A Lava Jato e a rebelião do procuradorismo, por Aldo Fornazieri

A Lava Jato e a rebelião do procuradorismo

por Aldo Fornazieri

A operação Lava Jato é mais obra dos Procuradores da República do que do juiz Sérgio Moro. Este foi apenas o julgador, o sentenciador, o manifestador de juízos de valor prévios em seus despachos para a realização de operações. Anunciava a culpa antes dos julgamentos. Mas todo o edifício da Lava Jato foi erguido pelo Ministério Público Federal. Nestes termos, a Lava Jato pode ser definida como uma rebelião procuradorista – em certa medida, como uma rebelião do Estado contra o governo político. Explique-se: procuradores, a Política Federal, a Receita Federal e juízes, que constituem as equipes das diversas investigações, são agentes do Estado, ocupam carreiras típicas de Estado. Os seus alvos são agentes políticos, operadores de esquemas de lavagem de dinheiro que fazem as mediações entre os corruptores das empresas que têm negócios com o Estado e os políticos que se corrompem e beneficiam essas empresas com contratos superfaturados. Há nesse entremeio, também funcionários de carreira do Estado ou funcionários concursados de estatais.

Nessa rebelião do Estado contra o governo político existem algumas similitudes e muitas diferenças entre a rebelião procuradorista e as rebeliões tenentistas das décadas de 1920 e 1930. O tenentismo também vinha do Estado – do Exército, particularmente – contra o governo político. Atacava as oligarquias, a política do café com leite, prometia libertar e proteger o povo, propugnava uma reforma política e novas instituições públicas, advogava a reforma eleitoral com o fim do voto aberto e o voto de cabresto, pois, naquele tempo, a eleição era uma coisa muito mais de poder do que de política. Um dos grandes males do Brasil, para o tenentismo, era a corrupção.

Nestes pontos todos, há algumas fortes semelhanças entre as teses do tenentismo e as teses do procuradorismo. O procuradorismo também advoga novas instituições e se sente artífice das mesmas. Quer libertar o país dos políticos corruptos e entende que a corrupção e sua impunidade são os grandes males do país. A reforma política é uma petição recorrente desses agentes do Estado, pois o sistema teria mazelas incuráveis. Se o tenentismo algumas vezes fazia referência aos mais pobres e desvalidos e aos trabalhadores, o procuradorismo é portador de um discurso genérico se remete sempre à sociedade. Ambos, contudo, se irmanam no discurso fortemente moralizante, tão a gosto das camadas médias.

Tal como o tenentismo, o procuradorismo se autoconcebe como salvacionista. O tenentismo usava as armas para realizar a salvação. Suas rebeliões foram derrotadas, mas seus ecos rebentaram na Revolução de 1930 e muitos se incorporaram ao empreendimento autoritário-modernizador de Getúlio Vargas. O procuradorismo, com seus aliados do judiciário, comete vários abusos para fazer valer a sua ideia de justiça. Em que pese o seu discurso de imparcialidade e apartidarismo não conseguiu disfarçar o seu antipetismo.

Até agora, o procuradismo vem se mostrando vencedor, mas os seus ecos resultaram no governo Temer constituído pelo núcleo mais corrupto do Brasil. Getúlio Vargas, em que pese o autoritarismo, teve um sentido modernizante e progressista: fundou o Estado moderno brasileiro e garantiu direitos trabalhistas. O governo Temer tem um sentido retrógrado, conservador e antipopular. A Revolução de 1930 manteve parte das velhas elites no poder, mas abriu as portas para o ingresso de novas forças politicas e sociais. O governo Temer expurga as novas forças políticas e sociais que emergiram após a Constituição de 1988 e fecha o poder em uma aliança fundada entre o capital financeiro, o agronegócio, o rentismo da classe média e os privilégios tributários dos que ganham mais.

