Imprensa cobre mal as eleições e abusa do jornalismo declatório

A imprensa se perde, em uma cobertura com pouca reportagem e elevada importância em declarações de efeito, numa das mais disputadas eleições da história recente do País.

O jornalismo declatório em que apenas uma fonte se manifesta virou praga nessas eleições. Expressões de efeito de candidatos a líderes religiosos, economistas, dirigentes públicos e privados etc. – muitas delas plantadas por assessores de imprensa nos veículos – ganharam importância absurda, sobrepondo a essência da atividade jornalística de busca da informação, do contraponto, da exposição objetiva dos fatos e não do disse-me-disse.

Poucas matérias substanciais foram publicadas na imprensa nesse período eleitoral. Talvez a mais significativa no âmbito das eleições presidenciais tenha sido a relacionada ao candidato Aécio Neves, que quando era governador de Minas Gerais colocou desnecessariamente dinheiro em um aeroporto em um minúsculo município mineiro. E pior: o aeródromo tinha endereço em terras de parentes.

Matérias de Marina Silva e do seu passado no Acre, com entrevistas com pessoas que conviveram com ela, também são pontos positivos, mas isso não tem sido feito com Aécio e Dilma, embora histórias desses dois candidatos em termos midiáticos sejam menos palpitantes em comparação às da ex-seringueira. Além disso, Aécio e Dilma já foram mais expostos em anos recentes – isso, no entanto, não exclui novas abordagens sobre as andanças de ambos na vida pregressa.

O jornalismo declatório é ruim porque aparece uma opinião só. E aí, vem um cientista político, por exemplo, e contesta. Daí, fica esse “blá blá blá” por dias, sem nenhum consenso – como resultado, a imprensa deixa de informar para dar espaço a palpites.

A imprensa devia avaliar melhor as declarações que saem da boca de pessoas envolvidas em interesses diversos. Nesse caso, ouvir o eleitor é uma ótima saída. Ou então se aproximar mais dele, com reportagens mostrando sua realidade e, principalmente, suas necessidades e ansiedades com os novos governantes.

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