O instinto messiânico de um técnico e o fim de uma equipe

Por Sergio Medeiros

Desestruturação tática feita pelo técnico causou apagão emocional

As modificações do time e a desestruturação.

Ao todo, exceto o goleiro Júlio César e o centroavante Fred, todo o resto do time sofreu alterações profundas. Explico.

O que foi visto de forma flagrante:

A – a troca de posição de David Luis e a entrada de Dante.

B – A manutenção de um time ofensivo com quatro atacantes – Fred Bernard Oscar e Hulk – sem vocação defensiva – isto é, não marcam, cercam, e não tem noção de posicionamento defensivo, contra uma Alemanha com quatro ou cinco jogadores no meio campo.

Isso, por si só, já é bastante complicado.

Mas, ainda assim, porque tanta facilidade.

Mais dois pontos:

C – desde o início pode ser observado que o lateral Marcelo (posição lateral esquerda) se somava aos atacantes.

A idéia – aparentemente – era fazer Marcelo se somar a Bernard ou com quem caísse na esquerda (Oscar ou Hulk).

Para isso, deslocou Luiz Gustavo para cobrir o Marcelo e também eventualmente ir ao ataque, como em outros jogos.

D – Com isso, quem efetivamente passa a fazer o papel do primeiro homem do meio campo, à frente da zaga é Fernandinho – na realidade trocando de posição com Luiz Gustavo.

Em outros termos, mais uma modificação(que altera duas posições), sendo que esta segunda se revelou tão desastrosa quanto a primeira.

E – O lateral Maicon, era a outra novidade, ainda que tivesse jogado contra a Colombia, não há como esquecer que era uma novidade.

Assim, na defesa, temos na realidade 04 modificações – Maicon em substituição a Daniel Alves, Dante no lugar de David Luis, David Luis no lugar de Tiago Silva e Marcelo numa função mais ofensiva.

Na primeira linha de meio campo – duas alterações – no lugar de Luiz Gustavo, Fernandinho e no lugar de Fernandinho, Luiz Gustavo e, pior, com novas funções.

No ataque, a priori, com a entrada de Bernard, e com a “rotatividade” de Oscar Hulk e Bernard, a única posição que não foi mexida foi a de Fred…

Falar em apagão emocional, sim, mas convenhamos, a desestruturação tática do time foi total.

Esperar que este time funcionasse coletivamente seria o mesmo que esperar um milagre…ainda mais contra uma equipe… organizada e postada de forma a aproveitar a “ofensividade brasileira”.

Olhem os gols…

No primeiro gol, que teve origem num escanteio, cedido pelo lateral Marcelo ao retornar de uma suas incursões no ataque, numa falha absurda, o zagueiro David Luiz esquece que está na posição à esquerda da zaga e vai marcar no outro lado deixando seu setor desguarnecido. Muller apenas escora a bola para as redes… fazia tempo que não via tamanha falha de marcação…

No segundo e terceiro gols, vê-se claramente um Fernandinho a frente da zaga, completamente perdido, e, ao mesmo tempo, um Luiz Gustavo perdido junto a lateral … ao mesmo tempo a coordenação do miolo da zaga e Maicon na cobertura inexistem…

O quarto e quinto se originam de perda da bola na frente da zaga… fruto não só do descontrole emocional, mas também do descontrole tático… a zaga e o meio campo não sabem seu lugar ou tarefa e nesta confusão viram presas fáceis…

…. no segundo tempo… com as correções e a diminuição do ímpeto da Alemanha o Brasil passou a ter chances de gol e se mostrou mais consistente, ainda assim, pressionado para buscar um resultado menos humilhante, deixou o campo aberto aos contraataques, uma especialidade do time alemão….

Agora a pergunta??

O que leva um técnico com muitos anos de estrada a fazer improvisações que nem um estagiário faria, é que eu nem o Brasil conseguem entender…

Talvez um instinto messiânico…sei lá…

Redação

Redação

View Comments

  • Sérgio, é exatamente essa

    Sérgio, é exatamente essa situação que estava tentando explicar para meus amigos, mas preferem dizer que é o futebol brasileiro isso, o futebol brasileiro aquilo,...