A ilusão do Estado

No Brasil, o Estado se constituiu numa grande ilusão, numa grande miragem de todos aqueles que querem mudanças. Na verdade, o Estado vem se revelando ao longo dos tempos o sepulcro das mudanças. No Brasil, o Estado é, de forma indesmentível, um aparelho para constituir patrimônio, independentemente de quem sejam os seus ocupantes. As elites econômicas, que sempre detiveram o seu controle, consentem que parte do Estado seja ocupado gerencialmente por forasteiros, como foi o caso do PT, desde que esses forasteiros garantam o manejo do Estado como instrumento de constituição de patrimônio dos mais ricos. As formas de assegurar a constituição de patrimônio pelo Estado são diversas e variam no tempo. São incentivos e benefícios fiscais, é a iniquidade fiscal, são as variadas formas de corrupção, são políticas públicas orientadas para setores corporativos etc.

Tenentistas, comunistas, petistas, procuradoristas foram e são alimentados pela ilusão do Estado. Todos acreditaram e acreditam que com controle e a posse do Estado mudam a realidade social pela via do poder. A história mostrou o contrário: o Estado muda os “revolucionários” de plantão. Os tenentistas foram absorvidos pelo Estado. Os petistas foram absorvidos pelo Estado e se tornaram uma força patrimonialista associada a outras forças como o PMDB em convívio com outros partidos e com o PSDB, que foi um partido que nasceu dentro do Estado e sobrevive às suas custas. Os partidos, no Brasil, são patrimonialistas.

A elite econômica aceita o gerenciamento estatal do patrimonialismo até o ponto em que não há riscos de perdas, seja por crises fiscais ou por políticas altamente distributivas. Foi o que aconteceu com o PT: o seu distributivismo não ameaçava o esquema patrimonialista, mas o partido não soube gerir a conta fiscal levando a uma crise provocando o fim do pacto aceitável para a elite. Alguém deveria pagara a conta. Como o governo Dilma não teve a coragem de cobrar a conta nem de uns e nem de outros, foi derrubado.

Mas os petistas se sentiam seguros no poder, possuídos pela mesma ilusão que alimentava o círculo de poder de Jango em 1964. A ideologia revolucionária dos petistas, que havia germinado nas lutas contra s ditadura e pela redemocratização, feneceu nos gabinetes do poder. Os petistas se contentaram em exercer pequenos e vãos poderes, poderes que careciam de conteúdo e de autoridade para promover mudanças efetivas. Nem tenentistas, nem comunistas, nem petistas, nem procuradoristas sabem, realmente, onde está o poder de fato. No Brasil o poder não serve, mas se serve para ser servido.

Os procuradoristas, pela sua natureza, são o Estado. Têm privilégios salariais e garantias funcionais que os tenentes não tinham. O que eles querem é uma assepsia do Estado para torná-lo funcional, técnico, eficiente. O desfecho mais provável do movimento procuradorista não é a aprovação das “Dez Medidas de Combate à Corrupção”, mas o surgimento de uma legislação que limitará as investigações, as delações premiadas e protegerá os corruptos. Bastará se consolidar o afastamento de Dilma e se verá movimentos mais explícitos nesse sentido.

O PT tentou ser o protagonista de uma grande mudança no Brasil. Mas ao ser absorvido pelo Estado, representou apenas o ápice de uma forma de governar que foi hegemônica no Brasil a partir do governo JK. A forma de governar ditada pelas grandes obras. Isto ocorreu na União, nos Estados e nos Municípios. O poder político, financiado por um sistema corrupto, já não decidia os grandes projetos para o Brasil. Quem decidia eram as grandes construtoras, as grandes prestadoras de serviços para o Estado. Se o procuradorismo promoveu um bem, este bem consistiu em dinamitar esta forma de governar.

A Lava Jato pôs fim a Era das grandes obras. Nem o governo Dilma, nem o PT, nem o PMDB e nem o PSDB perceberam o que aconteceu em 2013: foi o início do fim de uma Era marcada pelo modo de governar através de grandes obras. O que a sociedade quer é um novo modo de governar baseado em serviços eficientes e na garanta de direitos.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

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  • Esses são os artífices do

    Esses são os artífices do golpe de estado. O PT empoderou eles por puro corporativismo de suas próprias entranhas sindicais e colheram o fruto de sua destruição. Muitas teses de mestrados serão feitas para mostrar como é nefasto o corporativismo - a doença infantil do sindicalismo (parodiando) o grande mestre. O corporativismo da classe média empoderada deu nisso, a cria devorou o criador.

