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Pobreza Rural não tem nada a ver com a estrutura fundiária

 

A situação precária dos produtores e trabalhadores rurais vem na verdade de outras causas.

Já desmente essa afirmação o fato de que todos os assentamentos feitos no programa de reforma agrária, parcelando e distribuindo terras, são um fracasso em relação à geração de renda e melhoria da condição de vida dos rurícolas.

O campo não traz votos e as verbas são gastas apenas nas cidades. No campo o proprietário é obrigado a construir toda a infra-estrutura por sua conta. Água potável, luz, estradas, casas para os trabalhadores, problema do lixo, transportes e preços dos produtos. O minha casa não vale para o campo e só financia moradias nas cidades. Escolas, postos de saúde, transportes, iluminação pública, segurança, etc. tudo por conta do proprietário independente do tamanho da propriedade. A remuneração obtida por área é tão pequena que se não tiver uma área significativa, a propriedade jamais atinge o ponto de equilíbrio. O pequeno não consegue produzir renda acaba vendendo e indo para as cidades. Os latifundiários que eu prefiro chamar de agro-business não expropriam terra de ninguém.

Qualquer investidor opta por um negócio onde não precisa fazer casa para os funcionários, na cidade o governo faz, não precisa arrumar água de boa qualidade, o governo traz, não se preocupa com atendimento de saúde, o governo dá, luz, etc., Já o “ruralista” aceita o desafio e investe o seu capital na infra-estrutura necessária para tocar o seu negócio pois o governo não terceiriza isso e nem paga nada a ele para fazer isso. Pior, nem sequer existem financiamentos para esses investimentos em bem estar social.

Nosso governo nunca criou um zoneamento agrícola, nunca honrou o preço mínimo das produções agrícolas. Criou um seguro rural que serve apenas para pagar aos bancos, só dá para isso.  Nada sobra para o produtor que perde o seu trabalho e os salários pagos para plantio da safra frustrada. Muitas vezes os produtos agrícolas serviram para bancar planos econômicos, sempre lançados em plena safra quando as commodities não têm preço e garantem pelo menos alimentos baratos às populações urbanas. Não temos estoques reguladores e muitas vezes também quando em uma frustração de safra o preço de algum produto agrícola sobe e poderia remunerar melhor os produtores (lei da oferta de da procura), nossos governos importam para derrubar os preços aqui dentro e não subir o índice de inflação, pavor dos urbanos. Não temos também infra-estrutura de armazenamento da produção agrícola. A infra-estrutura logística é ridícula como todos sabem.

O único negócio que eu conheço em que o vendedor pergunta ao comprador: – quanto você paga? é a agricultura. Em todos os outros o comprador pergunta quanto custa esse produto?

O descaso governamental e da sociedade com a atividade agrícola é sim a causa da pobreza no meio rural. Neste caso o teórico Lauro Mattei carrega alem do desconhecimento do assunto o ranço este sim histórico contra os antigos senhores feudais brasileiros. Hoje os latifúndios são produtivos, tecnificados e extremamente eficientes, pois conseguem sobreviver nessas condições e ainda gerar o maior saldo positivo para a nossa balança comercial. A nossa agricultura empresarial Produz alimentos com alta qualidade que são disputados nos mercados internacionais. Acho a teoria do Dr. Mattei furada. Não existe atividade que resista a um descaso desses.

Ah! Ainda tem que cuidar e recompor o meio ambiente, tudo por conta do produtor rural, para não ser multado e criminalizado. Isso nas cidades o governo não dá.

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