Faltando 100 dias para as eleições gerais de 2022, o instituto Datafolha aponta vantagem ampla de Lula, com possibilidade de vitória no primeiro turno com 53% dos votos válidos, contra 32% de Jair Bolsonaro.
O favoritismo de Lula também foi impresso no Datafolha cerca de 100 dias antes a eleição de 2018.
Naquela vez, porém, para além da liderança (em menor vantagem) do petista, a pesquisa antecipava também o que vinha pela frente: se Lula fosse preso pela Lava Jato, Bolsonaro seria beneficiado.
Políticos e analistas ponderam que pesquisas são fotografias de momento e que ainda há muita água para rolar debaixo dessa ponte, antes de chegarmos a outubro de 2022.
Frente a iminente derrota, o lado do bolsonarismo e antipetista adotou a estratégia de colocar em xeque a credibilidade dos institutos de pesquisa.
Mas para a tristeza dos negacionistas, o fato é que a metodologia do Datafolha acertou o resultado do segundo turno na eleição de 2018, que deu vitória a Bolsonaro, entre outras previsões.
Em 28 de outubro de 2018, o Datafolha cravou que “Bolsonaro chega à véspera da eleição com 55% dos votos válidos”, contra 45% de Fernando Haddad, substituto de Lula na disputa. Ao final da apuração das urnas, a previsão se concretizou.
Aquela diferença de 10 pontos entre Haddad e Bolsonaro era a menor desde o início da série com a presença do ex-prefeito. Haddad vinha crescendo semana a semana, mas não teve tempo de ultrapassar Bolsonaro.
O resultado final da eleição de 2018 confirmava, ainda, a pesquisa Datafolha veiculada cerca de 100 dias antes daquele pleito: sem Lula, Bolsonaro era o favorito, superado apenas por brancos e nulos. E mais: o único candidato que Bolsonaro venceria no segundo turno era Fernando Haddad.
Quatro anos depois, o cenário para Bolsonaro muda radicalmente com a recuperação dos direitos políticos de Lula.
Às voltas com a Lava Jato, Lula chegou a aparecer no Datafolha empatado com Michel Temer no ranking dos mais candidatos rejeitados. No segundo turno, Lula perderia para Marina Silva. Era dezembro de 2016. Hoje, Bolsonaro é mais rejeitado que Lula.
No final de 2016, Bolsonaro surgiu no Datafolha com 3% na pesquisa espontânea, chegando a 9% na estimulada, a depender do candidato tucano testado. Um ano depois, em dezembro de 2017, Bolsonaro já se apresentava como o candidato que disputaria com Lula o segundo turno de 2018.
Em janeiro de 2018, Lula continuava favorito nas pesquisas. Datafolha apontou: sem o petista na corrida presidencial, um terço dos brasileiros votariam branco ou nulo. Lula tinha 36% das intenções de voto, ante 18% de Bolsonaro. Sem Lula, Bolsonaro assumiria a liderança.
No Datafolha de abril de 2018, com Lula preso após condenação em segunda instância no caso triplex, a liderança do petista se mantinha no patamar dos 30% de intenções de voto.
Em agosto de 2018, faltando dois meses para a eleição, Lula apareceu no Datafolha com vantagem ainda maior sobre Bolsonaro: 39% das intenções de voto, ante 19% do militar expulso do Exército.
No último dia daquele mês, o Tribunal Superior Eleitoral indeferiu o registro de candidatura de Lula. Seis dias depois, Bolsonaro foi esfaqueado em Juiz de Fora (MG). Em 20 de agosto, Datafolha deu Bolsonaro com 28% das intenções de voto. Os ventos sopravam em outra direção.
Bolsonaro chegaria no primeiro turno com 40% dos votos válidos, segundo o Datafolha, ante 25% de Haddad. Ao fim da votação oficial, marcou 46% dos votos válidos, contra 29% de Haddad. Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e outros candidatos viram uma fatia de seu eleitorado entrar na polarização de última hora.
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