    Basicamente o que houve foi uma troca imensa de posições, começando com Henrique que deveria entrar no lugar de Dante que é canhoto.

    O Felipão sempre foi autosuficiente em autosuficiência, desde os tempos de Cricúma, Grêmio,...e ganhou uma copa nessas mesmas condições (não levando Romário), mas agora o pessoal quer a desforra e não basta nenhuma explicação.

  • w-m

    a alemenha joga um w-m invertido.

    isso já existia no tempo do araquém patusca!

    o que salvou o brasil nos jogos anteriores é que ficavam no mínimo dois marcando neymar.

    saiu neymar e entrou bernard que é apenas um esforçado mediano.

    resultado: sobraram aqueles dois ...

    essa seleção de queridinhos do pig é medíocre!

  • Crimes no futebol.

      Olhem me perdoem. Não quero aqui tentar eleger Barbosas,para justificar derrotas. Mas é clarissímo; convocou mal,não houve como retroceder,não teve humildade( o que é fatal),rancoroso,defasou. Usou de paternalismo,onde a técnica é fundamental.

      Como convocar Hulk? Pelo futebol ou pela bunda ou côxas?E o Marcelo?Não sabe se posicionar em campo,barata tonta. E o Fred?Inerte,não participa do jôgo,por retrospecto,que retrospecto? Estes são alguns exemplos de ¨JUVENIS¨convocados.

    O que a FIFA-GLOBO-CBF faz com o futebol brasileiro é criminoso, Só é convocado se tem contrato com este ou aquele,com tal empresa de material esportivo,se dá entrevista para a Globo,à meia noite,se o helicóptero do Luluciano pousa a qualquer hora carregado de babaquices etc...

  • Veríssimo, O Globo,

    Veríssimo, O Globo, hoje:

     

    10/07/2014 6:00

    Os seis minutos

    A primeira coisa a fazer, já que o Thiago Silva não poderia jogar, era apresentar o David Luiz ao Dante. Os dois conversariam, talvez num jantarzinho, trocariam confidencias e fotos das crianças, e combinariam como jogar contra os alemães. Aparentemente, isto não aconteceu. Quando David Luiz e Dante finalmente se conheceram, se apertaram as mãos (“muito prazer”, “muito prazer”, “precisamos nos encontrar!”) já estava cinco a zero para a Alemanha.

    Outra coisa: houve uma confusão nas convocações. O Felipão chamou o Fred do ano passado, um dos melhores jogadores da Copa das Confederações, e quem apareceu foi o Fred deste ano, claramente um impostor. Ninguém se lembrou de checar sua documentação. E o Felipão não poderia saber que tinha convocado o Fred errado.

    Outro azar: a partida ter terminado em 7 a 1. Até os 7 a 1 foi um desastre, um vexame, um escândalo — tudo que saiu nos jornais. Mas ainda estava dentro dos limites do concebível. Era cruel, era difícil de engolir, mas era um escore até com precedentes, inclusive na história das Copas. Mas se os alemães tivessem feito mais três gols, apenas mais três, entraríamos no terreno do fantástico, do inimaginável, da galhofa cósmica. A única reação possível a um 10 a 1 seria uma grande gargalhada, que nos salvaria do desespero terminal. Nada mais teria sentido no mundo, portanto nada mais nos afligiria, e todos estariam perdoados, inclusive o Felipão e a CBF, absolvidos pelo ridículo. Mas não tivemos nem a benção de perder de 10.

    Proponho o seguinte consolo: vamos descontar aqueles seis minutos em que o alemães fizeram quatro gols como uma invasão do sobrenatural. Uma espécie de catatonia coletiva, de origem desconhecida, que paralisou nosso time. Os quatro gols marcado durante os seis minutos de inconsciência só de um lado, portanto, não valeram. O escore real, livre de qualquer intervenção extrafutebol, foi 3 a 1. Um escore respeitável, com o qual todos poderemos viver.

