Em 16 de julho de 1619, finalmente a comitiva do Governo-Geral, com seu mais novo comandante, o governador-geral D. Luiz de Sousa chegou numa colina qualquer do lugar conhecido desde remotas eras, pelos indígenas, seus habitantes, por Gandu, caa andu em tupi, ou, mata rala, no hoje município de Itabaiana, estado de Sergipe. Por quase três décadas, Melchior Dias Moreia, neto materno de Diogo Álvares Correia, o Caramuru; e paterno de Garcia Dias d’Ávila, o lendário primeiro latifundiário brasileiro havia se esmerado em cartas e mais cartas e até em viagens a Lisboa e até Madri, em busca de licenças pra explorar uma mina de prata. Ninguém o tinha ouvido. Coube a D. Luiz a esperteza de buscar ver se conseguia algum fruto pessoal pelo feito. Mas era fruto estritamente pessoal; e Melchior não estava a fim de “entregar o ouro”; fazer a glória de ninguém e ficar a chupar dedo. Trouxe o Governador à dita colina e nesta se travou um duelo de palavras entre a autoridade máxima do país e um subalterno, mesmo que da linhagem mais nobre que então havia no país.
Melchior pediu pelas mercês a que vinha pedindo desde a primeira carta para entregar a dita mina de prata. O Governador vinha em nome próprio, apenas pensando em si próprio, e nada tinha pra Melchior. Ao contrário, uma das mercês reclamada por Melchior, a de Marquês das Minas, a Espanha que então dominava o império português havia dado a um tio de D. Luiz, D. Francisco de Souza, Governador do Sul, no São Sebastião do Rio de Janeiro, quase vinte anos antes, onde conseguiu de seus moradores o jocoso título de “Marquês das Manhas”. O Governador nada tinha pra dar a Melchior; exceto punição pela ousadia em peitar a autoridade máxima da colônia. Melchior, então, não revelou a tal mina e por isso ficou preso em Salvador por três anos, além de sua família ter despendido de pesadíssima soma, segundo o governador-geral D. Luiz de Sousa, a título de indenização por prejuízos causado à Coroa espanhola.
D. Luiz de Souza esteve no Governo-Geral até 1622 quando retornou a Portugal e veio a ser tempos depois o Conde do Prado. Melchior faleceu em sua fazenda no hoje povoado do Jabiberi, atual município de Tobias Barreto, no mesmo 1622. Logo ao sair da prisão. E sua mina de prata virou uma lenda, com localização dentro da Itabaiana, ou seja, o círculo de serras da qual faz parte a maior, a hoje Serra de Itabaiana.
A difícil arte da política não é para apressados; sejam eles brutamontes ou polidos e intelectualizados.
Referências:
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