  • Aldo, parabéns. Uma boa analogia ao passado, que serve para...

    Aldo, parabéns. Uma boa analogia ao passado, que serve para entender o presente como para prever o futuro.

    Poderia alguém seguir um pouco mais verificando as diferenças dos dois movimentos, pois me parece que como o primeiro estava ligado a um movimento que orbitava em torno do positivismo e do esquerdismo do tenentismo surgiu o "Cavaleiro da Esperança", porém como do procuradorismo por estar apoiado numa ideologia liberal e individualista só podem surgir "Cavaleiros da Desesperança".

  • Menos!

    Lava Jato é obra de CERTOS Procuradores. Rebelião de CERTA parte do Estado contra CERTO governo político. Quer libertar o país de CERTOS corruptos. CERTO Estado é ilusão (logo logo veremos um CERTO Estado concretíssimo cobrar a conta do golpe de CERTA parte da sociedade). A nossa Primavera foi (também) um protesto contra um CERTO modo de posicionar o Estado. E por aí vai. CERTA plutocracia deve estar adorando o salvacionismo do procuradorismo.

    • Perfeito!
      Vamos parar com

      Perfeito!

      Vamos parar com essa mania de acreditar que todos são puros e impolutos nesse reino.

      Há muitos canalhas e mau caráteres, há, sim, interferência estrangeira, há sim, desonestidade intelectual de muitos, repito, muitos que sabem exatamente o que estão fazendo tanto no MPF, como na PF, como no Judiciário Federal.

      E o fim desta operação será um pais alquebrado, dividido, humilhado com os pobres ainda mais pobres, os ricos ainda mais ricos e os corruptos gozando de seus bens na suas prisões maravilhosas e domiciliares após as delações que só tem um objetivo: acabar com tudo, absolutamente tudo que tem um leve "cheiro" de esquerda, alías como Nassif já falou anteriormente...

       

  • Bem, consideremos ...

    Estarei de acordo com tudo o que foi dito, contanto que os procuradores também comecem a cortar na própria carne. Além disso, que comecem a ver como se colocam quanto aos companheiros que não são tão "impolutos". O mesmo quanto aos juízes, os maiores corporativistas da República !

    • O problema não é ser contra ou a favor, o problema é os ....

      O problema não é ser contra ou a favor, o problema é os procuradores respeitarem a lei em todos os sentidos, aí não há o contra ou a favor.

  • Esqueceu a variável mais

    Esqueceu a variável mais importante na equação do poder recente: os interesses externos.

    A queda da Dilma e do PT não se deu por conduzir mal o Estado dentro do que era proposto ao PT realizar.

    A queda se deu exatamente por seguir a risca o ideário, dentro das possibilidades políticas: um congresso e um país dominado pelas oligarquias estruturadas desde a época do golpe militar.

    O alijamento de grupos políticos (leia-se PSDB) e o atrevimento de se aliar com condições efetivas de sucesso com os BRICS, talvez sem a capacidade de articulação de Lula (se é que talvez isso fizesse diferença), tornaram inevitável o golpe.

    E o golpe se serviu dos procuradores. E as cúpulas sabiam disso. Não é a toa que, misteriosamente, os adolescentes dos protestos de 2013 empunhavam cartazes contra a obscura PEC 37.

  • Gostei da abordagem

    O querido AA, em post de muitos meses atrás, traçou um paralelo interessante entre o Tenentismo e o Golpe de 64, já alguns militares dos anos 1930 tornarem-se generais nos anos 1960. De uma certa maneira, por um período de 2 décadas, um pouco mais, o Tenentismo foi "vitorioso".

