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Princípios na lata do lixo

No Observatório de Imprensa (OI), Alberto Bines escreveu: “…a profissão de jornalista não existe, foi sumariamente extinta, declarada nula pela lamentável ligeireza do sumo-magistrado Gilmar Mendes”.

“No relatório sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, Gilmar Mendes escreveu que a profissão de jornalista é semelhante à de cozinheiro, e qualquer um pode cozinhar bem”.

“A Folha, seus parceiros e as corporações de mídia, vibraram com a apocalíptica ignorância em matéria de história do então presidente do Supremo Tribunal Federal”.

“Se a profissão não existe, para que perder tempo com seus princípios deontológicos e éticos?”

“Às favas com escrúpulos, viva a confusão entre jornalismo e publicidade!

“Viva o jornalismo sem jornalistas – porque é disto que se trata. Esta é a fantasia de uma indústria que já foi instituição e hoje vive profundas crises de identidade toda vez que Steve Jobs inventa novo gadget”.

Só a título de informação, deontologia (do grego δέον, translit. deon “dever, obrigação” + λόγος, logos, “ciência”), na filosofia moral contemporânea, é uma das teorias normativas segundo as quais as escolhas são moralmente necessárias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-se entre as teorias morais que orientam nossas escolhas sobre o que deve ser feito.

O termo foi introduzido em 1834, por Jeremy Bentham, para referir-se ao ramo da ética cujo objeto de estudo são os fundamentos do dever e as normas morais. É conhecida também sob o nome de “Teoria do Dever”. É um dos dois ramos principais da Ética Normativa, juntamente com a axiologia.

Pode-se falar, também, de uma deontologia aplicada, caso em que já não se está diante de uma ética normativa, mas sim descritiva e inclusive prescritiva. Tal é o caso da chamada “Deontologia Profissional”.

A deontologia em Kant fundamenta-se em dois conceitos que lhe dão sustentação: a razão prática e a liberdade. Agir por dever é o modo de conferir à ação o valor moral; por sua vez, a perfeição moral só pode ser atingida por uma vontade livre. O imperativo categórico no domínio da moralidade é a forma racional do “dever-ser”, determinando a vontade submetida à obrigação. O predicado “obrigatório” da perspectiva deontológica, designa na visão moral o “respeito de si”.

A deontologia também se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta — os deveres — inerentes a uma determinada profissão Assim, cada profissional está sujeito a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão, conforme o Código de Ética de sua categoria. Neste caso, é o conjunto codificado das obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área, no exercício de sua profissão. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não exatamente a qualidade moral mas a correção de suas intenções e ações, em relação a direitos, deveres ou princípios, nas relações entre a profissão e a sociedade.

Diante do exposto, digo que resta ainda, como último fôlego a proteger os princípios éticos e deontológicos do jornalismo, o registro da profissão no Ministério do Trabalho. Liberdade de opinião é uma coisa bem diferente da atividade profissional de informar. Requer responsabilidade, enquanto o jornalismo requer príncípios éticos e deontológicos da profissão, mas ambos são comumente confundidos e estão sujeitos à responsabilidade legais.

 Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também define-se o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais. Jornalismo é uma atividade de Comunicação. No entanto, é comumente confundida (a liberdade de expressão),

A atividade primária do Jornalismo é a observação e descrição de eventos, conhecida como reportagem

  • “O quê” – o fato ocorrido
  • “Quem” – o personagem envolvido
  • “Onde” – o local do fato
  • “Quando” – o momento do fato
  • “Porquê” – a causa do fato
  • “Como” – o modo como o fato ocorreu

A essência do Jornalismo, entretanto, é a seleção e organização das informações no produto final (jornal, revista, programa de TV etc.), chamada de edição.

O trabalho jornalístico consiste em captação e tratamento escrito, oral, visual ou gráfico, da informação em qualquer uma de suas formas e variedades. O trabalho é normalmente dividido em quatro etapas distintas, cada qual com suas funções e particularidades: pauta, apuração, redação e edição.

  • A pauta é a seleção dos assuntos que serão abordados. É a etapa de escolha sobre quais indícios ou sugestões devem ser considerados para a publicação final.
  • A apuração é o processo de averiguar informação em estado bruto (dados, nomes, números etc.). A apuração é feita com documentos e pessoas que fornecem informações, chamadas de fontes. A interação de jornalistas com suas fontes envolve freqüentemente questões de confidencialidade.
  • A redação é o tratamento das informações apuradas em forma de texto verbal. Pode resultar num texto para ser impresso (em jornais, revistas e sites) ou lido em voz alta (no rádio, na TV e no cinema).
  • A edição é a finalização do material redigido em produto de comunicação, hierarquizando e coordenando o conteúdo de informações na forma final em que será apresentado. Muitas vezes, é a edição que confere sentido geral às informações coletadas nas etapas anteriores. No jornalismo impresso (jornais e revistas), a edição consiste em revisar e cortar textos de acordo com o espaço de impressão pré-definido. A diagramação é a disposição gráfica do conteúdo e faz parte da edição de impressos. No radiojornalismo, editar significa cortar e justapor trechos sonoros junto a textos de locução, o que no telejornalismo ganha o adicional da edição de imagens em movimento.

Estas três mídias citadas têm limites de espaço e tempo pré-definidos para o conteúdo, o que impõe restrições à edição. No chamado webjornalismo, ciberjornalismo ou “jornalismo online“, estes limites teoricamente não existem.

A inexistência destes limites começa pela potencialidade da interação no jornalismo online, o que provoca um borramento entre as fronteiras que separam os papéis do emissor e do receptor, anunciando a figura do interagente. Esta prática tem se difundido como “jornalismo open source”, ou o jornalismo de código aberto, onde informações são apuradas, redigidas e publicadas pela comunidade sem a obrigação de serem submetidas às rígidas rotinas de produção e às estruturas organizacionais das empresas de comunicação.

De acordo com a pesquisadora Catarina Moura, da Universidade da Beira Interior (Portugal), Jornalismo Open Source “implica, desde logo, permitir que várias pessoas (que não apenas os jornalistas) escrevam e, sem a castração da imparcialidade, dêem a sua opinião, impedindo assim a proliferação de um pensamento único, como o pode ser aquele difundido pela maioria dos jornais, cuja objectividade e imparcialidade são muitas vezes máscaras de um qualquer ponto de vista que serve interesses mais particulares que apenas o de informar com honestidade e isenção o público que os lê”. (artigo disponível em http://www.bocc.ubi.pt).

Este texto está por demais prolixo. Uma comparação com os princípios éticos e deontológicos do jornalismo com o que se pratica hoje na grande mídia seria até mais compreensível. Mas deixo aqui uma “moral da história” escrita em um artigo do jornalista Luiz Cláudio Cunha:

“O bom jornalismo não é aquele que produz boas respostas, mas aquele que faz as boas perguntas – e as perguntas são ainda melhores quando incomodam, quando importunam, quando constrangem, quando afligem os consolados e quando consolam os aflitos”.

 

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