Petrobras poderia reduzir preço dos combustíveis no curto prazo sem sofrer prejuízos, diz Gabrielli ao GGN

O ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse em entrevista exclusiva ao canal TV GGN [assista abaixo] que “há espaço, no curto prazo, para que a Petrobras reduza seus preços”.

Nesta semana, o presidente Lula concordou com a reoneração dos combustíveis com os impostos federais. Além disso, o atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou que a petroleira eventualmente deixará de usar o PPI como “único parâmetro” definidor dos preços dos combustíveis.

Segundo Gabrielle, o impacto imediato da reoneração sobre os combustíveis poderia ser “nulo” ou mínimo sobre o bolso do consumidor brasileiro, se a Petrobras seguisse a atual tendência internacional de redução dos preços dos combustíveis.

“Nos últimos 30 dias no mercado americano, o preço da gasolina está caindo. O diesel está caindo menos. É questão sazonal, provável que tudo volte a subir. Mas existe, neste momento, uma margem de redução do preço internacional da gasolina e do diesel e, portanto, há espaço para que a Petrobras, na área do refino, reduza seu preço sem prejuízos”, disse Gabrielli.

“Se houver aumento do imposto e a Petrobras reduzir seu preço, o efeito liquido sobre o consumidor é nulo ou muito pequeno”, acrescentou o ex-presidente da petroleira.

Na entrevista ao jornalista Luis Nassif, Gabrielli ressalvou que não participa e não pode falar pelo governo Lula, mas como pesquisador da área de petróleo, acredita que o objetivo do presidente será o de tentar “dar uma certa estabilização nos preços domésticos” dos combustíveis o quanto antes.

Brasil precisa retomar refinarias, diz Gabrielli

Gabrielli apontou que um desafio que o governo Lula terá de encarar é a questão do refino.

Sob a batuta dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, a Petrobras vendeu algumas e abandonou outras refinarias que vinha construindo nos últimos anos. Sem investimentos para ampliar a capacidade de refino, que já está “no limite”, o Brasil está fadado a ter problemas de abastecimento em breve.

“Todo País grande que é produtor de petróleo, com consumo interno grande, tende a aumentar seu refino. Nós paramos de investir no refino! Deixamos de construir as refinarias que estavam previstas. Um dos efeitos da Lava Jato foi paralisar a construção das refinarias”, lembrou Gabrielli.

“Hoje temos importação de cerca de 30% do diesel, cerca de 30% de GLP e em torno de 15% a 20% da gasolina. Essa importação decorre do fato de que nossas refinarias estão no limite de produção. Se nós voltamos a crescer na economia brasileira, como se espera, nós vamos ter um apagão de combustíveis daqui 1 ou 2 anos”, avisou.

Assista a entrevista completa abaixo:

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