    Há diferenças e similitudes entre os militares golpistas de ontem e os procuradores golpistas de hoje. A principal diferença, a meu ver, é que os militares eram desenvolvimentistas e estrategicamente melhor preparados, em função de sua formação na área de defesa. Embora a crueldade de seus atos, jamais permitiriam o esfacelamento da indústria nuclear ou de petróleo, como agora. Os procuradores de hoje estão destruindo a indústria de base do Brasil, e portanto enfraquecendo a nossa soberania, por capricho e ignorância.

    As similitudes, além do messianismo e outros pontos citados no texto, ficam por conta da hipocrisia e da corrupção dos dois grupos. Para ambos, os meios justificam os fins. O Procuradorismo corrompe veículos de mídia para divulgar vazamentos, mas dizem que corruptos são os outros. Torturam presos políticos para delação de petistas, fazendo da Constituição letra morta. Agem como justiceiros em nome do país, sendo que ninguém lhes constituiu tal poder.

    Tal como os militares de ontem os procuradores de hoje são a personificação do mal e do nosso fracasso como Nação Democrática.

  • Ditadura da Toga

    O Século XXI mantém a figura da Ditadura Eclesiástica (os Aiatolás, o Exército Islâmico).

    Já a nossa querida Pátria Ouriverde está aceitando, passivamente, a DITADURA DA TOGA!.

     

    A cunhada de Vacari vai para a penitenciaria porque o MP confundiu-a com a irmã, esposa do ex-Tesoureiro do PT.

    Até hoje não pediram desculpas.

    Os 3 Patetas de São Paulo que pediram a prisão de Lula gravaram, ILEGALMENTE, uma conversa entre Rui Falcão, do PT, e Jacques Vagner, quando ministro, num aparelho telefonico cuja escuta fora autorizada APENAS para apurar se Lula é ou não é proprietário daquele sítio.  A conversa entre os 2 nada tinha a ver com Lula ou com o sítio, assim mesmo eles gravaram e, o que é pior, divulgaram para a Imprensa (a conversa girava em torno de Lula ser Ministro para se proteger). E nada lhes aconteceu, apesar da flagrante ilegalidade e parcialidade.

    Agora 2 Procuradores agridem o Ministro Tóffoli, a respeito da libertação de Paulo Parente, acusandou-o de não conhecer a legislação, e não vejo reação de nenhum lugar.

    Afinal, se Sérgio Moro pode grampear a Presidente da Republica e, mesmo sabendo ilegal, ainda assim divulga para a imprensa e nada  lhe acontece, como matar o ovo da serpente no ninho?

    O  NAZISMO COMEÇOU COM A CONDECEDENCIA:

    " Disse o padre na missa:

    No primeiro dia invadiram minha paróquia e detiveram todos os ciganos, eu nada disse pois ciganos não eram de minha paróquia.

    No segundo dia invadiram minha paróquia e detiveram os judeus que já não dispunham mais de sinagogas. Eu nada disse pois esses não são cristãos.

    No terceiro dia invadiram minha paróquia e detiveram os comunistas, os homosexuais e os excepcionais. Como não sou comunista eu nada disse.

    No quarto dia eu não tinha para quem celebrar a missan - já tinham levado todos! ".

  • O Aldo Fornazieri escreve

    O Aldo Fornazieri escreve na

    seg, 04/07/2016 - 11:35

    O Aldo Fornazieri escreve na mesma linha dos procuradores da Lava Jato. Encontra um culpado ou uma tese e a adapta ao fim desejado. Não tem ninguém desse grupo da Lava Jato preocupado com a corrupção não, nem tem pureza de intenções. Tem  manifestação política intermeada com defesa de um modelo econômico que vai contra os interesses nacionais. Dourar a pílula é valorizar agentes públicos desprepados que misturam religião e militância política ao mesmo tempo que descumprem preceitos básicos, e sobre os quais deveriam ser punidos, das leis.

    Só para relembrá-lo gostaria de sugerir a leitura de como vivem os ladrões delatores, do valor recuperado, do custo imposto ao desmonte das empresas, ao desvio de 10% do dinheiro arrecadado para a "classe" dos procuradores, da condução coercitiva do Lula, da prisão sem motivo do José Dirceu, da prisão apenas do tesoureiro do PT. 

