O risco das ditaduras softs
Os EUA emergiram da segunda guerra mundial como potência democrática capitalizando politicamente em todo o mundo o grande esforço internacional de luta contra o nazi-fascismo. Este élan produziu internamente um ganho de velocidade na adoção de novos direitos para as minorias, mas não foi forte o suficiente, dada a fragilidade da esquerda americana, para produzir o que foi gerado na Europa: o Estado social.
Simultaneamente os EUA passaram a constituir o polo capitalista num mundo bipolarizado com o mundo do socialismo. Esta responsabilidade pelo protagonismo do polo reacionário produziu ao longo das décadas que seguiram a segunda grande guerra profundo desgaste na imagem de potência democrática e libertária.
Vencida a guerra fria e sem adversários de maior vulto a enfrentar os EUA se converteram num país onde o pragmatismo político assume ares de valor absoluto o que dá vida à ideia de que, se é para a defesa dos interesses americanos, então é lícito. Os fins passam a justificar os meios de maneira tão macabra que até mesmo a derrubada das torres gêmeas vem agregando, ao longo do tempo, cada vez maior número de adeptos à tese da conspiração, a exemplo do cientista dinamarquêsNiels Harrit da Universidade de Copenhagem que diz ter encontrado um explosivo tecnológico na poeira dos escombros do World Trade Center, que não veio nos aviões. O episódio envolvendo a espionagem de diversos países, dentre os quais o Brasil, é fato menor num contexto em que o país deu-se o direito de fazer rigorosamente o que bem entende, inclusive internamente, prendendo seus próprios cidadãos sem julgamento e executando outros com o uso de Drones. O episódio envolvendo o presidente Evo Morales é também ilustrativo de uma nova era sem lei nas relações internacionais, o que se aplica tão somente àquilo que é politicamente relevante. Cria-se portanto um contínuo entre a legalidade e a ilegalidade por onde as forças e interesses políticos transitam à vontade.
O problema é de extrema gravidade para o mundo, pois passa a constituir um modelo de Estado concorrente ao Estado de direito e um modelo de relações internacionais que emergiram da segunda guerra mundial como grande resposta de “compromisso” entre esquerda e direita e entre nações para a construção de uma sociedade fundada na lei e nos direitos individuais e coletivos e num mundo mais democrático e menos assimétrico.
Poderíamos dizer que os golpes no Paraguai ou Honduras fazem parte desta nova tendência de alinhamento a um modelo americano que pretende manter uma democracia de fachada no que é irrelevante e um fascismo de tipo novo “no que interessa”.
As ditaduras do século XX com a sua truculência explícita parecem que estão cedendo lugar a ditaduras cirúrgicas com baixo dano colateral e recobertas pelo manto legitimador da secretude e pela manutenção de uma democracia de fachada no que é irrelevante.
A quadra atual da política no Brasil torna, portanto, tudo o quanto seja portador de transparência e publicidade para o centro do tabuleiro. A Reforma Política e a adoção de mecanismos cada vez mais fortes de democracia direta, tais como a facilitação das normas para a realização mais frequente de plebiscitos temáticos e a democratização da mídia assumem papel crucial se quisermos realmente que a nossa tardia e jovem experiência democrática não venha a ser maculada pela adoção entre nós de um novo fascismo cirúrgico.
Inundadas, penitenciárias tiveram de transferir detentos para andares mais altos e não têm condições de…
Hamas aceitou uma proposta de cessar-fogo entre o Egito e o Catar para interromper a…
Em comunicado, grupo de conservadores afirma que posições do tribunal contra Israel são ‘ilegítimas e…
Após secas causadas pelo La Niña, chuvas trazidas pelo El Niño podem afetar abastecimento da…
O chefe do Executivo reiterou o desejo de fazer tudo o que estiver ao alcance…
O governo Dilma gastou R$ 3,5 mi pelo trabalho, abandonado após reforma ministerial; inundações, secas…