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Marcos Queiróz Filho: filho de todos nós!

Leitor(a), desafio você a engajar-se neste texto! Não pare de ler! É sobre você, é sobre todos nós!

ALERTA!

Peço aos familiares do rapaz, assim como todo pai, mãe ou irmão que tenha perdido, precocemente, um ente querido, que interrompa a leitura neste ponto. Explico: é que o texto não se dirige a ti, que não precisas vivenciar novamente esta experiência traumática. Proponho aqui um exercício, uma reflexão, um exercício de imaginação para aqueles que nunca vivenciaram a perda de um ente querido, por razões que, ao final, explicarei.

 

(pausa)

 

Saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.

Ó pedaço de mim, ó metade amputada de mim… Chico Buarque

 

É domingo e você volta para casa, depois de um encontro familiar, um churrasco, com prim@s, ti@s e outr@s amig@s. Cansado, mas alegre, você só pensa em tomar um banho e relaxar.

Toca o telefone, número desconhecido. O sujeito do outro lado da linha fala com voz grave e pronuncia, solenemente, seu nome. Você responde, já preocupad@: – Sim, sou eu!

Ele se identifica como delegado de polícia e conta sobre um crime. Seu corpo gela. Estariam desconfiando de mim? O que eu poderia ter feito de errado? Ou será que alguém próximo foi vítima do crime? O delegado revela então algo que você temia ser possível: foi encontrado um corpo e suspeita-se que seja seu filho [irmã(o) mais nov@ ou namorad@, etc.]. Você tenta controlar-se para não alarmar os demais parentes, em casa, mas sabe que, de algum modo, terá que contar para eles, pois terá que justificar sua saída para o IML. Seu coração está disparado, o nervosismo toma conta de você. Ao contar aos demais, mesmo com o tom suave e os tantos “senões” da explicação, um dos familiare tem uma crise nervosa e começa a chorar. Você tenta acalma-l@, mas percebe a lágrima no canto dos olhos dos demais parentes, a te olhar. Para complicar, seu(ua) parceir@ pede para ir com você, mas, por alguma razão, o delegado pede que você vá só. A saída de casa rumo ao IML é tensa. Sua mão, ao volante, está trêmula, seus olhos embaçados, marejados.

Chegando lá, o médico legista pede pra você se sentar e tentar se acalmar, dizendo que precisa ser forte e estar preparado para o que vai ver. O nervosismo aumenta. Depois de um copo de água com açúcar e de algumas tentativas de tranquiliza-l@, você e o legista se dirigem às gavetas nas quais estão depositados os corpos. A imagem que se revela, ao ser aberta a gaveta, nunca mais sairá da sua mente. Digna dos mais tenebrosos filmes de terror, a imagem revela que a pessoa que você mais amava nessa vida, foi vítima dos mais sofridos e dolorosos momentos a que um ser humano pode ser submetido: tortura, mutilação, espancamento, decapitação.

Tamanha a deformação produzida pela violência, mal se pode identificar o corpo, mas uma cicatriz, uma tatuagem, uma mancha de nascença, algo lhe dá a certeza de que é ele/ela sim, sem sombra de dúvida.

Tristeza, revolta, dor, em intensidade máxima, lhe apertam o peito que você tem a impressão que lhe faltará o ar. A fome, a vontade, a alegria, nesse momento, parecem sensações tão distantes que você acredita que jamais conseguirá voltar a senti-las.

 

Diante da banalidade do mal, o que você fará?

 

Na cidade de Manaus, em que um governante associado às mais brutais quadrilhas de traficantes, instala gângsters em postos estratégicos da Secretaria de Segurança, ninguém, nem eu, nem você, nem seu filho ou sua filha, seu irmão ou sua mãe, estamos livres de uma tragédia como a que se abateu sobre a família Queiróz.

Nestes tempos, que Kubrick parecia profetizar, em seu clássico “Laranja Mecânica”, vale lembrar a você da conhecida frase de Martin Luher King, que disse: “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons!”

Redação

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