Política

“Crise na segurança pública exige resposta nacional com um ministério”, defende Genoíno

A crise na segurança pública exige uma resposta nacional coordenada, que inclua a criação de um Ministério da Segurança Pública para reformular as estratégias policiais, caso contrário, o governo continuará à mercê do Congresso e as limitações judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Essa é a visão do ex-presidente nacional do PT, José Genoíno, que falou à TV GGN, durante o programa TVGGN 20 Horas, sobre a necessidade de se traçar um novo rumo para o país, com um projeto de futuro definido e diretrizes claras, sair da visão de acomodação de moderação para uma política mais afirmativa. [confira o link abaixo].

“Nós temos de transformar o Brasil com base num projeto de futuro. A crise da segurança pública, o governo tem que assumir uma agenda nacional criando o Ministério da Segurança Pública, definindo rumos para uma nova polícia. E aí fazer o processo de integração horizontal, vertical e tangencial.

É isso que precisa, o Lula tinha que propor um pacto pela vida no país e esse pacto pela vida envolvendo polícias, envolvendo Ministério Público, envolvendo uma espécie de caravana para monitorar esses presídios lotados, super lotados”, declara Genoino.

Política de enfrentamento: Contrapor o Congresso e a mídia corporativista monopolista

A conduta proposta por Genoíno para o governo neste momento seria enfrentar tanto a crescente polarização da direita, que detém a maioria conservadora no Congresso, quanto o constrangimento imposto pela mídia corporativa monopolista, que pela falta de lógica fiscal, encurrala o governo e não abre espaço para o diálogo aprofundado. 

“Para enfrentar essa pressão o governo precisa sair dos palácios e dialogar com a sociedade, estabelecendo pontes com movimentos populares. Caso contrário, ficaremos reféns do conservadorismo midiático, neoliberal, obscurantista que busca preservar interesses monopolistas. Defendo uma inflexão política para um governo mais polarizador e de maior enfrentamento”. 

O objetivo da oposição, que rema no sentido oposto e autoritário, explica Genoino, “visa lucrar com a desgraça social do país. Nós temos que fazer uma inflexão, eu defendo que o governo Lula faça uma inflexão política para um governo mais polarizador e de maior enfrentamento, polariza e conversa”, explica.

O ex-presidente nacional do PT elencou ainda três pontos em que se deve estabelecer diretrizes claras para lidar com os desafios mais urgentes: primeiro, romper com a lógica de mercado e da mídia corporativa para enfrentar o ajuste fiscal; segundo, adotar uma postura mais assertiva na revisão das privatizações, especialmente no setor elétrico; terceiro, negociar soluções para a saúde e a educação, incluindo diálogo com grevistas.

Ainda, “temos de discutir uma questão de como incorporar nessas diretrizes a questão ambiental, a questão da defesa da vida, a questão do enfrentamento das pandemias, a questão das pautas alternativas da luta das mulheres, da luta antirracista, da luta dos quilombolas, dos indígenas, a luta da comunidade LGBT. O governo tem que sair do ecumenismo, da ideia de aliança com todos e com tudo”. 

Perdas de oportunidade históricas

“Nós estamos perdendo grandes oportunidades históricas”. Além da segurança pública, a punição dos envolvidos no golpe do 8 de janeiro, incluindo líderes militares e o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua horda, sem a possibilidade de anistia, é uma outra missão que requer o esforço conjunto do país, e não apenas do STF, de acordo com o ex-líder petista.

“Nós não podemos terceirizar essa bandeira só para o Supremo. O Supremo está cumprindo um brilhante papel, mas não podemos terceirizar o problema”.

Uma terceira grande oportunidade que está sendo posta de escanteio é o que está ocorrendo no sistema judiciário, à luz do relatório da Lava Jato do ministro Luiz Felipe Salomão. “Fala tudo [no relatório], tem que haver uma reforma no Judiciário. As ideias do lavajatismo entraram dentro do Poder Judiciário”.

Assista ao programa completo abaixo:

Carla Castanho

Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

Carla Castanho

Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN

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  • Perdão, Genoíno, mil perdões.

    Mas o texto é de uma estultice sem par.

    Crise nos sistemas de segurança é sintoma da falência do estado de classes capitalista, Genoíno.

    Você, do alto da sua figura histórica não tem direito a um erro desse.

    Pior se não for erro, e sim cinismo.

    Por admiração, fico com a burrice mesmo.

    Não se trata sintoma como causa.

    Violência e criminalidade são sintomas da doença desigualdade.

    Mas essa circunstância (desigualdade) é, ao mesmo tempo, e dialeticamente, a propulsão e morte do capital, sabemos.

    Então, para diminuirmos a violência e a crise da segurança, só diminuindo a desigualdade.

    Não há, no planeta todo, um só país que tenha dado conta, com algum sucesso, da questão segurança, com concentração de soluções no poder central, como você advoga.

    Ao contrário, todos os países que experimentaram uma concentração ou nacionalização dessas políticas fracassaram:

    Brasil, Colômbia, México...

    A saída é a municipalização e a descentralização normativa, como acontece nos EUA e na Europa, hierarquizando as camadas do poder de polícia em níveis concêntricos e complementares.

