Categories: CidadaniaTrabalho

Alerta aos Colegas Trabalhadores das Estatais sobre as Ameaças a sua Previdência

Alerta aos Colegas Trabalhadores das Estatais sobre as Ameaças a sua Previdência

por Jorge Alberto Benitz e Jorge Luiz Ferreira

    Com o beneplácito da PREVIC (Superintendência Nacional da Previdência Complementar), autarquia federal responsável pela fiscalização dos fundos de pensão, os investidores nacionais e estrangeiros, não contentes em comprar a preço de banana as empresas estatais nacionais, estão agora avançando, como piratas em cima de um butim, nas reservas das  previdências dos empregados. Auxiliados por uma penca de advogados dos mais bem pagos escritórios de advocacia do país, eles encontram brechas na legislação, para não cumprir contratos vitalícios e não copatrocinar a previdência dos empregados das empresas privatizadas. Como estão se lixando para a sorte dos empregados que contribuíram toda a vida para a previdência, eles não hesitam em tirar tudo que podem destes, para aumentar seus ganhos e minimizar os compromissos contratados. É a “política social dos Contadores de Tostões”.

    Nos primeiros anos do neoliberalismo, os investidores que compravam as empresas privatizadas tinham, ainda, a ideia de conquistar corações e mentes para os valores do Mercado. Quando compravam os ativos públicos, que são os serviços de Natureza Pública (empresas estatais), preocupavam-se em, pelo menos, manter, em conjunto com os empregados, o patrocínio da previdência das empresas privatizadas. Buscavam mais ganhos diminuindo ao máximo custos, demitindo empregados com salários mais altos, que permaneciam apenas o tempo necessário para repassarem aos demais seus conhecimentos e experiência, e sobrecarregavam de trabalho os restantes. Ao mesmo tempo, os governos de então, compreendiam a importância do capital acumulado como fonte de financiamento de longo prazo do próprio governo (em títulos públicos) e de setores estratégicos para a econom ia nacional (em ações e outros títulos do Mercado de Capitais).

    E assim, estamos em uma nova etapa do capitalismo predatório que no lado de baixo do Equador assume uma barbárie inusitada. Ainda mais sob um governo que é declaradamente a favor do patrão e do capital descompromissado com as questões da sociedade e usa todos os meios que dispõe para atendê-los. O sociólogo Francisco de Oliveira já tinha previsto: “O que o capitalismo hoje quer é avançar nos fundos públicos”. Os bancos e gestores privados estão como abutres aguardando o momento de pegar a “bufunfa” e, sem compromissos de resultados efetivos, aplicar nas negociatas da ciranda financeira de alto risco.

    Com a porta aberta pela PREVIC e/ou pela legislação previdenciária adaptada, que considera uma decisão de caráter monocrático dos investidores compradores continuar ou não a copatrocinar, dispensam qualquer negociação com os atuais e ex-empregados ligados a um fundo previdenciário, muitos já em idade avançada e na condição de pensionistas, impondo as regras aos gestores ou dirigentes, que não raro atuam como meros facilitadores do processo. As orientações unilaterais são draconianas: quebram o pacto de vitaliciedade, determinam matematicamente quantos anos cada um viverá, excluem direitos das pensionistas, aplicam taxas de redução dos valores devidos tiradas da cartola e da visão tecnocrática (ou da pressão política e funcional) de um parecer econômico ou atuarial. Efetivamente desp rezam pactos sociais e trabalhistas firmados há mais de 40 anos, muitos dos quais conquistados em troca de reajustes salariais justos no tempo da escalada inflacionária dos anos 70 e 80. Como consequência, quebram a confiança necessária a previdência privada complementar. O cenário para os brasileiros é o pior possível: Previdência Pública inacessível a partir da mudanças de 2019; Previdência Privada sem confiança no longo prazo. No final, a coisa termina assim: pega o que estou te dando, e, se não gostou, busca judicialmente.

    Portanto, está aberta a temporada para que grandes fundos de pensão como, por exemplo, os do Banco do Brasil, Petrobras, Caixa Econômica Federal e outros da União e dos estados, também os daqui do Sul, tais como CEEE, CORSAN, e similares de outros estados brasileiros, quando privatizados, se volatizem, comprovando o vaticínio de Marx sobre a impiedade do capitalismo onde “Tudo que é sólido se desmancha no ar”. Mas, para não fugir à regra, como em tudo que envolve os grandes negócios com o patrimônio coletivo, tem alguns ungidos que pegarão partes significativas à custa do sacrifício dos demais.

Jorge Alberto Benitz – Engenheiro, poeta e escritor
Jorge Luiz Ferreira: Engenheiro, ex- diretor financeiro, ex-presidente e ex-conselheiro da Fundação CEEE de Seguridade Social

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

Redação

Recent Posts

Novo aumento do Guaíba pode superar pico anterior, prevê hidrologia

Nível já está em repique, aumentou 10 centímetros neste domingo, e chuva intensa com ventos…

6 horas ago

TVGGN: Usuário insatisfeito com operadoras de saúde deve registrar queixa na ANS

Operadoras têm amparo jurídico e atuação política, mas ANS impõe prazo para resposta e pode…

7 horas ago

Mães lutam por justiça aos filhos soterrados pela mineração

Diretora da Avabrum, Jacira Costa é uma das mães que lutam para fazer justiça às…

8 horas ago

Desenrola para MEI e micro e pequenas empresas começa nesta segunda

Para evitar golpes, cidadãos devem buscar ofertas e formalizar acordos apenas nas plataformas oficiais de…

9 horas ago

Cozinha Solidária do MTST distribui mais de 3 mil marmitas por dia a vítimas das enchentes no RS

Movimento tem a previsão de abrir mais uma Cozinha Solidária em Canoas e precisa de…

9 horas ago

Só deu tempo de salvar meu filho e pegar uma mochila, conta morador de Eldorado do Sul ao GGN

Em Eldorado do Sul, a sociedade civil por responsável por realocar 80% das famílias, mas…

11 horas ago