Na imprensa, Xico Sá é mais relevante do que Reinaldo Azevedo

Xico Sá faz crônica complementar à imprensa. Reinaldo Azevedo faz colunismo que compete com a reportagem.

O jornalista cearense resgata o texto com tom irônico, sarcástico, saboroso. Complementa com picardia as notícias duras do dia a dia da imprensa. Uma prática de décadas no jornalismo que tem o objetivo de dar leveza e opinião peculiar, em contraponto à rotina pesada da cobertura das diversas editorias.

Foram mestres nisso no passado distante Nelson Rodrigues, Sérgio Porto, Rubem Braga, entre outros. A imprensa tentou substituir alguns deles ao longo do tempo, mas  não conseguiu. A prosa de Xico Sá não chega perto da dos grandes cronistas das décadas 1950 a 80, mas em meio à escassez geral, cumpre bem o papel de crítico do cotidiano.

Já Reinaldo Azevedo é um colunista não do complemento jornalístico, mas do jornalismo que conflitua com a reportagem constatável, tirando dela a sua importância no veículo e trazendo para si o papel de transformador de assunto em notícia com visão pessoal.

A prática também é antiga, mas cresceu muito nos últimos anos em detrimento à reportagem, mas cara e complexa de se fazer. Mas este exercício em excesso enfraquece a imprensa, mesmo que seja conduzido por experientes jornalistas.

É difícil medir até que ponto o leitor perde com o crescimento do colunismo-notícia. Até porque existem colunistas fazendo o mesmo que Reinaldo Azevedo em todos os espectros sociopolíticos no País – e a internet foi um grande facilitador disso. Há para qualquer gosto, é só escolher.

Agora o cronista do ponto de vista complementar à notícia, do viés jocoso e irônico à informação factual e dura, é bem mais raro. Em meio à falta de jornalistas com essas características,  Xico Sá nada de braçada na imprensa. E Reinaldo Azevedo é apenas mais um em busca de audiência cativa.

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