    E lembra-lo mais que tudo da diferença de combate do procuradorismo e do tenentismo. A Lava Jato, junto com a imprensa trabalhou para derrubar uma presidente honesta e que defende os interesses nacionais. Quanto ao tenentismo coloco abaixo os motivos da revolta segundo os livros de história:

    O que defendiam 

    Este movimento contestava a ação política e social dos governos representantes das oligarquias cafeeiras (coronelismo). Embora tivessem uma posição conservadora e autoritária, os tenentes defendiam reformas políticas e sociais. Queriam a moralidade política no país e combatiam a corrupção. 

     O movimento tenentista defendia as seguintes mudanças: 

    - Fim do voto de cabresto (sistema de votação baseado em violência e fraudes que só beneficiava os coronéis);

    - Reforma no sistema educacional público do país;

    - Mudança no sistema de voto aberto para secreto.

     As semelhanças entre o tenentismo e o procuradorismo se resumem ao combate a corrupção e o autoritarismo. Só que os procuradores da Lava Jato não combatem a corrupção, combatem o partido da presidente que esta no poder. Tanto que desviam das denúncias contra o Psdb com o "não vem ao caso", o esquecimento do tesoureiro do Psdb na época do engavetamento da CPI da Petrobrás pelo Sergio Guerra e Álvaro Dias, ou pelo recorte recente feito na Operação Custo Brasil para proteger José Serra (reportado aqui mesmo no blog pelo Luis Nassif).

    Mas não há como aproximar movimentos cujos propósitos são diferentes: o procuradorismo da Lava Jato se resume ao “combate a corrupção” (com o apoio principal da Rede Globo, uma das empresas mais corruptas do país) e no tenentismo havia combate à corrupção através da reforma do sistema político e da reforma do sistema educacional. 

    • Fornazieri adora confundir. À

      Fornazieri adora confundir. À primeira vista, coerência total! O problema é que ele sempre analisa conforme o plantado pelo Instituto Millenium e os órgãos associados no PIG. Pra quem não desgruda da GloboNews... perfeito!

    • Pedindo licença....

      para introduzir alguns comentãrios ao texto do aturdido (ou dirigido?) professor.

      Mais uma vez esse autor vem nos brindar com um de seus devaneios. Ou seriam delírios? Ou uma simples transcrição de algum "comentarista" do Mercado? A impressão que vem da leitura desse texto é de que o autor tem a certeza do que afirma, condizente de uma visão particular de uma realidade que ele enxerga e considera verdadeira e não uma elaboração sobre opiniões dele ou de quem quer que seja.

