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Manifestação em Paris contra Feliciano reúne brasileiros

”Como todos aqui, estava indignada com essa nomeação. Vi manifestações sendo organizadas que em várias cidades, tanto no Brasil como outros países e achei que poderíamos fazer algo aqui em Paris também”, explica a coordenadora do evento, Maíra Pôssas Abreu.

O deputado e pastor Feliciano tem sido chamado de homofóbico e racista devido a declarações dadas por ele em entrevistas, a pronunciamentos seus feitos no plenário da Câmara e a mensagens postadas em sua conta de Twitter.

Conhecendo apenas alguns conterrâneos na capital francesa, Maíria decidiu consultar as redes sociais em busca de grupos de brasileiros que moram na França para sondar qual seria o grau de interesse em um ato desse tipo.

”Percebi que havia uma boa quantidade de pessoas que se engajariam e criei o evento no Facebook”, relata. Após a criação do evento, ela enviou um convite online a diversos potenciais participantes e conseguiu a confirmação de 200 pessoas.

Cartazes e palavras de ordem

O próximo passo foi obter uma permissão da polícia francesa, sem a qual não poderia haver manifestação. A ideia inicial era a de reunir os participantes em frente ao Consulado brasileiro, mas ”por motivos de segurança”, a polícia não permitiu.

A autorização só foi liberada para que a manifestação ocorresse em uma praça próxima ao consulado. Alguns manifestantes até tentaram fazer fotos em frente ao edifício da representação brasileira em Paris, mas foram impedidos pelos policiais que estavam no local.

Na praça do evento, os participantes exibiram cartazes com dizeres como ”Homofobia e racismo não” e ”Racismo não é opinião” e gritaram palavras de ordem, pedindo a saída do deputado Feliciano da presidência da CDHM.

A motivação dos manifestantes era a vontade de participar da vida política do Brasil, mesmo estando longe do país.

”Moro aqui há oito anos, mas vou ser brasileiro para sempre e tenho que lutar pelos direitos do meu país”, comenta Carlos Rizzetto, que trabalha na unidade francesa de uma multinacional. ”O Brasil é tratado como uma grande fazenda e isso tem que acabar”, complementa.

Carta aberta

Uma carta aberta pedindo a saída de Feliciano da presidência da CDHM foi assinada pelos manifestantes e será entregue ao consulado brasileiro na França. A expectativa é a de que o documento seja encaminhado para a Câmara dos Deputados.

A CDHM é constituída por 18 parlamentares e tem como objetivo tratar de violações aos direitos humanos e de assuntos referentes às minorias étnicas e sociais. Marco Feliciano foi eleito presidente da comissão por 11 votos, um a mais do necessário, no dia 7 de março último.

Em entrevistas, Feliciano já deu declarações dizendo que ”união homossexual não é normal” e que ”o reto não foi feito para ser penetrado, (porque) não haveria condição de dar sequência à nossa raça”.

Ele também afirmou que ”quando você estimula as pessoas a liberarem os seus instintos e conviverem com pessoas do mesmo sexo, você destrói a família, cria-se uma sociedade onde só tem homossexuais, você vê que essa sociedade tende a desaparecer porque ela não gera filhos”.

Há dois anos, em sua conta de Twitter, ele afirmou que “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato” e que “A maldição que Noé lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas”.

Luis Nassif

Luis Nassif

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