Seca: Porque já é tarde para São Paulo reagir.

Muitas pessoas ficam pensando quais as alternativas que tem o Estado de São Paulo para combater a estiagem e a falta de armazenamento de água que não foi incrementada nos últimos 30 anos, pois dentro do pouco que conheço, digo somente o seguinte. se eu fosse religioso me plantaria a rezar, simplesmente porque neste momento esta é a única solução para São Paulo. Obras de emergência não há a mínima hipótese de serem implementadas no momento, pois um cenário de crise ocorrerá ou não nos próximos três meses, e este tempo é insuficente para qualquer ação de fato.

Um plano de contingencia neste momento é tão ruim quanto não fazer nada, simplesmente porque na situação atual em São Paulo existe somente um único plano de contingência efetivo, o racionamento e seguir a legislação.

Então qual é então o problema?

Simples, Alckmin tremendamente mal assessorado apostou errado e neste momento ele pagou para ver e só falta o outro jogador mostrar as cartas.

Neste caso há quatro cenários possíveis para o governo, quais sejam:

1º) Cenário: Alckmin não faz nada e chove intensamente e prematuramente antes da água acabar por completo.

Resultado: Ele é eleito o governador do ano que soube manter a calma e não acreditou nos alarmistas.

2º) Cenário: Continua sem fazer nada e por alguns dias São Paulo fica completamente sem água, a cidade para por algum tempo (diríamos uma a três semanas), monta-se um mutirão de emergência com caminhões pipa de um lado para o outro, a polícia desce o sarrafo nos mais exaltados, e depois chove.

Resultado: Conforme os danos faz-se uma divulgação sensacionalista das ações do governo, publica-se com ênfase a ação dos “amotinados”, de preferência ligando-os ao PT e demais partidos de esquerda, e quem ganhar a batalha da comunicação sai vitorioso.

3º) Cenário: No início o cenário é equivalente ao segundo, só que a seca se prolonga.

Resultado: O caos se instala, tropas federais são recrutadas e apesar da batalha de comunicação ser travada no início a favor de Alckmin, o fim é imprevisível, se ela é perdida no meio da seca, o governador tem que sair de helicóptero do Palácio Bandeirante e é a desmoralização total do governo.

4º) Cenário: Dentro de poucas semanas, devido a inevitabilidade da seca, é decretado estado de calamidade ou qualquer coisa do gênero.

Resultado: Entra em ação um racionamento controlado, que deve priorizar o consumo humano, e parte da indústria e do comércio fecha em São Paulo (férias coletivas). Prolongando-se ou não a seca, não haverá grandes motins e só a polícia militar de São Paulo, de uma forma mais truculenta do que de hábito reprime as manifestações. O governador por mais que lance uma batalha de comunicação, tem esta perdida desde o início, pois confessa tardiamente que poderia ter feito o racionamento antes sem provocar o caos econômico. Certamente Alckmin terá dificuldade em se eleger para síndico de prédio.

Falando em termos de população a situação dos cenários para a população seriam os seguintes:

O (1) seria o mais favorável.

O (2) traria danos para a população mais pobre sem recursos e estes danos se aprofundariam conforme a seca se prolongasse tendendo ao (3).

O (3) levaria ao caos político, econômico, social e mais algum que esqueci, levando ao estado de São Paulo a uma regressão econômica notável. Seria o caos para todos.

O (4) seria o mais lógico e o mais seguro estatisticamente falando para a população.

Como se vê é um jogo de pôquer, e está sendo jogado como tal na maior falta de espírito cívico e humanidade do Governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que para não perder politicamente está arriscando não só o seu futuro político, mas também a vida de milhares de paulistanos e a economia de todo um Estado.

Conforme pode se ver, o governador está apostando alto, tanto com seu futuro como o pior, com o futuro da população de São Paulo. Para apostar da forma que está sendo feito Alckmin guarda algumas esperanças e quais seriam estas? A única possibilidade que poderia contar o Governador são dados de previsões climáticas no Brasil como o INPE em São Paulo faz, mas estes modelos não são nada confiáveis principalmente quando a antecipação passa de 15 dias, e em alguns modelos visualizados no dia de hoje (05/09/2015) as previsões para estes próximos 15 dias não são nada animadoras. Por outro lado ele pode confiar na presença do forte El Niño que se forma no Pacífico neste momento, porém as correlações não são muito fortes entre o El Niño e o clima na região Sudeste e principalmente há outro grande problema a temperatura do Atlântico Sul (SST) encontra-se numa situação meio indefinida e não se sabe direito como esta temperatura influencia as chuvas na região sudeste.

Neste momento, com todas as incertezas, sem tempo para fazer qualquer intervenção de vulto em relação à captação da água em outros mananciais, só resta ao Paulista rezarem, para que o Governador tenha um surto de civismo e arrisque o seu futuro político e decrete o mais rápido possível um racionamento de fato e/ou que comece a chover mais cedo, se não ocorrer um dos dois sugiro que quem puder já reserve um quarto na casa de um parente longe de São Paulo.

 

Redação

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