O capitalismo de compadres

É claro que não se pode ter dois pesos duas medidas com relação à divulgação desse tipo de informação. A atitude da “grande imprensa” continua sendo dúbia, por privilegiar as investigações de um lado do espectro político e esquecer convenientemente os podres do lado tucano.

Porém na minha visão o problema é bem mais profundo : mesmo que não haja nenhuma ilegalidade no caso do Palocci (não sei se é o caso ou não, não conheço todos os detalhes nem tenho formação jurídica para avaliar se algum crime foi cometido), esses relacionamentos muito próximos entre homens públicos e empresas privadas, na forma de consultoria ou de qualquer outro tipo de prestação de serviços, acarretam sérias dúvidas de um ponto de vista ético e só ajudam a desmoralizar ainda mais a política.

Isso cheira muito ao que se chama “crony capitalism” nos EUA, ou capitalismo de compadres, e o argumento de que o outro lado fez a mesma coisa, só reforça a visão cada vez mais difundida de que “políticos são todos iguais”.

Infelizmente sob o prisma da ética, o PT há muito se igualou aos outros partidos, e acha tudo isso normal. Onde desapareceu a visão ética, as denúncias feitas pelo PT quando era oposição? Será que só valia porque era oposição, e agora que virou governo, não vale mais? Vale só para tucanos, mas não vale para o PT nem seus aliados?

Não podemos usar dois pesos e duas medidas segundo que o partido é oposição ou situação. Não podemos transigir com a ética, independente da sua cor política. O argumento de que o fim justifica os meios para mim é inaceitável, seja para quem for.