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Aviso aos navegantes: a guerrilheira chegou ao poder. Viva!

 

 

 

Na última campanha presidencial, não faltaram aqueles que tentaram explorar de forma negativa o passado de Dilma Roussef, enquanto militante de grupos que se opuseram ao regime de ditadura militar imposto ao Brasil, inclusive pelo fato de integrar umas das facções que aderiu à luta armada.

Tentaram cunhar em Dilma o apelido de guerrilheira, acusá-la de assaltos (expropriações), como que a invocar que saíssem das trevas do passado obscuro do país o medo infundado da população de uma suposta “ameaça comunista”, tão usada pelos generais para justificar as arbitrariedades e injustiças que cometeram e, mais que isso, institucionalizaram, com sua famigerada Doutrina de Segurança Nacional a orientar a axiologia de todo o sistema legal e político do país.

Uma das imagens absurdas daquela campanha suja conduzida pelos setores retrógrados com a completa conivência e torcida da mídia conservadora, o tal PIG, foi a ficha falsa de Dilma detida no Presídio Tiradentes. Mas, outras não faltaram, inclusive tentando retroceder em busca do moralismo católico dos anos 50 e 60, com a migração da discussão do aborto do campo da saúde pública para o campo da moral sexual.

Com o apoio de Lula e da popularidade obtida pelos resultados do seu segundo mandato, Dilma partiu para a campanha presidencial, tratada inicialmente como “poste”, para galgar pouco a pouco a liderança da campanha e, em um feito histórico, vencer a eleição presidencial, em condições políticas tantopropícias para valorizar o papel da mulher na sociedade como resgatar a justiça da luta daqueles que se opuseram à ditadura.

O ano de 2011 começou como um jogo de xadrez. Dilma compôs o governo, impôs-lhe regras e rigores de padrão de gestão, estabeleceu prioridades tais como o combate à miséria, provocou mudanças institucionais relevantes: mudou a direção do Banco Central e a alinhou à política econômica orientada pelo ministro Guido Mantega, gerando desorientação dos analistas financeiros pensavam que podiam tutelar a política monetária.

As reações dos setores proprietários do establishment não tardou: passaram a intensificar a luta política contra o governo tentando carimbar-lhe a imagem de corrupto – velho chavão sempre usado contra quem não lhes quis beneficiar – e a usar dos dados obtidos em processos internos de fiscalização do sistema de controle interno do governo, como as apurações da CGU, por exemplo, para fustigar cotidianamente e recorrentemente aos ministros do governo.

Alguns deles perderam seus postos, é verdade, o que não implica dizer que a presidenta Dilma tenha concordado com a linha inquisitorial das acusações contra eles desferidas. Pessoalmente, também comemorei a saída de um ou outro, por divergir da orientação de suas estratégias, entendendo que a crítica dos conservadores estava criando oportunidades para Dilma instalar-se ainda mais no comando do governo, deliberando por nomes em que sua orientação pudesse se evidenciar com mais clareza.

Pois, agora, chegou a hora de avisar a Veja, a Folha, a Globo, ao PSDB, ao DEM, a Serra e a Kassab, além de Agripino Maia, lógico: a guerrilheira chegou ao poder!

a) Na semana passada, sob o comando de Dilma e a caracterização, por ela, do “tsunami” da economia mundial, abandonando a “marolinha” de Lula, o Banco Central aderiu à tese da baixa da SELIC mais rápida, reduzida em 0,75% de uma só tacada, implicando em menos uns R$ 3,5 a R$ 4 bilhões nas contas dos usurpadores da riqueza nacional;

b) Dilma reuniu-se com Luis Nassif, para conceder a ele, e a seu blog, uma entrevista exclusiva, a única após circular pela Alemanha opondo-se à Merkel e à orientação tragicomica imposta pela Alemanha à crise européia. Observem: Nassif é um símbolo da luta contra a Veja. Seu blog é referência da disputa politica contra os veículos convencionais;

c) Tentaram ameaçá-la com uma suposta rebelião do PMDB na base do governo, inclusive rejeitando o nome de Bernardo Figueiredo para a ANTT. Dilma aceitou o lance e não cedeu uma vírgula;

d) Inventaram uma entrevista de um general contra a Comissão da Verdade, para justificar a rebelião de um grupo de generais já aposentados da caserna. Dilma mandou que os que se pronunciaram contra a Comissão da Verdade sejam enquadrados e penalizados, porque devem-lhe obediência!;

e) Dilma mudou o titular do MDA, substituindo-o pelo operoso Pepe Vargas, considerado um dos expoentes da interlocução com as microempresas, mas não só: da corrente DS – Democracia Socialista, do PT Gaúcho, hoje integrante da Mensagem ao Partido. E com a nítida tarefa de retomar o ritmo da reforma agrária;

f) Hoje, o golpe de misericórdia: a indicação, contra a vontade dos líderes do PDT, de Brizola Neto, deputado federal, que apenas pelo sobrenome do avô, Brizola já representa um pesadelo para a Globo, no Rio. Mas, Brizola Neto, também é blogueiro, autor do Tijolaço, alinhado claramente em riste contra os senhores da mídia, desde sempre.

Não se trata de avaliar se Brizola Neto seria o melhor nome para o Ministério do Trabalho e Emprego, penso que não. Mas compreender que Dilma, com seus gestos inteligentes e concatenados, resolveu dar seu recado: a trégua acabou, a guerrilheira chegou ao poder!

Não deviam ter cutucado a onça com régua curta.

Dilma decidiu comprar a briga. Viva!!!

Redação

Redação

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