    FINAL

    E Argentina e Alemanha farão a grande final, no domingo. Todos torcendo pela América contra a Europa, nossos irmãos continentais contra os nossos algozes, nossos co-colonizados contra os senhores do mundo etc. A esta altura, só nos resta a hipocrisia.

     

  • Sinto vergonha de ser

    Sinto vergonha de ser brasileiro quando vejo jogadores e comissão técnica da Seleção rezando fervorosamente antes e depois de uma partida, televisionados para o mundo inteiro. Essa religiosidade mostra a pobreza intelectual e incapacidade de planejar e decidir o próprio futuro. Fico imaginando um alemão explicando para o seu filho essas imagens de fanatismo:

    - Está vendo, é por isso que são subdesenvolvidos, acreditam que existe um Deus que beneficia uns e prejudica outros. Nós estudamos e treinamos, eles são analfabetos e rezam.

    Num país em que metade da população acredita no Valdemiro Santiago e a outra metade acredita em Chico Xavier não existe muita chance de se construir uma civilização. Serão necessárias ainda muitas décadas para curar esse câncer social.

    • João meu caro, não se sinta

      João meu caro, não se sinta envergonhado por tão pouco , o seu país é respeitado em todo o planeta , somente nós, os  brasileiros  não o respeitamos e lhe damos valor, pois o(s) colonizador(res) nos impuserem esta condição , e então passamos a andar de quatro  sempre para eles e arrastando o nariz no chão com medo de erguer a cabeça. Por favor,  se vc se interessar mais um pouco tenho certeza de que jamais voltara a colocar  Waldomiro Santiago e Chico Xavier no mesmo cesto, pois a distância  que os separa  so poder ser medida em anos-luz. Lembre-se, informação,conhecimento e poder, estão tentando te manter longe desta ( trinca) e estão conseguindo ,  aí esta a origem do CÂNCER SOCIAL ao qual vc se refere. 

      • É verdade! Apesar de ambos

        É verdade! Apesar de ambos enganarem seus seguidores com seu charlatanismo nos momentos de maior fragilidade, Valdemiro Santiago jamais usou seu charlatanismo para defender a ditadura. Obrigado pela lembrança!

         

    • Concordo - 5 estrelinhas para seu comentário.

      Também me sinto mal em ver essa "exibição" de fé, "acreditando que existe um  deus que beneficia uns e prejudica outros" (gostei dessa observação).

      Eles podem acreditar no que eles quiserem e até rezarem junto no vestiário, mas exibirem esse comportamento a populações de diferentes crenças ou ateus em um evento esportivo dessa amplitude realmente é prá causar vergonha alheia.

       

  • Sim que bela análise, olhem

    Sim que bela análise, olhem os gols, a que detonou o processo, o primeiro gol, foi justamente o David Luis no lugar de Thiago Silva, foi o momento que o condicionamento técnico de zagueiro dele marcou a bola e não o avante alemão a sua direita, ele foi traído pelo condicionamento, ele mesmo percebeu na hora do primeiro gol. Ele sabe ficar com olho na bola venha de que lado for, mas de marcar a bola e avante adversário ao mesmo tempo só a partir do lado original dele, quase todos zagueiros são assim, passam a vida se condicionando, e vejam como a tragédia tem o dedo do treinador, o Miranda, sabe jogar dos dois lados, melhor zagueiro brasileiro da atualidade e não convocado.

    Aí aparece outra característica do técnico. Convocou o Henrique, a quem não pode escalar no lugar do Thiago porque é fraco demais, porque tem afeição pessoal, ele é reserva do Nápoli mas conviveram no Palmeiras.

  • Qual seria a outra opção?

    Qual seria a outra opção? A goleada poderia ter sido evitada? A derrota ja era esperada. Só não se sabia que seria de goleada. Por que Scolari arriscou tanto? Esperava por um milagre. Achava que o Mar Vermelho ia se abrir para dar passagem a seleção. Eu vou morrer, como todo ser humano morre um dia, e ainda vai se ouvir falar por muito  e muito tempo do massacre da seleção e da sandice do seu tecnico.

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