaína no início dos anos 80 e o tipo de empreendedorismo criminoso que aproveitou-se desse sucesso para fazer negócio. Os grupos de traficantes se ligaram a segmentos policiais, numerosos e poderosos, desde o início do processo. Essa associação entre o novo negócio e aqueles que podiam vender oportunidade, espaço, proteção, licença, que são os policiais, fez com que o comércio da droga ilegal se convertesse em algo muito mais grave do que isso, se convertesse em controle armado de vários territórios populares.

    P. Por que o Rio chegou a esse modelo de conquista territorial? O próprio secretário de segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse que em Paris, Nova York e Madri se vendem drogas também, mas não se mata...

    E ai vieram as armas. Para prevenir ataques de grupos rivais e da própria polícia, que com frequência, para ganhar mais por fazer vista grossa, realizava incursões, era necessário investir cada vez mais em armas. Isso foi se agravando com absurdas políticas de segurança pública, como a que imperou entre 1995 e 1998, que instituiu a chamada premiação faroeste, que elevava o salário dos policiais que mostrassem bravura, ou seja, promovessem execuções extrajudiciais. Nessa época, certas unidades especiais da PM deixaram de aceitar rendição. Quando não há rendição, a única saída é lutar até a morte. Isso promoveu um ciclo vicioso de violência, estimulando o investimento em armas e sua circulação, o que também agravou a insegurança e aumentou os crimes contra o patrimônio.R. Seria um grande avanço para diminuir a violência que um novo modelo de tráfico de drogas se instalasse no Rio. Há muitos anos que eu digo que a UPP era um oportunidade para modernizar o tráfico. Na medida em que a UPP funcionasse, os traficantes deveriam abandonar o modelo tradicional, muito oneroso, muito caro, irracional e custoso em termos de vidas. A peculiaridade do Rio é sua situação sóciogeográfica, bairros ricos são contíguos a áreas muito pobres e se constituiu assim um convívio social, mesmo que carregado de tensões e marcado por racismo e estigmas. Isso permitiu que se constituíssem lojas, bocas de fumo, que vendem drogas para os consumidores de classe média. O negócio se fixou no varejo de forma sedentária no Rio de Janeiro, algo extraordinário. Só é possível a fixação territorial do espaço de comercialização de droga se há anuência policial. Veja, então, quantos ingredientes: a corrupção policial, o convívio hipócrita da sociedade com as drogas porque o consumo sempre foi amplo e conhecido mas a proibição foi mantida...

     

  • Por que quase toda a blogosfera dita alternativa boicota

    alguns blogs também alternativos ? O q está abaixo citado é apenas um deles. Seu autor , que defendeu , escreveu um excelente O Caso Battisti. Bem, vejam no blog dele http://aluzprotegida.blogspot.com.br/

    é um dos ótimos blogs que não abrem ou rarissimamente abre pra comentários.

     

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