Do blog Jogo do Poder
A reportagem que o New York Times veiculou na sexta, dia 3 de Março, expõe ao seu público norte-americano que as medidas de austeridade tomadas pelo Governo Temer como as elites dirigentes do país articulam planos para melhoras seus próprios salários.
Destaca que na crista das melhorias salariais também estão os juízes, enquanto o país rasteja para sair da pior crise econômica em décadas e o Presidente discursa que é necessário reduzir os gastos do governo para combate-la, um paradoxo incompreensível para os autores da matéria.
Escrita por Simon Romero com colaborações de Dom Phillips e Paula Moura, a matéria mostra a absurda discrepância de condições entre os cidadãos brasileiros ao estampar como, enquanto o governo planeja cortes de benefícios sociais das classes menos favorecidas, Michel Temer promove jantares de luxo para congressistas financiados pelo erário, os legisladores locais de São Paulo votam por um aumento de 21% nos seus salários e juízes, com respaldo da Suprema Corte, aproveitam um incremento incrível de 41%.
Tudo isso enquanto a economia nacional encolheu 4% no ano de 2016 e fracos governos estaduais como os de Rio de Janeiro e Espírito Santos são incapazes de arcar com os ordenados de policiais, professores e demais funcionários, permitindo emergir o caos social.
A resenha veiculada no Times realça como os ricos protegem suas fortunas e privilégios agindo dentro das estruturas estatais para impedir maiores taxações de seus lucros, patrimônio e dividendos, com Simon Romero mostrando que o Ipea publicou um estudo em 2016, que divulga que a mera taxação de 15% sobre a distribuição de dividendos (hoje isenta) poderia gerar quase 17 bilhões de dólares em receitas novas.
A matéria relata ainda que o enviado especial sobre a extrema pobreza e os direitos humanos, Philip Alston, da ONU, afirmou que o limite de gastos vai colocar o Brasil em uma categoria socialmente regressiva única, mas, na contramão de todos os argumentos negativos, o Ministro da Fazenda Henrique Meirelles proclamou que a recessão terminou em Janeiro e o Presidente prevê um crescimento de 3% este ano.
O Times relata também o curioso caso de fechamento de restaurantes orientados para a população de baixa renda, com o embasamento de economia de recursos, no mesmo estado onde um governador desfruta de um jato particular para suas viagens e onde juízes planejavam gastos de milhões de dólares destinados a contratações de novos funcionários.
Na finalização da matéria o Times analisa que a eleição de 2018 estes temas serão o centro de grande debate, pois o atual Presidente partiria de aceitação abaixo de 10% caso se candidate à reeleição, enquanto o ex-presidente Lula aparece como forte candidato, muito embora ambos possam ser impossibilitados de concorrer devido a problemas judiciais, registrando que Bolsonaro, congressista da ultra direita brasileira, surge com aceitação expressiva em relação aos demais candidatos tradicionais como Aécio Neves.
Conclui que, dada a situação política volátil e a fraca economia, um sentimento de desesperança assola o a nação.
https://mobile.nytimes.com/2017/03/03/world/americas/brazils-leaders-tout-austerity-just-not-for-them.html?smprod=nytcore-iphone&smid=nytcore-iphone-share&_r=0&referer=
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Daqui: http://jogodopoderparana.com.br/2017/03/ny-times-o-brasil-e-descrito-como-o-lugar-onde-os-ricos-e-os-togados-se-dao-bem-e-os-pobres-sofremuw.html