Relações Exteriores

Bolsonaro recebe tratamento dado a ditadores e párias, diz Jamil Chade

Jornal GGN – O jornalista Jamil Chade, em sua coluna do Uol, diz que Jair Bolsonaro está isolado do mundo com um ‘status equivalente a de um líder de uma republiqueta decadente e sanguinária’. O jornalista tem denunciado todos os dias a ficção em torno do ‘mito’, construída pelo bolsonarismo nas redes sociais. O que as redes sociais alardeavam era o oposto que o presidente vivia pelo mundo via zoom.

Com a volta das reuniões presenciais, o G20 trouxe os líderes a um mesmo local, mas para Bolsonaro isso significou um tratamento diferenciado, aquele dado aos líderes constrangedores, sejam ditadores ou personagens criticados por violações aos direitos humanos.

Chade acompanhou a primeira viagem internacional de Bolsonaro, em 2019, quando foi a Davos, para o encontro anual, logo após a posse. Mas o mundo já antevia a fraude de seu governo. O Itamaraty conseguiu palanque para Bolsonaro, que poderia falar por 40 minutos para dar seu recado e fazer seu retrato para o grande capital.

E Bolsonaro conseguiu o feito de falar por míseros seis minutos que mais parecia um discurso da Embratur. O jornalista conseguiu entrar em ala reservada ao presidente e seus assessores para um café da manhã. O recém-empossado presidente de uma das maiores economias do mundo comentava, infantilmente, o fato de ter se sentado ao lado de reis e empresários no jantar da noite anterior.

Bolsonaro não havia entendido que ali estava o presidente do Brasil, terra cobiçada. Viu-se como indivíduo. Logo após o comentário infantil do presidente, Eduardo Bolsonaro perguntou aos assessores: ‘a palavra bilionário se escreve com ou sem (a letra) H?’.

Mas mesmo com o passar de dois anos e meio, o analfabetismo deste governo evidencia-se em Roma: um homem sem aliados, sem amigos, que menosprezou líderes, que ofendeu parceiros comerciais e jogou o país na sarjeta da diplomacia.

Mais do que palavras, imagens corroboraram para evidenciar o fato: o primeiro-ministro italiano Mario Draghi não cumprimentou Bolsonaro pois que este não se vacinou. Chade vê evidenciado aí a toxidade do presidente.

Angela Merkel, Macron, Boris Johnson, Antonio Guterres, Morrison, Trudeau, Modi e outros chefes ali reunidos buscavam rumos para a pandemia e o clima. E, entre eles, não faltavam ironias com o Brasil.

O isolamento não ficou evidenciado somente na antessala do G20. A agenda de Bolsonaro em Roma, por três dias, previa encontro protocolar com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, que deveria receber todos os líderes como anfitrião.

Além do protocolar com o italiano, Bolsonaro encontrou com dois outros personagens menores: o secretário-geral da OCDE e, por poucos minutos, uma conversa com Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. Nenhum chefe de estado teve agenda com Bolsonaro, esta é a triste realidade.

Com encontro marcado, o único líder europeu que Bolsonaro terá agenda será com Matteo Salvini, da extrema-direita italiana. E com um toque de ironia extra, Bolsonaro convidou o líder fascista para estar na homenagem que ele fará aos militares brasileiros que lutaram na Segunda Guerra contra o fascismo.

Leia a íntegra da coluna no Uol.

Redação

Redação

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  • Parece que li um obituário dum país. A questão que permanece aberta é: quem votou nele , vai votar de novo?
    Não acredito nisso. Seria o mesmo que tentar fazer roleta russa com 6 balas no tambor, pra ficar numa metafóra que a milicia gosta.

  • A devoção ao "vô-mito" daria um belo estudo acadêmico. Aqui no interior de SP existe centenas de pessoas passando necessidade ou quebrando por causa do desastre econômico perpetrado por esta abominação e mesmo assim continuam venerando-o.
    Estou até eu a concordar com o inominável quando ele põe a culpa dos problemas no povo.
    Governo Federal - a culpa é sempre dos outros.

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