       Observando essas afirmações de uma pessoa que se apresenta como professor, não fica tão difícil de entender a confusão reinante na cabeça de tantos que, ou ouvem esses tais professores, ou se informam por meio das interpretações e versões da realidade elaboradas pelos "comentaristas" da Globo News. Logo de cara ele afirma:
       "O governo Temer tem um sentido retrógrado, conservador e antipopular." Ora, o desgoverno golpista teria um sentido "conservador" de que? Até agora ele tem se mostrado fora de rumo e mais para uma linha destruidora que de conservação do que quer que seja. Depois vem com essa:  "...o seu distributivismo (do PT, é claro!) não ameaçava o esquema patrimonialista, mas o partido não soube gerir a conta fiscal levando a uma crise provocando o fim do pacto aceitável para a elite. Alguém deveria pagara a conta. Como o governo Dilma não teve a coragem de cobrar a conta nem de uns e nem de outros, foi derrubado." O que? O "...partido não soube gerir a conta fiscal levando a crise..."??? Ora!! E quem saberia gerir a tal crise, caro professor, se o mandato presidencial outorgado nas urnas não pode nunca ser exercido? Se houve um motim generalizado do PJ - Partido do Judiciário, do PMP - Partido do Ministério Público, da PF, dos Tribunais de Contas e tribunais eleitorais e todas as agremiações partidárias aliadas ao Partido da Globo, quem seria capaz de organizar e gerir a algazarra resultante da esculhambação institucional estabelecida? Qual a conta fiscal que o partido não soube gerir, professor? Ainda bem que ele não se diz economista como um certo Zé Chirico! E vai adiante, no seu delírio: "Os petistas se contentaram em exercer pequenos e vãos poderes, poderes que careciam de conteúdo e de autoridade para promover mudanças efetivas." Quer dizer que 40 milhões de pessoas saíram da linha da miséria, o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU em 2013, entre tantas outras realizações extraordinárias e inéditas na história do país, porque "...os petistas se contentaram em exercer pequenos e vãos poderes, poderes que careciam de conteúdo e de autoridade para promover mudanças efetivas." (Por Tutatis!!) Aí, a gente pensa que ele acordaria mas, não! Ele prossegue no transe, afirmando: "O que eles querem (os Procuradores?) é uma assepsia do Estado para torná-lo funcional, técnico, eficiente." (???? Eh pra rir, ou pra chorar???)  De onde ele tirou isso? Andou lendo os "comentaristas" da GLOBO ou ouvindo a CBN? O que o professor pensa que aqueles caras do MP entendem de Estado? O Nassif já andou tentando explicar a visão obtusa que rege as ações desses especialistas em decorebas para preenchimento de formulários de concursos públicos. Vale recomendar uma leitura atenta dos textos do Nassif, de vez em quando. Ora! Se eles quisessem limpar o país, como imagina o ilustre e desorientado professor, o Santos Lima e sua gangue teriam eliminado as choldras que figuravam nas investigações do ROMBO do Banestado!! Que estão aí leves e soltas até hoje, embora tenham se tornado, alguns destacados protagonistas, personagens célebres de um romance polícial Best Seller do Amaury Júnior, chamado A PRIVATARIA TUCANA!!! E os casos pouco comentados da ZELOTES e Panama's Papers, e tantos outros? Por que não se organizam forças tarefas e nem ninguém vai preso para obter as premiações delatadas? E a "Lista de Furnas" entregue pessoalmente, em mãos, pelo Deputado Rogerio Correia (MG) ao seu conterraneo, Janot? Por que não merece investigação? E tome mais essa: "A forma de governar ditada pelas grandes obras. Isto ocorreu na União, nos Estados e nos Municípios. O poder político, financiado por um sistema corrupto, já não decidia os grandes projetos para o Brasil. Quem decidia eram as grandes construtoras, as grandes prestadoras de serviços para o Estado. Se o procuradorismo promoveu um bem, este bem consistiu em dinamitar esta forma de governar." Ora, o "...poder político, financiado por um sistema corrupto..." foi assim estabelecido para que passasse a operar legalmente, da forma que SEMPRE FOI, ao gosto das elites, por meio de lei promulgada em 1997, pelo "príncipe" que instituiu o financiamento privado de campanhas que era, até então, ilegal. Mas, construído, havia muito tempo, por um pacto celebrado entre as elites (nos ambientes sombrios das maçonarias) em que as propinas eram e são até hoje pactuadas e celebradas alegremente em todos os grandes contratos de obras públicas e privadas. Ou só o professor e seus alunos não sabem disso? O professor, por acaso, terá ouvido falar de Dersa, Rouboanel e Paulo Preto? Então, as políticas de Estado foram definidas pelas grandes construtoras? Então, a Lei de Partilha, a conversão dos recursos do petróleo para a saúde e educação, a recuperação da Indústria Naval, o conteúdo nacional, o Programa Nuclear Brasileiro, e tantas outras políticas foram definidas por meia dúzia de cartelistas de obras públicas?? E, então, acabar e destruir a indústria de contrução civil fortalecida e consolidada no cenário internacional, na última década, foi a boa obra dos PROCURADORES CONCURSEIROS? E qual teria sido a parte ruím da obra dessa meninada voluntariosa e ignorante? Não sabemos onde o professor esteve, em que planeta, nas últimas décadas, mas afinal, ele supõe que:  "A Lava Jato pôs fim a Era das grandes obras. Nem o governo Dilma, nem o PT, nem o PMDB e nem o PSDB perceberam o que aconteceu em 2013: foi o início do fim de uma Era marcada pelo modo de governar através de grandes obras. O que a sociedade quer é um novo modo de governar baseado em serviços eficientes e na garantia de direitos." Primeiro, aqui há uma questão a discernir, porque estão misturados alhos com bugalhos. O PMDB não tem e nunca teve que perceber nada a não ser quem está no poder e como se pode organizar a maior chantagem política sobre esse poder para tirar as maiores vantagens para os seus comparsas e financiadores. O PSDB nem isso tem que perceber. Porque é o partido escolhido pelo Mercado e, por conseguinte, é construído, mantido e protegido na Mídia, onde são exaradas as sentenças valorizadas pelo judiciário e MP, sem nunca ter tido necessidade de se constituir como partido político. E, o mais importante e absolutamente incompreensível. Que, talvez, o ilustre, porém atordoado professor, possa nos esclarecer. O que aconteceu em 2013, de relevante,que ele parece considerar tão importante? De onde ele tirou "...que a sociedade quer é um novo modo de governar baseado em serviços eficientes e na garantia de direitos."??? Será que ele imagina que das "manadas de junho" poderiam sair tais anseios de forma clara e cristalina? E, se temos um país de dimensões continentais que, em 500 anos, nunca teve um governo com um programa, por mínimo que fosse, de redução e enfrentamento do déficit de infra-estrutura, como podemos enfrentá-lo se não temos grandes empresas, detentoras e desenvolvedoras de tecnologia reconhecidas mundialmente? Caro professor! Parece que é preciso estudar um pouco mais a realidade, os cenários reais, porque a dinâmica com que se movimentam e desenvolvem os fenomenos políticos e economicos de hoje não se pode aprender e compreender nos livros porque não está lá a sua explicação. Enquanto não puder fazer esse estudo, limite os seus ensinamentos ao que está escrito, sem fazer elaborações desajustadas, em respeito aos seus alunos e a nós todos. 

