A articulação para a CPI do transporte público em SP

Do Terra Magazine

Emissário de Haddad, secretário articulou para aprovar CPI governista na Câmara

POR MARINA DIAS

Desde as 10 horas da manhã desta quarta-feira (26), o secretário de Relações Institucionais de São Paulo, João Antonio, esteve em reuniões com diversos vereadores na Câmara Municipal com um objetivo: articular a aprovação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) governista que investigue os gastos da prefeitura com o transporte público, sobretudo em relação às empresas responsáveis pelos ônibus da cidade.

A pedido do prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), que não queria “surpresas” na hora da votação, João Antonio se reuniu, primeiro, com a bancada evangélica, composta por 17 vereadores. Os parlamentares resolveram apoiar a CPI de oposição depois que o prefeito vetou uma brecha em lei que reduzia a burocracia para a construção de novos templos religiosos na capital. Apesar de resistentes no início, os vereadores evangélicos, ao final da reunião com o secretário, comprometeram-se a votar com o governo.

Em seguida, o secretário recebeu a bancada do PT, com onze vereadores, a maior da Casa. O líder do partido, Arselino Tatto, irmão do secretário de Transportes, Jilmar Tatto, é contra a criação da CPI para o setor e, na terça (26), conseguiu comandar uma manobra para que a abertura da comissão não fosse votada.

A proposta que estava no plenário e tinha apoio de, pelo menos, 25 parlamentares era de autoria de Ricardo Young (PPS), vereador de oposição. Desde fevereiro, o governista Paulo Frange (PTB) também havia proposto a criação de uma CPI.

Frente à ampla maioria de vereadores a favor da criação da CPI, João Antonio telefonou para Haddad e afirmou que seria orquestrada a votação – e aprovação – de uma CPI governista, ou seja, o PT proporia uma nova CPI com o vereador Paulo Fiorilo (PT) na presidência e Milton Leite (DEM) na relatoria.

Nesta quarta-feira (26), foi aprovada apenas a abertura da CPI. Na sessão de quinta-feira (27), será votado o tema da comissão, já que foram apresentados três pedidos: o de Young, o de Frange e, agora, o de Fiorilo. Com a articulação de João Antônio e da bancada petista, a base do governo Haddad, com 42 dos 55 parlamentares da Casa, deve aprovar a terceira alternativa.

Proposta chapa branca

A proposta do vereador petista quer “analisar e avaliar as planilhas de custo do transporte coletivo de ônibus” em São Paulo, mas foi criticada pelos vereadores da oposição, que acreditam ser tentativa de estabelecer uma CPI “chapa branca”.