    O município e seus distritos, os estados e os crimes intermunicipais, a união com os crimes de interesse nacional, inter estados e outros mais graves, a depender do bem jurídico tutelado.

    Fim da carreira do MP e do judiciário como são, vitalícias e inamovíveis, e estáveis.

    Em nenhum país do mundo sério é desse jeito.

    O argumento que tais prerrogativas protegem o direito e garantias é falso.

    Promotores e judiciário viraram partidos políticos, e em casos mais graves, balcões de negócios.

    Estuários de autoritarismo, e de prestação classista e elitizada.

    Ordem e progresso, ordem para pobres e progresso para ricos, Genoíno.

    A polícia militar tem que acabar.

    Assim como essa aberração de concurso externo para comando das polícias judiciárias.

    Esse modelo, outra vez, só existe aqui, e coloca pessoas que nunca investigaram nada na vida, por um concurso, que se resume a uma gincana de decoreba, para comandar apurações, baseadas na redes do saber jurídico.

    Para que saber jurídico em investigação?

    Investigação responde:

    O que, quando, onde, quem, quando e por quê.

    Só isso.

    Faz um favor Genoíno, fala de algo que você sabe.

    E se não sabe, estude ou procure se informar antes.

    Não nos faça, seus admiradores, passat vergonha alheia.

  • Se ministério resolvesse "pobrema" não teríamos encrenca nas 30 e tanta áreas que tem ministério.

    Justiça já cuida da segurança pública.

    Nas que a solução previsa ser nacional, precisa,as organizações criminosas atuam em vários estados e as polícias ficam locais , quando não são sócias das ORCRIM.

    Mas sempre dá para criar um ministério , uma comissão , um troço destes com engravatados em Brasília fazendo estudos.

  • Putz! É a decretação de que nada mudará nesse país. A cada "problema" a criação de um ministério. O cachorro correndo atrás do próprio rabo.

  • É preciso dar uma basta na expansão de PM do estado de São Paulo e congêneres, não o fazendo, a democracia corre risco de ser abolida por estas forças dominadas por estas organizações.

  • Há outros debates que a hipocrisia e a covardia desse governo (e das esquerdas), não só do Genoíno, afastam.

    Sem cessar as proibições de uso e comércio de drogas, por exemplo, nada mudará.

    De nada adianta essa conversa mole do STF e essa discussão cretina sobre descriminalização do uso e porte de pequenas quantidades.

    Isso só beneficia, assim como o endurecimento da lei, aos ricos.

    Quem são os mais beneficiados pela proibição e uso das drogas?

    Ricos.

    Ricos nunca vão para cadeia, sejam traficantes (ex senadores de MG?) ou usuários (ex senadores de MG?).

    A proibição só atende aí traficante rico, falo de gente que nem sabemos quem é.

    Quem se lasca é o "trabalhador" de varejo.

    O STF e os hipócritas da esquerda querem permitir s venda de carro e proibir a venda de combustível...

    O que vocês acham que acontece?,

    Quem vai se matar para vender combustível?

    O rico que compra o carro?

    De fato, alguns traficantes são ameaça aos territórios que ocupam, mas só o são porque agem a margem da lei, ilegalidade que alimenta outros crimes, como tráfico de armas, mortes e corrupção estatal, desde o policiamento até às cortes superiores.

    Alguém já viu dono de boteco de fuzil e disputando hegemonia de território?

    Ou o dono da banca ou padaria que vende cigarro?

    Pois é.

    Outro ponto crucial:

    Anistia dos crimes de porte ou posse de armas para todos que entregarem suas armas, sem prejuízo da apuração de outros crimes que tenham cometido, como crimes violentos contra pessoas.

    Anistia com pagamento alto pelas armas, levando-se em conta o que Nassif mostrou em outro texto sobre os gastos com o crime:,

    É melhor pagar 40 mil por um fuzil que deixar essa arma matar alguém, não?

    Para os econometristas do calabouço fiscal, tipo Haddad, é só fazer a conta:

    Quanto custa pagar de pensão e indenizações às viúvas da violência, entre policiais e civis?

    Quanto se perde de capacidade produtiva?

    Jovens da faixa de bônus demográfico, 19 a 25 anos, que jamais pagarão um centavo de impostos ou contribuições previdenciárias, se é uma questão de conta.

    Mas para debater, vejam bem, debater isso é preciso uma coragem que Genoíno não tem, e ninguém nesse governo ou pior, na esquerda.

    Nassif, essa discussão cansa, mas não e por sua natureza, mas pela burrice ou cinismo de que está nela.

    É como debater o Natal procurando os ovos do coelho da Páscoa.

  • Essa, na atualidade, é a maior ameaça que o país vive, já se cogita até entregar o sistema de policiamento público para os condomínios ricos, é uma aberração, querem até entregar o controle de armas para os estados, sem nenhuma lógica com relação a violência que estamos expostos, as polícias hoje, com raras exceções e sem generalizar, é uma simbiose de política, seitas religiosas, miliciana e com tentáculos visível com o crime organizado, se as FFAA, não fizer uma intervenção nessa caótica situação de policias, será um futuro sombrio com policiais armados até os dentes, mal comandadas, tornando o país ingovernável, e com as populações oprimidas e reféns dos news bandidos. Infelizmente é o que vislumbramos para um futuro sem leis que não sejam as armas.

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