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Beethoven, um negro?

O livro Beethoven – A Música e a Vida, escrita por Lewis Lockwood, um dos grandes especialistas em Beethoven da atualidade, contém declarações de diversas pessoas que tiveram a sorte de conviver com o compositor alemão. Muitos dos depoimentos recolhidos jogam luz sobre um aspecto curioso.

A família Fischer, proprietários da casa onde Beethoven cresceu, em Bonn, relata: “Era homem baixo e forte, de ombros largos, pescoço curto, cabeça grande e nariz redondo, com tez escura. Ele sempre se inclinava um pouco para frente ao caminhar”.

Em outros diários: “Era baixo e de aparência comum, de rosto feio, avermelhado e cheio de marcas. Seu cabelo era muito escuro e caía, desarrumado, em torno do rosto. (…) Suas roupas eram ordinárias, não muito diferentes da moda daqueles dias. (…) Falava com um sotaque forte e de uma maneira bastante comum. (…) Seu rosto, de expressão resoluta, exibia marcas, talvez de varíola”.  A análise de sua máscara mortuária revela também a existência de lesões e sulcos.

O editor da revista Pride, dedicada à comunidade africana e antilhesa do Reino Unido, afirma ser evidente a existência de um complô com a finalidade de ocultar a origem negra de Beethoven. Shabazz Lamumba, autor do artigo, afirma se tratar de um desejo dos brancos em se apropriar do compositor. Lamumba cita, ainda, a descrição do antropólogo Frederick Hertz que, em seu livro Raça e Civilização, descreve a pele morena e o nariz largo do gênio de Bonn.

Sabe-se que os antepassados paternos de Beethoven eram flamengos e que, devido ao cabelo espesso e pele morena, o compositor era muitas vezes chamado por seus amigos de “espanhol”. Teorias afirmam que Beethoven descenderia de escravos emigrados das colônias holandesas da América Central (em particular, da colônia de São Domingos). A dominação espanhola nos Países Baixos – com a anterior dominação moura na Península Ibérica durante a Idade Média – mostra não ser impossível que corresse nas veias do compositor certa porção de sangue ibérico ou, em última instância, mouro, remotando às supostas origens africanas do músico.

Pessoalmente, atrevo-me a afirmar que causou-me surpresa as feições que encontrei na máscara mortuária do compositor quando tive a oportunidade de vê-la em Heiligenstadt, Viena. Por curiosidade, busquei no Google mais informações sobre o assunto… outra surpresa!

Será que onde há fumaça há fogo?

Abaixo, o último movimento da Sinfonia n.5 em dó menor, Op.67. O famoso início da obra (o célebre tchã-tchã-tchã-tchããããã), não pode eclipsar o que se encontra neste último movimento: Beethoven na mais pura fonte, repleta de profundo heroísmo revolucionário, de contestação.

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