    • gostei dos seus argumentos

      Felicito seu escrito que me poupa de encontrar a exactidao das suas palavras para exprimir umas quantas verdades.

  • Caro Rubem, li Os donos do

    Caro Rubem, li Os donos do poder do Faoro, mas não entendi como penso que você tentou explicar (desculpe o tentou), Entendi que foi dito por Faoro que o Estado foi o empoderamento do patrimonilismo, não ao contrário. E isso perdura até hoje, salvo acidente de percurso desse empoderamento quando passou para os petistas. Dai essa elite, colocada por ti, querer retomar de maneira efetiva, o Estado para ela, pois sentiu, a partir da 3ª vitória eleitoral do PT, que esse Estado, que lhes pertencia por apossamento histórico (vide Faoro), estava lhe fungindo de verdade.

    • Além do Faoro

      Ainda que hoje ele esteja vestido com plumagens tucanas, a melhor análise sobre o patrimonialismo brasileiro, a meu ver, ainda é a do Simon Schwartzman no As Bases do Autoritarismo Brasileiro.

      • Perdoe-me o maniqueísmo, mas,

        Perdoe-me o maniqueísmo, mas, apesar de não ser flamenguista adoro o verso do Lamartine que diz: "Uma vez Flamengo, sempre Flamengo." Tucano, um eufemismo pra perrepista-udenista é tucano até debaixo d´água. Tudo que disser será tucanamente.

    • Caro Clovis,
      Considero rasa a

      Caro Clovis,

      Considero rasa a leitura do patrimonialismo como uma parasitagem do poder econômico por parte do poder político-administrativo. É claro que essa leitura é conveniente para o poder econômico. Pobre empresariado brasileiro, vítima dos políticos e dos burocratas...

      Vejo o patrimonialismo à brasilrira como parasitagem mútua, de um lado os donos do dinheiro de outro os donos do Estado. Os dois lados se detestam, mas aprenderam a operar em simbiose, para o prosseguimento da exploração e expoliação histórica das terras e das gentes.

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